Quando os jovens nos dão música…

Por João Alves Dias

Foi no ‘Dia de Reis’. A Sala Suggia, da Casa da Música, encheu-se para o ‘Concerto de Reis’ da Academia de Música de Costa Cabral.

A ‘Orquestra Sinfónica’, com alunos dos ‘cursos profissionais de nível secundário’, iniciou o concerto com o ‘Lago dos Cisnes’, de Ilitch Tchaikovsk.

Eram 92 jovens instrumentistas (Flauta, Oboé, Clarinete, Fagote, Saxofone, Trompa, Trompete, Tuba, Percussão, Violino I e II, Viola, Violoncelo, Contrabaixo, Piano, Harpa), dirigidos também por um jovem, Tiago Moreira da Silva, e coreografados por duas jovens bailarinas.

Foi um momento de rara beleza onde a frescura dos rostos se harmonizava com o esmero da postura e a mestria da interpretação. Então, surgiu-me a exclamação: – Assim, é bom que os jovens nos deem música!…

De seguida, a mesma orquestra, o coro da Academia (com cerca de 200 vozes da Iniciação e dos cursos básicos em regime integrado do 5.º ao 9.º ano) e o grupo de teatro ofereceram-nos, em interação, ‘Um conto de Natal’, numa adaptação do livro homónimo de Charles Dickens (1812-1870), um dos mais conhecidos contos da humanidade e, certamente, o mais representado conto de Natal.

Em síntese…

Para o protagonista (Scrooge), “dono dum coração duro” que só pensava em negócios, o Natal era uma pura perda de tempo. Porém, na véspera de Natal recebeu a visita do fantasma do seu velho sócio, Marley, que lhe anunciou a chegada de três espíritos que o fariam refletir sobre o seu comportamento.

O Espírito do Natal Passado fá-lo peregrinar pelos tempos vividos o que o leva a pedir: – “Espírito, não me mostres mais nada. Não me tortures mais”. O Espírito responde:

– “Mostrei-te apenas o que aconteceu. Não podemos mudar o que foi feito.”

O Espírito do Natal Presente condu-lo a “uma ceia partilhada com cordialidade” onde se respira alegria e felicidade. No final, o sobrinho diz: “Vamos fazer um brinde à saúde do tio Srcooge! Apesar de ele não ter querido aceitar os meus votos, desejo um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!”.

O Espírito do Natal do Futuro é acolhido por Scrooge com as palavras: – “Receio-te mais que os outros espíritos. Mas sei que pretendes o meu bem e esperando viver daqui em diante com um homem diferente, estou preparado para te acompanhar a transbordar de gratidão”.

O Espírito condu-lo para um outro palco onde ele assiste ao que acontece a um homem “antipático e avarento”, após a morte, e o que sucede aos seus bens.

E tais coisas viu que, logo, pergunta:

– “Espírito, diz-me que é assim que acontece com tudo o que me tens mostrado?  Era eu o homem que morreu? Eu vou mudar!

Espírito, ouve-me. Já não sou o homem que era! Não serei o homem que teria sido sem a tua intervenção.

Bondoso Espírito, intercede por mim! Garante-me que, mudando de vida, poderei alterar estas imagens que me mostraste.”

E promete:

– “Honrarei o Natal do fundo do coração e celebrá-lo-ei, todo o ano. Não esquecerei o que aprendi esta noite”.

Será que mudou realmente?, interroga o narrador…

O Coro canta “NOITE FELIZ”.

Scrooge acorda e diz: – “Estou vivo! Estou vivo! Nem sei o que faço. Sinto-me leve que nem uma pena, feliz como um anjo e alegre como um estudante em férias!”

No final, o narrador informou:

– “Tornou-se um bom amigo, um bom patrão, um bom homem. Passou a viver sempre segundo os princípios de uma verdadeira caridade cristã. Ao ponto de poder afirmar-se que não havia pessoa que festejasse melhor e com mais entusiasmo o Natal.

E formulou um voto:

– “Oxalá se consiga dizer o mesmo de vós, de mim, de todos nós.

E para findar, como dizia o pequeno Tim: “Deus nos abençoe a todos! Um Feliz Natal!”

E foi em festa que tudo terminou, com a assistência, de pé e em uníssono com o Coro, a cantar: ‘A TODOS UM BOM NATAL’.

As palmas encheram a Casa da Música. Um sorriso de gratidão iluminou a sala e brilhou em todos os rostos… E, no palco, instrumentistas, cantores e atores agradeciam e partilhavam felicidade.

Louvor também para os seus mestres!

Como é bom quando os jovens assim nos presenteiam!…