Cáritas: “Murro no estômago hoje é o emprego já não ser garantia de fuga à pobreza”

Rita Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa, assinala semana nacional da organização católica, falando em políticas sociais desadequadas à realidade

A presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas, afirmou que a situação de pobreza se tem vindo a agravar, no país, sem poupar a população que se encontra empregada.

“Eu diria que o murro no estômago hoje é o emprego já não ser garantia de fuga à pobreza. E isso, do ponto de vista político, é muito exigente e devia ser prioridade”, sustenta Rita Valadas, convidada da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença.

A Cáritas assinala de 25 de fevereiro a 3 de março a sua Semana Nacional 2024, com o tema “Cáritas, O Amor que Transforma”.

Para a presidente da organização católica, no atual cenário de campanha eleitoral, “o emprego digno e o salário justo são duas coisas que não podem estar fora do panorama da discussão de políticas e da política”.

Integrada nesta Semana Nacional está a apresentação do estudo “Pobreza e exclusão social em Portugal: uma visão da Cáritas”. “Estamos a tentar encontrar formas de tornar visível muitos dados que nós não temos vindo a saber pôr em cima da mesa, e trazê-los para a discussão”, indica Rita Valadas.

Na introdução a este estudo pode ler-se que “entre 2019 e 2023, não se observaram progressos significativos no combate à pobreza mais extrema em Portugal” e, “em várias dimensões, a situação até se deteriorou”.

A rede nacional da Cáritas dá resposta a mais de 120 mil atendimentos e desenvolve um trabalho alargado de proximidade, através da implementação de respostas sociais.

“É impossível nós olharmos para a realidade portuguesa e não vermos, não ouvirmos aquilo que nos vem do território, que é uma situação muito complexa. Não há melhorias”, lamenta Rita Valadas.

A entrevistada considera que as políticas sociais estão “desadequadas à realidade” e devem envolver “as pessoas em situação de crise”, para que se possa “investir na inclusão e não estar permanente em emergência”.

“Temos de encontrar soluções de inclusão para além das situações de emergência”, insiste.

A responsável assume ainda a preocupação com as populações estrangeiras, a quem são oferecidos, neste momento, “43% dos apoios” do programa “Inverter a curva da pobreza”.

“A pressão é enorme, ao nível de todo o território”, assume.

Durante a Semana Cáritas decorre o peditório nacional, que se faz de modo presencial e online, tendo Rita Valadas deixado o convite a contribuir, “seja qual for o valor”.

“A soma de todos juntos é que faz a diferença”, indica.

A presidente da Cáritas Portuguesa assume a preocupação com uma “crise de esperança”, cuja superação exige “a participação de todos, muito próxima”.

(inf: Rádio Renascença e Agência Ecclesia)