
Diocese do Porto propõe uma Caminhada do Advento ao Batismo do Senhor. Voz Portucalense publica na íntegra texto da proposta diocesana de vivência deste tempo litúrgico
VAMOS COM ALEGRIA. VAMOS TODOS A BELÉM.
CAMINHADA DIOCESANA DO ADVENTO AO BATISMO DO SENHOR 2023-2024
A Equipa de Coordenação para o Triénio Pastoral oferece esta proposta a todos os diocesanos do Porto para que possamos caminhar juntos, como um só Corpo, no mesmo Espírito, fazendo, ao longo dos tempos litúrgicos que vão do Advento ao Batismo do Senhor, um caminho conjunto na alegria, na alegria messiânica, na alegria que vem do Senhor, na alegria suscitada pela Sua proximidade, pela Sua vinda.
Ao pensar e ao organizar esta Caminhada Diocesana procuramos manter e seguir esta tríplice sugestão que o Papa Francisco nos deixa a respeito da elaboração de uma homilia: que tenha uma ideia, uma imagem, um sentimento (cf. EG 157).
- Ideia: Vamos com alegria. Vamos todos a Belém
A ideia principal tem a ver com este desígnio sinodal de continuarmos a caminhar juntos, procurando, na diversidade de contextos eclesiais e pastorais, uma sintonia de propósitos e de metas. Propomos Belém, a cidade do Natal, como meta deste caminho. É precisamente essa a indicação dos Pastores, depois de receberem a notícia da grande alegria para todo o Povo. Eles disseram uns aos outros: “Vamos a Belém ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer” (Lc. 2,15).
Vamos, pois, a Belém, a cidade do Natal, na Palestina. E, depois, da Quaresma à Páscoa, subiremos juntos à cidade de Jerusalém. Ligamos estas duas caminhadas, em tempos fortes, pelo mesmo fio da alegria, tendo como metas estas duas cidades, lugares santos relativos aos mistérios centrais da nossa fé: a Encarnação e a Redenção.
No tempo do Advento ao Natal, ressoará, com veemência, nos nossos corações, o convite dos Pastores: «Vamos com alegria. Vamos todos a Belém». Este «todos» evoca-nos o desafio do Papa Francisco, para uma Igreja inclusiva, de portas abertas, onde todos os que nela queiram entrar encontrem um lugar: todos, todos, todos.
Por paralelismo, no tempo que vai da Quaresma à Páscoa, ressoará o convite de Jesus aos discípulos, logo depois do terceiro anúncio da Sua Paixão, Morte e Ressurreição: “Eis que subimos a Jerusalém” (Mt 20,18; Mc 10,33; Lc18,31). Pelo que a temática da proposta e Caminhada Diocesana para os tempos fortes da Quaresma à Páscoa será esta: “Vamos com alegria. Subamos juntos a Jerusalém”.
Belém e Jerusalém não são aqui, obviamente, lugares geográficos, da Palestina ou de Israel, mas lugares bíblicos, simbólicos, metas de peregrinação, lugares que estão hoje sob o fogo bélico e o foco mediático, no contexto da terrível guerra entre Israel e o Hamas.
A evocação destes lugares, nesta caminhada, é também uma forma de trazer ao nosso coração o desejo e a prece pela Paz na Terra Santa.
A este respeito, sugerimos que, junto do Presépio, se coloque alguma imagem, foto, mapa ou outro elemento identificativo, que sinalizem a cidade de Belém, atualmente em território sob a autoridade palestiniana.
- Uma Imagem: construir a árvore dos sorrisos
O logótipo deste ano pastoral foi atualizado, com um risco curvo na base, insinuando o esboço de um sorriso, de um smile. “O Natal é o sorriso de Deus dirigido aos homens, o sorriso do imenso mistério de Amor e de Alegria, que os anjos anunciaram na noite do nascimento de Jesus. Todos os anos, à medida que o Natal se aproxima, esse sorriso de Deus começa a insinuar-se no horizonte da nossa alma como um amanhecer que desponta” (Francisco Faus). Talvez se possa pensar na forma de fazer da árvore do presépio a árvore dos sorrisos. Cada gesto pessoal que faz sorrir alguém ilumina de alegria a árvore da vida. Por cada gesto, coloquemos na árvore do Presépio, da família, do grupo de catequese, da paróquia, um sorriso, muitos sorrisos (que podem ser testemunhados com fotos).
- Um sentimento: a alegria do Senhor
Completando o triénio pastoral, que nos conduziu à JMJ neste Ano Pastoral 2023/2024, somos desafiados a deixarmo-nos inspirar e contagiar pela alegria, pela exultação de João Batista, a dançar de regozijo no ventre de Isabel (cf. Lc 1,44): uma alegria provocada pelo encontro com Cristo vivo, uma alegria que necessariamente irradia e transborda, se renova e comunica (cf. EG 2-8). O próprio João Batista exclamará, mais tarde, a respeito da sua amizade com Cristo, o verdadeiro Esposo: «Esta é a minha alegria e tornou-se completa» (Jo 3,29). Por isso, o sentimento que marca o nosso caminhar juntos é o da alegria.
Interroga-se e interroga-nos o nosso Bispo “Que é a alegria, esse imenso valor não disponível no comércio? É um estado de alma em que a pessoa se sente bem, entusiasmada, bem-disposta, íntegra, não dividida contra si mesma ou contra os outros. É um sentimento no qual a vida resulta menos amarga e como que se não dá conta da dureza do solo que trilhamos. É a grande vacina contra aquele pessimismo que nos leva a considerar o tempo que nos é dado viver como um dos mais difíceis da história. O que é mentira e só gera sentimentos de angústia, dúvida e desespero. Na vida pessoal e na vida da Igreja” (PDP 2023-2024, Dom Manuel Linda, Pórtico).
- sugestões pastorais
O Advento, no presente ano pastoral de 2023-2024, é um tempo breve de apenas 3 semanas (o quarto domingo ocorre a 24 de dezembro). Mas este tempo breve, marcado pela alegria do Natal (uma alegria de cariz social e comercial, mas que queremos seja de pendor familiar e de matriz cristã), pelas festas, pelos encontros comensais de pessoas, grupos e famílias, oferece-nos também muitos e bons aliados para levar a cabo alguns objetivos e propostas do nosso Plano Diocesano Pastoral, que fazem da alegria e da festa uma marca distintiva.
Pelo seu enraizamento social e cultural, justamente pelo clima de alegria, em que decorrem, as festas natalícias, quase sempre antecipadas popularmente para o nosso tempo do Advento, oferecem-nos a oportunidade de potenciar e ativar a dimensão celebrativa, festiva e jovial da fé. Tradição e novidade, costume e criatividade, podem caminhar juntos, no esforço de propor o encontro com Cristo, como fonte da verdadeira alegria, da alegria completa.
Estes dias permitem-nos promover, no seio das comunidades cristãs e na sua relação com o meio envolvente, uma cultura do encontro, da festa, da convivialidade, da familiaridade, da interação entre pessoas, grupos, movimentos e associações eclesiais e locais, alargando o espaço da nossa tenda (cf. Is 54,2), em parceria com as instituições locais, abrindo as portas dos nossos centros paroquiais e sociais e das nossas Igrejas.
A alegria genuína das festas e de outras manifestações da religiosidade popular, tão ligadas a este tempo, deve ser promovida e purificada, porque desenvolve a identidade comunitária (ninguém festeja sozinho), ativa a partilha e a generosidade, concilia liberdade e norma, dá uma dimensão nova ao tempo e permite o retorno de cada um ao mais íntimo de si mesmo.
Deixamos, em concreto, algumas sugestões:
- Programar iniciativas de convivialidade, de festa, de partilha solidária, articulando-as com as iniciativas das escolas, das associações e instituições locais, do Banco Alimentar, entre outras.
- Aproveitar as tradições natalícias (por exemplo, a novena do Natal, a bênção das grávidas, a bênção do presépio, a bênção das crianças, o canto das janeiras e dos reis, o gesto de veneração ao Menino, a construção do presépio, os concertos musicais, as ceias de Natal), para valorizar a força evangelizadora da cultura e da piedade popular (cf. EG 122–126) e o seu papel de inclusão e de afirmação da identidade e do sentido de pertença a uma comunidade.
- Envolver, em tudo e sempre, os jovens, na organização e na participação destas iniciativas. Eles saberão dar um toque de novidade e criatividade aos costumes e às tradições locais.
- Sugerir aos jovens e/ou às famílias de acolhimento que elaborem uma breve oração para o Rito da coroa do Advento (acender progressivamente as 4 velas da coroa), que se recomenda para a celebração da Eucaristia e para a oração em Família. Este rito seja realizado nas celebrações no tempo do Advento com a participação de pessoas de diversas idades: crianças, adolescentes e jovens e adultos e idosos.
- Proporcionar a experiência da alegria do perdão, na celebração do Sacramento da Reconciliação, como preparação radical para o Natal.
- Propor uma ação pessoal e pastoral concretas. No ponto seguinte deixamos algumas sugestões, pessoais e pastorais, alocadas a uma determinada Semana, Domingo, Festa ou Solenidade. Obviamente, cada grupo ou comunidade eclesial fará a calendarização mais conveniente e a respetiva adaptação criativa, em função da sua realidade concreta.
- O caminho da alegria: do Advento ao Batismo do Senhor
Durante esta caminhada, iremos propor o caminho da alegria, a partir das sugestões e inspirações da Liturgia de cada Domingo, Solenidade ou Festa. Teremos oportunidade de propor, celebrar e viver a alegria, nas suas raízes e matizes, como nos recorda o PDP 2023-2024:
3 a 9/12 | 1.ª semana do Advento
Inclui Solenidade da Imaculada Conceição |
A alegria de uma espera: alegres na esperança. |
10 a 16/12 | 2.ª semana do Advento | A alegria de dar alegria: a alegria que nasce do serviço. |
17 a 23/12 | 3.ª semana do Advento | A alegria de evangelizar: a doce e reconfortante alegria. |
24/12 | 4.º domingo do Advento | A alegria do regresso a casa: a alegria das raízes. |
25/12 | Solenidade do Natal do Senhor | A alegria para todos tem um rosto: é Jesus. |
31/12 | Festa da Sagrada Família | A alegria do amor em família: o júbilo da Igreja. |
1/1 | Solenidade de Sta. Maria, Mãe de Deus | A alegria da Paz: o respiro do cristão. |
7/1 | Solenidade da Epifania do Senhor | A alegria de caminharmos juntos: a alegria sinodal. |
8/1 | Festa do Batismo do Senhor | A alegria quotidiana: a alegria de viver |
1.ª semana do Advento: A alegria de uma espera: alegres na esperança
A Liturgia do 1.º domingo do Advento sugere-nos a espera vigilante (cf. Evangelho: Mc 13,33.37). Fazemos parte daqueles que “esperam a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo” (cf. 2.ª leitura: 1 Cor 1,3-9) e pomos a confiança num Deus que faz tudo por tudo “em favor daqueles que n’Ele esperam” (1.ª leitura: Is 63,16-17; 64,2-7). Queremos viver esta semana “alegres na esperança” (Rm 12,12), como no-lo recorda o lema episcopal do nosso Bispo e o tema do próximo Dia Mundial da Juventude.
Pensando nestes tempos de guerra, vêm ao de cima as palavras sábias de São Paulo VI: “Apesar de tudo, uma tal situação, não nos há de impedir de falar da alegria, de esperar pela alegria; antes pelo contrário. É no meio das suas desgraças que os nossos contemporâneos precisam de conhecer a alegria e de ouvir o seu cântico” (São Paulo VI, Gaudete in Domino, 9.5.1975 – GD).
O otimismo e a esperança acompanham sempre a alegria. Umas vezes entramos pela esperança para terminar na alegria, outras vezes empenhamo-nos para conseguir a alegria e terminamos na esperança.
Esta 1.ª semana inclui também a Solenidade da Imaculada Conceição. A mulher grávida é um ícone da esperança que vivemos no Advento.
- Atitude pessoal: Guardar ou provocar o sorriso de uma grávida | Animar uma fila de espera.
- Ação pastoral: Bênção das grávidas | Apoio pessoal ou social a uma grávida (preparar o berço) ou mãe solteira.
2.ª semana do Advento: A alegria de dar alegria: a alegria que nasce do serviço
A 1.ª leitura deste Domingo (Is 40,1-5.9-11) deixa-nos uma exortação à consolação (“Consolai, consolai o meu Povo”), ao cuidado dos outros, ao bem que se difunde. E nós fazemo-lo, na confiança de que “há mais alegria em dar do que em receber” (At 20,35).
Leia-se, a este propósito, a Nota pastoral do nosso Bispo: “São Paulo atribui a Jesus uma frase que vai nesta direção: “Há maior alegria em dar do que em receber” (At 20, 35). E o Papa Francisco, no encontro com representantes de centros de assistência e caridade, em Lisboa, citou o nosso S. João de Deus que pedia esmola para os pobres usando sempre o mesmo estribilho: “Fazei bem, irmãos. Fazei bem a vós mesmos”. O teólogo Armando Matteo recomenda-nos: “Em vez do prazer, [importa] descobrir a alegria de dar alegria, num tempo em que o gozo se tornou o nosso primeiro dever”.
Propusemos, no nosso Plano Diocesano de Pastoral 2023-2024, “a alegria do bem que se difunde, a alegria de dar alegria aos outros, a alegria de levar a todos a consolação de Deus, no serviço desinteressado, na caridade e nas obras de misericórdia, em vez da procura individualista do prazer, num tempo em que o gozo se tornou o nosso primeiro dever; “ser feliz com Deus significa: amar como Ele, ajudar como Ele, doar como Ele, servir como Ele” (Santa Madre Teresa de Calcutá)” (PDP, III.4.11).
Na sua Nota Pastoral, Dom Manuel Linda escreve: “a alegria não é produto comerciável. Pode ser favorecida artificialmente por eventos sociais ou substâncias psicotrópicas. Mas, no primeiro caso, dura somente enquanto decorre o contexto que a motiva e, na outra situação, é substituída imediatamente pela ressaca e pela náusea. E retira a liberdade pessoal ao criar o círculo vicioso da depressão/compensação/depressão. A alegria ou se edifica a partir de resolutas coordenadas interiores, de uma escala de valores que se ousa seguir, ou não acontece. Coincide com o sentido que se dá à vida, no serviço solidário que se presta aos irmãos, na certeza de que «uma vida que não sabe servir, não serve para nada»” (Dom Manuel Linda, Nota Pastoral «A alegria que nasce do serviço»).
Redescubramos, pois, nesta semana, “a alegria do sim fiel e do serviço, nas diversas vocações e ministérios (instituídos ou ordenados), que deve sobrepor-se à ideia de uma vida pesada e triste” (PDP, III.4.9).
Recordemos as palavras sábias de R. Tagore: “Dormia e sonhava que a vida era só alegria. Acordei e vi que a vida era serviço. Servi e aprendi que o serviço era alegria”.
Atitude pessoal: Fazer sorrir alguém fora da lista com uma oferta não habitual de Natal. Servir à mesa, servir em casa, voluntaria-se num serviço, sempre com um sorriso.
Ação pastoral: Promover na comunidade ações de partilha solidária, em ordem à beneficência social, que ultrapasse a quadra de Natal | Reunir com instituições de serviço social, articular e convergir em iniciativas de solidariedade social.
3.ª semana do Advento: a alegria de evangelizar: a doce e reconfortante alegria
No terceiro domingo, a 1.ª leitura (Is 61,1-2.10-11) desenha-nos a figura do Messias, a quem o Senhor unge para anunciar a Boa Nova. Nós exultamos de alegria ao ouvirmos proclamar como o Espírito de Deus, por Cristo, vem até nós, preparando-nos para ir ao encontro do Senhor. No Evangelho (Jo 1,6-8.19-28), João Batista, a voz da Palavra, continua em cena. É João que diz a respeito de Cristo, o Esposo: «Esta é a minha alegria e tornou-se completa» (Jo 3,29). Por isso, o desafio desta semana é descobrir a alegria de evangelizar, a alegria de anunciar Cristo vivo: “recuperemos e aumentemos o fervor de espírito, «a doce e reconfortante alegria de evangelizar, mesmo quando for preciso semear com lágrimas! (…) E que o mundo do nosso tempo, que procura ora na angústia ora com esperança, possa receber a Boa Nova dos lábios, não de evangelizadores tristes e descoroçoados, impacientes ou ansiosos, mas sim de ministros do Evangelho cuja vida irradie fervor, pois foram quem recebeu primeiro em si a alegria de Cristo»” (EG 10). “O fervor é o amor que transborda com generosidade e a alegria é como que a flor ou o fruto deste fervor, é como a chama que brota de um coração ardente e generoso” (PDP III.4.2).
Atitude pessoal: Preparar uma oração, para fazer na noite da consoada do Natal. Enviar, por sms, email, postal, uma mensagem de Natal, inspirada numa frase bíblica e com um sorriso.
Ação Pastoral: Jovens chamados a preparar um postal, uma imagem, um vídeo, com uma Mensagem de Natal. Preparar uma «festa de Natal» para algum grupo….
- A alegrai de regressar a casa: a alegria das raízes
O 4.º domingo dura poucas horas. Estamos já no frenesim da véspera de Natal. Vivamos, neste dia, a alegria do regresso a casa, tal qual a alegria de Maria, que regressa da sua visita à primeira Isabel. Procuremos fazer parte dos presentes e viver a alegria de voltar a casa, de voltar às raízes.
Atitude pessoal: Deslocar-se para celebrar o Natal em família. Viver a alegria do (re)encontro, a alegria das raízes.
Ação Pastoral: Celebrar festivamente a Liturgia do Natal. Envolver os jovens, no acolhimento, na preparação e desenvolvimento das celebrações natalícias.
Solenidade do Natal do Senhor: Uma alegria para todos: esta alegria tem um rosto: é jesus.
A alegria anunciada pelo Anjo na noite de Natal é verdadeiramente uma alegria para todo o povo (cf. Lc 2,10). É uma alegria popular, para todos, todos, todos. Da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído. É, pois, uma alegria para todo o Povo de Deus: para as crianças, cuja confiança, as torna aptas para a alegria evangélica; para os jovens, que são «o hoje de Deus»; para os adultos, sobre quem pendem tantas responsabilidades; para os que sofrem e chegam ao entardecer da vida (para estes uma tal alegria “adapta-se e transforma-se, mas permanece sempre, pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados” (EG 6); é, enfim, uma alegria para todos os homens e mulheres de boa vontade, que pela sua justiça e retidão, se colocam no caminho da alegria. Esta alegria tem um rosto: é Jesus.
Atitude pessoal: fazer uma visita em tempo de Natal a uma pessoa distante, só, doente, idosa…Provocar o um sorriso especial. Oferecer a todos um rosto de alegria. O cuidado pela casa comum pode levar-nos, em família, a minimizar o desperdício e a garantir a reciclagem de todos os resíduos, resultantes das prendas e das festas.
Ação Pastoral: Realizar uma festa com famílias imigrantes, com pessoas sós, em instituições de solidariedade social.
Festa da Sagrada Família: A alegria do amor em família: o júbilo da Igreja
Estamos a celebrar a Festa da Sagrada Família, ao cair o pano do velho ano. Nunca esqueçamos isto: “a alegria do amor que se vive nas famílias é também o júbilo da Igreja. Apesar dos numerosos sinais de crise no matrimónio «o desejo de família permanece vivo, especialmente entre os jovens, e isto incentiva a Igreja». Como resposta a este anseio, «o anúncio cristão sobre a família é verdadeiramente uma boa notícia» (AL 1). Podemos pensar, neste dia, ou neste tempo, algumas formas de valorização da família.
Atitude pessoal: Deslocar-se para celebrar o Natal em família. Viver a alegria do (re)encontro.
Ação Pastoral: Promover uma espécie de webinar entre os jovens estrangeiros acolhidos e as famílias de acolhimento (e aquelas que ajudaram no acolhimento de grupos estrangeiros durante os dias da Diocese). Reunir, para uma ligação direta, ao vivo, com os jovens estrangeiros e as suas famílias. Oportunidade para partilhar, através dos meios digitais e das redes sociais, as experiências vividas e dar a conhecer as tradições natalícias locais. Seja um encontro para matar saudades.
Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus: A alegria da paz: o respiro do cristão
Os textos do dia, centrados na maternidade divina de Maria, recordam-nos a alegria fundante de nos sabermos filhos de Deus: é a alegria fundamental da nossa filiação divina. O contexto de guerra na Ucrânia, na Terra Santa, no Sudão e em tantas partes do mundo, far-nos-á certamente acentuar e invocar a Paz e compreender a sua relação com a alegria. Este é afinal também o Dia Mundial da Paz. Examinemos um pouco a relação entre a alegria e paz, ambos frutos do Espírito Santo.
Diz-nos o Papa Francisco que a alegria é o respiro, o modo de se expressar do cristão. A alegria não é algo que se compra ou que se obtém com esforço: não, é um fruto do Espírito Santo! Não se pode viver de modo cristão sem alegria, pelo menos no seu primeiro grau, que é a paz. Com efeito, o primeiro grau da alegria é a paz: sim, quando chegam as provações, sofremos; mas descemos e encontramos a paz e aquela paz ninguém no-la pode tirar. Alegria não significa viver de risada em risada. Porque a alegria cristã é a paz, a paz que se encontra nas raízes, a paz do coração, a paz que somente Deus nos pode dar: esta é a alegria cristã. Peçamos ao Espírito Santo que nos dê a alegria, que nos dê a consolação, pelo menos no primeiro grau: a paz. Cientes de que ser homens e mulheres de alegria significa ser homens e mulheres de paz.
Ação pessoal: fazer as pazes em casa, em família, com os amigos. Oferecer a todos o sorriso da Paz. Há algum familiar com quem devemos reconstruir a paz?
Ação pastoral: promover um tempo, uma vigília de oração pela Paz… Divulgar, de modos diversos, a Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz (ou apenas um pensamento ou desafio da mesma).
Solenidade da Epifania do Senhor: A alegria de caminharmos juntos: a alegria sinodal
Os Magos são peregrinos que encontram e se deixam encontrar por Cristo e por isso, “ao verem a Estrela sentiram grande alegria” (cf. Evangelho). Os Magos são capazes de partir junto até ao Presépio e de regressar juntos por um caminho novo. Vivamos, pois, “a alegria de caminharmos juntos, a alegria que brota da alegria de escutarmos e sermos escutados, do diálogo franco e frutuoso, da partilha concreta, da comunhão de bens, da participação e da missão de todos na edificação do Reino” (PDP 2023-2024, III, 4.5). É uma alegria sinodal.
Ação pessoal: Fazer uma caminhada em diálogo com alguém (pode ser um não crente, um buscador de Deus, um irmão ‘zangado’ com Deus ou com a Igreja), eventualmente, poderá fazer-se uma pequena peregrinação de visita a um Presépio, a um santuário…
Ação pastoral: Realizar a Festa da Infância Missionária (cf. Guião Missionário, 2023-2024, pp. 53-55). Caberia também aqui a proposta de uma Festa com famílias imigrantes (onde as houver).
Festa do Batismo do Senhor: A alegria quotidiana: a alegria de viver
O Batismo, na segunda-feira depois da Epifania, conclui o Tempo do Natal e abre a porta para o Tempo Comum, em que somos desafiados a experienciar a alegria de viver, a alegria de cada dia, na alegria da fé. “É a alegria que se vive no meio das pequenas coisas da vida quotidiana, como resposta ao amoroso convite de Deus nosso Pai: «Meu filho, se tens com quê, trata-te bem (…). Não te prives da felicidade presente» (Sir 14, 11.14). Quanta ternura paterna se vislumbra por detrás destas palavras” (EG 4). Diz-nos São Paulo VI: “Seria necessário um paciente esforço de educação para aprender ou então reaprender a saborear simplesmente as múltiplas alegrias humanas que o Criador coloca, já agora, no nosso caminho: alegria exaltante da existência; alegria do amor honesto e sacrificado, alegria pacificadora da natureza e do silêncio; alegria, por vezes, austera do trabalho feito com diligência; alegria e satisfação do dever cumprido; alegria transparente da pureza, do serviço e da compartilha; alegria exigente do sacrifício. O cristão poderá purificá-las, completá-las e sublimá-las: mas não haverá nunca de as desdenhar. A alegria cristã supõe uma pessoa capaz de experimentar alegrias naturais. Foi a partir desta, de facto, que muitas vezes Cristo anunciou o Reino de Deus” (São Paulo VI, GD). Coloquemos então como meta ou mote deste Tempo Comum, o pensamento de A. Correia de Oliveira: “Ó coração! Coração! Vive cheio de alegria. Seja a alegria do teu pão, doce pão de cada dia”.
Ação pessoal: Todos os dias, oferecer e provocar um sorriso.
Ação Pastoral: Participar no canto das Janeiras e dos Reis…
- Nota final
Esta é apenas uma proposta inspiradora da criatividade pastoral de cada comunidade ou realidade eclesial, a ser adaptada, com realismo pastoral, aos seus contextos pastorais concretos. Disporemos, online, de alguns recursos gráficos. Esperamos dar um contributo que inspire e provoque, mas não limite, a ação criativa do Espírito Santo.
Vamos com alegria. Vamos todos a Belém.
E, se Deus quiser, em breve (isto é, na próxima proposta de Caminhada Diocesana da Quaresma à Páscoa), ver-nos-emos em Jerusalém. Para lá todos caminhamos, para lá todos subimos!
Que o Deus da esperança nos encha a todos de alegria (cf. Rm 15,13).