Celebrar debaixo duma grande árvore

Por Joaquim Armindo

“Como se pode verificar nestes dias de partilha, as paróquias, onde realizais o vosso ministério, encontram-se em contextos muito diversos: desde paróquias situadas nas periferias das grandes cidades – conheci-as por experiência direta em Buenos Aires – até paróquias vastas como províncias nas regiões menos densamente povoadas; desde as localizadas nos centros urbanos de muitos países europeus, onde antigas basílicas acolhem comunidades cada vez mais pequenas e envelhecidas, até àquelas onde se celebra debaixo duma grande árvore, misturando-se o canto dos pássaros com as vozes de tantas crianças.”, esta uma das afirmações do bispo de Roma e papa Francisco proferidas durante a realização de uma reunião com 300 párocos, para preparar a sessão do sínodo de outubro. Curioso este detalhe da análise do que se está a passar nos países europeus, donde destacamos o nosso país, “comunidades cada vez mais pequenas e envelhecidas”, nas grandes “basílicas” e nas nossas paróquias e o contraste das celebrações “debaixo de uma grande árvore, misturando-se com “o canto dos pássaros com as vozes de tantas crianças”. E dá que pensar, em cada paróquia, seja uma comunidade ou não, se ouvem o canto do Espírito do Senhor, chamando-as a uma atividade evangelizadora do “sair” para “debaixo de uma árvore grande” ao “som dos pássaros”.

E continua a sua alocução dizendo aos párocos presentes que: “Jamais nos tornaremos uma Igreja sinodal missionária, se as comunidades paroquiais não fizerem, da participação de todos os batizados na única missão de anunciar o Evangelho, o traço caraterístico da sua vida. Se as paróquias não forem sinodais e missionárias, também a Igreja não o será.” Leio daqui que as paróquias são o primeiro toque para uma “Igreja sinodal missionária” que possuem a “missão de anunciar o Evangelho” e que “é preciso que as comunidades paroquiais se tornem cada vez mais lugares donde partem como discípulos missionários os batizados e aonde regressam, cheios de alegria, para partilhar as maravilhas operadas pelo Senhor através do seu testemunho”. Mas para tudo isso, agora digo eu, se concretizar é necessária uma “conversão” dos párocos e agora alargo a todos os presbíteros e diáconos, de que não são eles o polo primeiro da comunidade paroquial, também não é sem eles, mas com todos, e este “todos” são mesmo “todos”, não há nenhum para colocar de lado, para seguirmos “experimentando a alegria duma genuína paternidade que não sufoca nos outros, homens e mulheres, suas muitas potencialidades preciosas, antes fá-las sobressair.”

Todo o texto de Francisco é de suscitar uma reflexão profunda nas comunidades cristãs e não o colocar numa gaveta como, aliás, se tem feito com tantos documentos. “Sinodal” nunca foi sinónimo do “poder”, antes de um “não-poder”. Motiva “discussão”, pois motiva, já motivava nos primeiros cristãs e cristãos.