Parlamento tripartido em França. Aliança de esquerda vence, extrema-direita em terceiro

Segunda volta das eleições legislativas trouxe surpresa nos resultados. Apontada à vitória, a União Nacional ficou-se pelo último lugar do pódio. Ensemble, movimento do Presidente Emmanuel Macron, resistiu e conseguiu o segundo lugar.

A aliança de esquerda Nova Frente Popular (NFP) venceu a segunda volta das eleições legislativas de domingo 7 de julho em França, sem maioria absoluta. Apontada à vitória pelas sondagens, a União Nacional, de Marine Le Pen e Jordan Bardella, não foi além do terceiro lugar.

Numa altura em que estão apenas três mandatos por atribuir, a NFP, coligação liderada por Jean-Luc Mélanchon, da França Insubmissa, ganhou com 32%. Conquista pelo menos deputados 181 dos 577 deputados da Assembleia Nacional.

Para alcançar a maioria absoluta são precisos 289 assentos no Parlamento de Paris.

Em segundo lugar, com 27%, ficou o Juntos (Ensemble). Esta aliança, que conta com o partido Renascimento, do Presidente Emmanuel Macron, garante pelo menos 166 deputados. Nas eleições legislativas de 2022, o Juntos tinha vencido com 237 assentos (37,7%).

Vencedora da primeira volta disputada na semana passada, a União Nacional, de extrema-direita, fica em terceiro lugar. Obtém 24,5% dos votos e pelo menos 143 mandatos.

Apesar de falhar o triunfo nestas legislativas, a União Nacional ganha 54 deputados em relação às eleições de 2022.

Os Republicanos, de direita, garantem 44 deputados, o equivalente a 7,6% dos votos nesta segunda volta das eleições legislativas antecipadas pelo Presidente Macron, após a vitória da extrema-direita nas eleições europeias de 9 de junho.

Cenários pós-eleitorais num Parlamento tripartido

No atual cenário, em que nenhum partido alcançou a maioria absoluta, colocam-se várias hipóteses em cima da mesa.

A Nova Frente Popular pode tentar formar um entendimento com alguns deputados e formar um Governo.

Se não conseguir, uma outra coligação pode emergir, entre o campo centrista do Presidente Macron e os Republicanos, de direita.

Para entender a complexidade desta situação é necessário notar que em França vigora um sistema semipresidencial, em que o Presidente é também chefe de Governo e divide essa função com o primeiro-ministro. Quando são de partidos diferentes, têm de “coabitar”, ou seja, chegar a consensos.

O líder da Nova Frente Popular, Jean-Luc Mélenchon desafia Emmanuel Macron a “deixar a Nova Frente Popular governar”.

No discurso da vitória na segunda volta das legislativas francesas, Mélenchon, líder do partido França Insubmissa, clarificou que “nenhum arranjo será aceitável” e que a Nova Frente Popular tenciona implementar “todo o seu programa e não uma parte dele”.

O Presidente francês, Emmanuel Macron pede “cautela” perante os resultados da segunda volta das eleições legislativas francesas.

Fonte do staff presidencial francês, citada pelo jornal Le Figaro, refere que Macron quer “saber quem pode ser responsável pela formação de governo e congratula-se com o facto de o bloco central estar muito vivo depois de sete anos no poder”.

“Prudência e análise dos resultados: a questão é quem vai governar a partir de agora e alcançar a maioria”, sublinha fonte do Eliseu.

(inf: Rádio Renascença)