Na Igreja sinodal os diáconos e os presbíteros

Por Joaquim Armindo

No documento enviado pelo Sínodo dos Bispos – tradução livre – são afirmadas as “convergências”, as “perguntas” e as “propostas”, para as reflexões, aprofundamento e respetiva decisão daqui a um ano, quando se reunirão outra vez em Roma os participantes do Sínodo. Entendo perfeitamente que a Igreja no seu todo esteja à procura dos melhores caminhos e que eles não são compagináveis com todas as culturas e suscitem dúvidas em cada conferência episcopal e dentro das igrejas particulares, como são as dioceses, e que no caso dos diáconos e dos presbíteros existam diversas sensibilidades para encarar a questão, embora ciente que o Espírito Santo seja o iluminador para as decisões que se tomarem. Certo é que em todo o documento nota-se um ar novo de tornar as expectativas criadas de dar passos em frente, que, aliás, já estão muito em “propostas”. Não deixa de ser incomodativo, para mim, no contexto da minha amplitude cultural e religiosa, que não seja consensual o acesso das mulheres ao diaconado e presbiterado e apareça ainda nas “propostas” que deverá existir “uma reflexão muito profunda sobre este ponto que iluminará também a pergunta do acesso das mulheres ao diaconado”. Também constitui motivo de apreciação o celibato obrigatório dos presbíteros quando se diz “foram expressos valores distintos sobre o celibato dos presbíteros. Todos apreciam seu valor profético e o testemunho de conformação a Cristo”, porque entendo que a questão do “celibato obrigatório dos presbíteros”, não deveria ser uma “obrigação”, mas uma livre vontade daqueles que são chamados a tal. Não comungo da fatalidade que a sexualidade seja um “mal”, antes foi criada por Deus. Temos, porém, sem medo, de expor as nossas opiniões.

Cito esta “convergência” importante: “Os diáconos e os presbíteros estão comprometidos nas mais diversas formas de pastoral: serviço nas comunidades, evangelização, proximidade aos pobres e marginalizados, compromisso no mundo da cultura e da educação, missão entre as pessoas, investigação teológica, animação de centros de espiritualidade e muitos outros. Em uma Igreja sinodal, os ministros ordenados são chamados para viver seu serviço ao Povo de Deus em uma ação de proximidade com as pessoas, de acolhida e de escuta de todos, e de cultivar uma profunda espiritualidade pessoal e uma vida de oração”. O que é verdade, mas todo o Povo de Deus também é chamado a isso. Diz o texto que “um obstáculo ao ministério e à missão é o clericalismo. Provido de uma incompreensão da chamada divina, que a conceberá mais como um privilégio do que como um serviço, e se manifestará em um estilo mundano de poder que não será capaz de prestar contas.”

Expresso o receio tal como o documento refere “Além disso, teme-se que os diáconos sejam percebidos como uma espécie de remédio para a fuga dos sacerdotes”, tenho entendido, como diácono, que, infelizmente, é uma verdade. Não há como fugir a ela, os diáconos, com o seu múnus próprio, tem sido, efetivamente, uma forma de colmatar a falta de presbíteros, e aí estamos para isso, quando se entender necessário. A reflexão vai no adro, estaremos prontos à serena e necessária ora+ação.