Por Joaquim Armindo
No capítulo referente aos “bispos”, no documento que é proposto à reflexão dos fiéis – sempre em estilo sinodal, ou seja, na reflexão de onde brota o Espírito do Senhor, Povo Santo de Deus -, emergem algumas “convergências”, “propostas” e “questões”, quanto ao meu parecer deverão ser colocadas ao coletivo de “todos, todos, todos”, e não só a uma parte, embora importante, de especialistas nas várias matérias. Uma delas, verdadeira e que todos sentem é a que vem assim escrita: “Muitas vezes, as expectativas em relação ao bispo são muito altas, e muitos bispos lamentam-se de uma sobrecarga de compromissos administrativos e jurídicos, que torna difícil a plena realização da sua missão. Também o bispo deve ter em conta a sua própria fragilidade e os seus próprios limites e nem sempre encontra apoio humano e espiritual. Não é rara a experiência sofrida de certa solidão. Por isso mesmo, é importante, por um lado, voltar a trazer para o centro das atenções os aspetos essenciais da missão do bispo e, por outro lado, cultivar uma autêntica fraternidade entre os bispos e com o presbitério.” Eu diria, não só com o seu presbitério, mas com todos e todas que fazem parte da diocese, assim o Povo de Deus é corresponsável pela “missão” de que o bispo é o principal agente. Mas é assim, aos bispos, presbíteros e diáconos são exigidas certas funções que podem ser executadas por outros, nomeadamente essa “sobrecarga de compromissos administrativos e jurídicos”, sem limites, e também, o é, que alguns necessitam disso para o exercício dos seus poderes, esquecendo-se do fundamental o serviço à comunidade diocesana e à missão, como nos ensinam as próprias Escrituras nas figuras de Pedro, Paulo e Tiago e todos/as os/as outros/as. Deixem-me dizer que o trabalho administrativo e jurídico, até de mestre de obras, é de tal modo absorvente que tantas vezes devem ter pouco tempo para rezar. Não levem a mal!
Outro assunto que não deixa de ser mais preocupante é quanto aos “critérios de seleção dos candidatos ao episcopado”, como refere o documento nas “questões a aprofundar”, onde é referido que: “A Assembleia pede que se verifiquem os critérios de seleção dos candidatos ao episcopado, equilibrando a autoridade do Núncio Apostólico com a participação da Conferência Episcopal. Pede-se também para ampliar a consulta do Povo de Deus, escutando um maior número de leigos e leigas, consagradas e consagrados e tendo o cuidado de evitar pressões inoportunas.” Como tal se levará à prática eu não tenho soluções, por isso será necessário repensar bem esta questão para que os bispos sejam expressão concreta do Povo de Deus.
Mas se nas “convergências” ninguém coloca em questão que o bispo é “na sua Igreja, o primeiro responsável pelo anúncio do Evangelho e pela liturgia.” e o “princípio visível da comunidade”, ele deverá ser a principal figura da realização da “sinodalidade”, do “testemunho” e da “missão”, que o Senhor deu à sua Igreja.