Bem viver dos povos: ações transformadoras

Por Joaquim Armindo

Teve lugar em Brasília, uma Semana Social, mobilizada pela Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na semana passada. Esta semana que teve por lema “Mutirão pela Vida, Terra, Teto e Trabalho” [Mutirão é uma mobilização coletiva que visa uma certa tarefa e garantir auxílio], onde se apresentam coletivamente organizações como Igrejas Cristãs, Inter-religiosas, Movimentos Populares, Associações, Sindicatos e Entidades de Ensino, sempre numa pluralidade cultural e étnica do povo brasileiro; os debates, também, são alargados às questões politicas, sociais, económicas, ambientais, culturais, numa ação de justiça social e paz. Tendo por base “O Brasil que queremos: o Bem Viver dos Povos” deseja ser uma ação de sensibilização da sociedade, “mobilizar e articular forças sociais, fortalecer e multiplicar as lutas por direitos para desencadear novas formas de organização popular em torno do desafio/apelo/exigência maior de nosso tempo: “nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem dignidade que provém do trabalho”, como o papa Francisco refere”. A Semana Social começou por lamentar as campanhas absurdas contra alguns cristãos – incluindo bispos e padres – que possuem a coragem de ser “expressão emblemática da presença da Igreja junto aos pobres e marginalizados, que também têm sido perseguidos pelas ações dessa rede de ódio e difamação; e a todos e todas que corajosamente emprestam sua voz a serviço das pessoas que vivem em situação de opressão e violações de direitos fundamentais, bem como na defesa da Casa Comum.”

Nas dimensões em reflexão à questão “Teto” consideraram os participantes a “necessidade de formação das lideranças populares para serem protagonistas em seus direitos. (…) A maior presença da Igreja com a população da cidade, lembrando, em especial, das periferias e favelas, foi observada pelos participantes.”, na componente “Terra” é “encarada a partir do desenvolvimento da economia social e entendida, no contexto atual, como mercadoria num projeto económico, foi refletida na constatação da ausência de discussão da crise hídrica, biomas, energia, mineração e saneamento básico.”. No “Trabalho” “a necessidade da erradicação do trabalho infantil e dos trabalhadores que se expõem aos diversos riscos. A Inteligência Artificial (AI), enquanto supressão do trabalho humano, integrou a discussão que também englobou a seguridade de postos de trabalho para jovens e migrantes.”, na “Soberania e Democracia” a “inclusão das juventudes negras periféricas nos direitos dos povos e comunidades tradicionais; na situação das pessoas idosas em vulnerabilidade e dos que estão privados de liberdade.”

A semana, que ainda decorre, no momento em que escrevo, recebeu uma carta do papa Francisco, que apela a “uma nova economia, mais solidária, e a revitalização dos valores democráticos que auxiliam a construir uma sociedade onde haja verdadeira participação popular nos processos decisórios da Nação.”

 

Os representantes dos grupos de trabalho

Fonte: https://ssb.org.br/noticias/plenaria-e-construcao-de-projeto-popular-compoem-agenda-do-mutirao-nacional/.