A Caminho do Jubileu – O ano da oração

Por D. Joaquim Dionísio, bispo auxiliar do Porto

O Jubileu que a Igreja se prepara para viver em 2025 começa a ser assunto, nomeadamente a propósito das diferentes iniciativas que o vão preencher. E ainda bem! É sinal de que estamos atentos, em comunhão e com vontade de participar.

Aproveitamos para recordar que o ano jubilar terá como tema “Peregrinos de Esperança” e o seu início está previsto para dezembro, quando o Papa abrir a Porta Santa da basílica de S. Pedro.

E se a vontade de articular e calendarizar iniciativas com vista à promoção do acontecimento eclesial e à participação alargada é de louvar, a verdade é que já fomos convidados para a etapa preparatória, para que o “Ano Santo possa ser preparado e celebrado com fé́ intensa, esperança viva e caridade operosa” (Carta ao Card. Rino Fisichella).

Ano da Oração

Por indicação do Papa Francisco, 2024 deve ser um Ano de Oração. Mais do que um ano de iniciativas ou eventos, tratar-se-á de redescobrir o valor da oração, a sua necessidade quotidiana, o como rezar ou o como educar para a oração. Há subsídios para ajudar nesta caminhada, como as 38 catequeses proferidas pelo Papa sobre este tema ou o já aparecido guia pastoral, intitulado “Ensina-nos a rezar – viver o Ano da Oração em preparação para o Jubileu 2025”.

O Ano da Oração, cujo início coincidiu com o Domingo da Palavra de Deus (21 de janeiro), já havia sido anunciado em 11 de fevereiro de 2022, quando o Papa escreveu ao responsável do Dicastério para a Evangelização, manifestando a sua alegria por ver o Jubileu ser antecedido por um tempo “consagrado a uma grande ‘sinfonia’ de oração”, propício para reencontrar o desejo de estar em presença do Senhor, de O escutar e de O adorar.

A proposta papal sobre a oração poderá ser uma oportunidade para repensar e reforçar opções e práticas, mas também para convidar e propor: destacar o tema, proporcionar momentos comunitários e incentivar à sua prática pessoal e familiar. E se é verdade que à nossa volta não faltam bons exemplos e diversificadas propostas de oração, também é verdade que há sempre algo mais que se pode propor e concretizar com vista à promoção e centralidade da oração individual e comunitária.

Respiro da fé

Na sua primeira Catequese dedicada à oração (06 de maio de 2020), o Papa Francisco apresenta-nos a oração como o “respiro da fé”, como “um grito que sai do coração de quem crê e se confia a Deus”. E apresenta o cego Bartimeu (Mc 10, 46-52) como exemplo daquele que reza, que grita e não cessa de clamar: “Jesus, tem compaixão de mim!”. Porque precisa e porque confia. Manifesta o seu desejo ao Senhor e é atendido, apesar dos apelos alheios a que se calasse. A sua perseverança permitiu-lhe alcançar o que queria.

Neste diálogo que caracteriza a oração, o crente confia e confia-se, disponibilizando-se para cooperar e comprometendo-se a “gastar” os dons recebidos. Porque rezar não dispensa de agir. Na oração, com confiança, endereçamos a Deus tudo quanto nos ocupa e preocupa, para que Ele tudo modele segundo a Sua vontade.