“Uma Igreja de portas abertas, que seja porto de misericórdia”, o apelo do Papa no final da primeira sessão do Sínodo em Roma
A primeira fase romana do Sínodo concluiu-se no domingo dia 29 de outubro com uma Missa presidida pelo Papa Francisco na Basílica de S. Pedro. Na sua homilia, o Santo Padre, citando S. João Crisóstomo, apelou a “uma Igreja de portas abertas, que seja porto de misericórdia”.
Ser porto de misericórdia
“Esta é a Igreja que somos chamados a sonhar: uma Igreja serva de todos, serva dos últimos. Uma Igreja que acolhe, serve, ama, sem nunca exigir antes um atestado de «boa conduta». Uma Igreja com as portas abertas, que seja porto de misericórdia”, declarou o Papa.
Assinalando a conclusão desta fase do caminho sinodal, Francisco sublinhou o “princípio e fundamento” do qual tudo começa: o amor a Deus e ao próximo.
“Ao concluirmos este pedaço de caminho que percorremos, é importante fixar o «princípio e fundamento», do qual uma vez e outra tudo começa: amar a Deus com toda a vida e amar o próximo como a si mesmo”, afirmou.
O Papa alertou para o perigo de se querer “controlar Deus” encerrando “o seu amor nos nossos esquemas”.
“Trata-se de um risco que sempre podemos correr: pensar em «controlar Deus», encerrar o seu amor nos nossos esquemas, quando, pelo contrário, o seu agir é sempre imprevisível e por isso suscita maravilha e exige adoração”, revelou.
O nosso fundamento “não está nas nossas estratégias, nos cálculos humanos, nem nas modas do mundo, mas no amor a Deus e ao próximo: é aqui que está o coração de tudo”, disse o Santo Padre.
Abrir caminho ao debate
Na conclusão da primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo, no sábado dia 28 de outubro, foi apresentado um relatório de síntese que propõe um “discernimento partilhado”, na Igreja, sobre as questões mais controversas.
“Propomos que se promovam iniciativas que permitam um discernimento partilhado sobre questões doutrinais, pastorais e éticas que são controversas, à luz da Palavra de Deus, do ensinamento da Igreja, da reflexão teológica, valorizando a experiência sinodal”, pode-se ler no texto divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
O documento que resulta do trabalho desenvolvido durante quatro semanas em Roma, tem uma estrutura de apresentação na qual revela pontos de convergência, questões a enfrentar e propostas para cada um dos temas das três partes do relatório. São elas: o rosto da Igreja sinodal; todos discípulos, todos missionários; tecer ligações, construir comunidade.
Trata-se de um texto amplo que abre caminho ao debate, sobretudo a propósito das questões que necessitam de maior amadurecimento, como por exemplo, o diaconado feminino.
Destaque para o facto de os participantes denunciarem no relatório a persistência de atitudes de “clericalismo, machismo e uso desadequado da autoridade” na Igreja. Tal como também o Papa falou sobre o clericalismo dirigindo-se aos participantes na Assembleia Sinodal no dia 25 de outubro: “O povo de Deus, o santo povo fiel de Deus, segue em frente com paciência e humildade, suportando o desprezo, maus-tratos, marginalizações por parte do clericalismo institucionalizado”, disse Francisco.
Estiveram reunidos no Vaticano 464 participantes no Sínodo subordinado ao tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão”. Um processo sinodal que teve inicio em outubro de 2021 e que já percorreu as fases diocesana e continental. Este foi o primeiro tempo do Sínodo em Roma. Em 2024 será a segunda sessão. Até lá haverá muito caminho sinodal a percorrer.
RS