Bispo do Porto associa-se à celebração do “Dia da Consciência”

A 17 de junho de 1940, quase no início da II guerra mundial, o Cônsul português em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes, começou a distribuir passaportes aos judeus para que estes fugissem de França, pois havia começado o processo de deportação para os campos de concentração e consequente extermínio: o «holocausto». O Governo português da altura opôs-se firmemente, mas ele continuou a fazer isso. Seria destituído das funções, o que causou imensas dificuldades económicas à sua numerosa, vindo a morrer pobre.

Esta data é pretexto para celebrar a fidelidade à consciência e o chamado “Dia da Consciência”. E esta, para os cristãos, é determinante para a dignidade de atuação, como refere o Concílio Vaticano II: “ No fundo da própria consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faze isto, evita aquilo” (OT 16).

Seguir a consciência traz consequências, como no caso de Aristides. Mas constitui a expressão da dignidade pessoal de não se deixar vergar à prepotência de quem quer que seja. Foi por obediência à consciência que os mártires se deixaram matar. É na fidelidade à consciência que muitos profissionais se recusam praticar ações que lhe repugnam, tais como executar a pena de morte, abater populações indefesas ou soldados que se renderam, praticar a eutanásia, cometer aborto, etc.

D. Manuel Linda pede aos sacerdotes e catequistas que também eles se associem a esta celebração, insistindo continuamente neste tema da liberdade de consciência, base dos direitos humanos e “sacrário no qual o homem se encontra a sós com Deus”.