Preparar o Advento ?

Por Secretariado Diocesano da Liturgia

O Advento é a chegada ou a espera ou a preparação. Na primeira parte, desde o primeiro domingo (neste ano a 3 de dezembro) até ao dia 16, tem uma cor marcadamente escatológica, projetando-nos na espera da última vinda do Senhor no fim dos tempos. Deste modo, esta qualidade permanente e esta virtude da esperança cristãs, purificam-se e são exercidas. Os prefácios resumem admiravelmente a espiritualidade típica deste tempo: o I e o I-A falam das duas vindas de Cristo e de Cristo, Senhor e Juiz da História. Finalmente, na segunda parte, a partir do dia 17, na chamada semana santa” do Natal (que neste ano abarca o terceiro e quarto domingo), os nossos sentidos são orientados, pela liturgia, para a preparação imediata do Natal, a qual é reforçada pelos prefácios II e II-A: a dupla expectativa de Cristo e Maria, nova Eva.

Depois de longo tempo comum, o Advento chega com uma nova e rica mensagem. Esta alteração do ritmo ordinário não deixa de ser agradável e esperada, não só quebrando o fastidioso curso, mas injetando-lhe um novo impulso e espiritualidade.

Mas preparar o Advento? Sim e não. Pois que este tempo já é por si e em si a preparação de uma Vinda. Ele é a Preparação: “Preparai os caminhos do Senhor”. Preparar a preparação? Mas, para que o seja, eficazmente hoje, nas comunidades, alguns devê-lo-ão antecipar e, prepará-lo cuidadosamente: padres e diáconos, acólitos, leitores, coro e cantores, sacristão, zeladoras, etc…

Primeiramente, a equipa paroquial de liturgia reunir-se-á para programar o Advento: apontará as principais linhas de ação e atribuirá tarefas concretas. Terá em conta a proposta da caminhada diocesana e procurará harmonizá-la de forma fiel e criativa com o programa constante do Missal e da Liturgia das Horas. Considerará que a sua principal tarefa será conseguir que toda a comunidade atinja aquela atitude espiritual de espera e esperança proposta pelo Advento e que deverá desembocar, de forma natural, na vivência jubilosa do Natal e da Epifania. Depois, cada grupo procurará concretizar, no seu próprio âmbito, o que foi proposto a nível paroquial.

Um elemento significativo será a Coroa de Advento a sugerir quer nas igrejas, quer nas casas. Deverá ser colocada num lugar bem visível na igreja e, nas casas, numa sala que concite a família para a reunião de oração. Há outros elementos significativos que podem ser utilizados: uma imagem da Virgem com o Menino, uma imagem de João Baptista, um presépio que lentamente se vai construindo ao longo do Advento e que só no Natal ficará completo. Neste ano, atendendo à proposta diocesana, a árvore de Natal poderá associar-se a esse presépio e pode ser adornada também de forma progressiva e criativa, assinalando o caminhar das famílias, grupos e comunidades que se mobilizam para ir ao encontro do Senhor por caminhos de justiça e de fraternidade. Convém, entretanto não multiplicar símbolos e imagens, pois que acabam por criar dispersão (ruído), neutralizando-se mutuamente.

Os leitores terão na devida conta de que, com o Advento, se inicia um novo ciclo de leituras: o Ano B. Não será inoportuno que o grupo se reúna previamente para o estudo das grandes linhas do Evangelho do ano (São Marcos) e das particularidades do Lecionário neste tempo.

O Coro terá um trabalho aturado para preparar o canto e precisa, sem dúvida, de grandes vésperas. Com o fim do Tempo Comum e a entrada do Advento há uma mudança completa de repertório. Talvez seja necessário ir preparando, mesmo durante os últimos domingos do Tempo Comum, alguns cânticos com a Assembleia. O Cantoral Nacional dedica mais de uma página dos seus índices (pp. 1063s) a cânticos para o Advento. E os Coros têm outras publicações onde haurir repertórios, nomeadamente para cânticos a várias vozes.

O Senhor que veio a primeira vez na humildade do presépio e que virá novamente como Juiz e Senhor universal, vem quotidianamente e faz-nos sentir a sua presença de múltiplos modos. Mas de uma forma mais densa e enriquecedora na celebração litúrgica. Preparemos a celebração do Advento para viver em Advento na alegria desta vinda e desta esperança.