Por Joaquim Armindo
“O processo de globalização, que demonstrou claramente a interdependência das nações e dos povos do mundo, tem também uma dimensão fundamentalmente moral, que deve ser sentida nos debates económicos, culturais, políticos e religiosos que visam moldar o futuro da comunidade internacional.”, esta uma das frases da mensagem do bispo de Roma e papa Francisco, ao “Fórum Económico Mundial” ( o Fórum Económico Mundial e uma Organização Internacional para a Cooperação Público -Privada, que requer um trabalho para melhorar o estado do mundo), reunido em Davos, na semana passada. Curiosamente, e lendo todas as intervenções realizadas neste Fórum nenhuma fala nos “debates culturais” que são âncora transversal a todos os problemas económicos, políticos, sociais e ambientais. Isto para não falar nos “religiosos”, que, quanto penso, deve tratar-se de uma alusão à “espiritualidade”, uma das principais raízes para o melhorar o mundo e as comunidades. Mas vamos à primeira questão que fala Francisco o debate sobre as questões culturais, porque sem tal não existe desenvolvimento algum, até pode existir “crescimento” o que não é de modo algum “desenvolvimento”. É impressionante como todos os políticos de carreira e economistas traduzem um “mundo, melhor” com “crescimento” e nunca falam em “desenvolvimento”, como, para mim, os problemas de um país ou do nosso planeta se resumam a questões económicas e, por isso, são os ministros da economia ou finanças a apresentar as soluções, e nunca os ministros ou responsáveis pela cultura.
Mas diz mais o papa: “A paz pela qual os povos do nosso mundo anseiam só pode ser fruto da justiça (Isaías 32, 17). Por conseguinte, não se trata apenas de pôr de lado os instrumentos de guerra, mas de enfrentar as injustiças que estão na raiz dos conflitos. Entre as mais significativas conta-se a fome, que continua a assolar regiões inteiras do mundo, enquanto outras são marcadas por um excessivo desperdício de alimentos. A exploração dos recursos naturais continua a enriquecer alguns, deixando populações inteiras, beneficiárias naturais de tais recursos, em condições de miséria e pobreza. Também não podemos ignorar a exploração generalizada de homens, mulheres e crianças, obrigados a trabalhar por salários baixos e privados de perspetivas reais de desenvolvimento pessoal e profissional. Como é possível que, no mundo de hoje, ainda haja pessoas que morrem de fome, são exploradas, condenadas ao analfabetismo, sem cuidados médicos básicos, sem abrigo? Como é possível que no mundo de hoje as pessoas morram nas sombras, sejam exploradas, condenadas ao analfabetismo, necessitem de cuidados médicos básicos e solicitem sem tecnologia?”.
Uma boa intervenção de Francisco, a que nos vem habituando, especialmente a introduzir as questões culturais e espirituais, primícias do desenvolvimento dos povos e salvaguarda dos seus patrimónios, mas que alguns nem sequer refletem, ou pretensiosamente se colocam no “contra”, como vamos vendo e lendo principalmente no “venturismo” que por aí passa.