O Sorriso – Centelha do Divino – II

Por João Alves Dias

(Continuação do número anterior)

Não há dúvida: Jesus sorriu. Quem o afirma é o Papa Francisco:

“Ao olharmos para um recém-nascido somos levados a sorrir para ele, e se também no seu pequeno rosto desabrocha um sorriso então sentimos uma emoção simples, ingénua. O menino responde ao nosso olhar, mas o seu é um sorriso muito mais ‘poderoso’. (…)

Isso aconteceu de uma forma única entre Maria, José e Jesus. A Virgem e o seu esposo, com o seu amor, fizeram brotar o sorriso nos lábios do seu filho recém-nascido” (A Alegria de um sorriso, pág. 9)

E, certamente, não foi apenas quando bebé…

Três meses são passados sobre as ‘Jornadas Mundiais da Juventude’

E eu pergunto:

–  O que ficou na nossa memória?

Certamente, aquele mar de gente que encheu o Parque Eduardo VII e o Parque Tejo: a alegria dos jovens sem garrafas de cerveja; o silêncio na ‘Adoração ao Santíssimo Sacramento’…

– O que resta em nós da presença do Papa Francisco?

Uma palavra? Uma frase?… Sem dúvida, a ideia da inclusão. Mas este é um tema fraturante porque, mais do que tolerância, exige respeito que, afirma Kant, o grande filósofo alemão, é a mais importante das virtudes.

Por isso, surgiram esclarecimentos quando a mensagem é bem simples: “Todos! Todos! Todos!”.

Há, no entanto, algo que tocou a todos: a ternura e a bondade do seu sorriso. Um sorriso que nos levava para além das palavras…Um sorriso que nos traz à mente as palavras de Jesus sobre Natanael: “Eis um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade (Jo 1,47)

A fotografia que ilustra este texto foi tirada no final do Encontro dos Voluntários, em Algés – o último ato público das ‘Jornadas’…

Já todos os discursos e homilias tinham sido feitos. Já se tinha despedido. Mas, a coroar, o Papa Francisco ainda nos quis brindar com este sorriso de bênção.

E, ao vê-lo, pensámos: Terá sido assim, com uma bênção e um sorriso, que Jesus se despediu dos discípulos e os enviou em missão: “Ide, fazei discípulos todos os povos… E eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos tempos” (Mt 28,19-20)

– Dos muitos testemunhos dos participantes, qual mais surpreendeu?

Para nós, foi a resposta dum jovem espanhol quando um repórter lhe perguntou porque era católico. – “Porque nos leva ao otimismo e a partilhar um sorriso em qualquer situação”.

Esta afirmação fez-nos lembrar o que o Papa Francisco escreveu: “Quando estamos na escuridão, nas dificuldades, não surge o sorriso. E é precisamente a esperança que nos ensina a sorrir para encontrarmos o caminho que nos leva a Deus. Uma das primeiras coisas que acontecem àqueles que se afastam de Deus é tornarem-se pessoas sem sorriso. Talvez sejam capazes de dar grandes risadas, umas atrás das outras, de fazer uma piada, de soltar uma gargalhada… mas falta o sorriso! Esse, só o dá a esperança: é o sorriso da esperança de encontrar Deus. (…) Assim, temos de saber ver na vida o caminho da esperança que nos leva a encontrar Deus que se fez Menino por nós. E far-nos-á sorrir, dar-nos-á tudo.” (Idem, pág. 45)

– E dos muitos comentários que correram no facebook?

Apraz-nos destacar o dum ministro da República:

“Como se pode não gostar de um Papa assim? Um Homem que apela a uma igreja (e a uma sociedade) de inclusão, resistindo a tantos que querem propalar divisões e ódios. Mesmo não sendo crente, devo dizer que me sinto muito orgulhoso da receção de Portugal ao Papa Francisco”.

À guisa de conclusão… Se o Papa Francisco, com a autoridade que lhe é devida, pôde afirmar que “Jesus é o sorriso de Deus, nós, na ousadia da nossa pequenez, atrevemo-nos a dizer: – ‘O Papa Francisco é o sorriso de Jesus’