Papa denuncia «loucura da guerra»

Foto: Ricardo Perna

O Papa presidiu hoje, no Vaticano, a uma oração pela paz, apelando ao fim da “loucura da guerra”, que ameaça o futuro da humanidade.

“Intercede pelo nosso mundo em perigo e tumulto. Ensina-nos a acolher e cuidar da vida – de toda a vida humana! – e a repudiar a loucura da guerra, que semeia morte e apaga o futuro”, disse Francisco, numa prece à Virgem Maria, após a recitação do Rosário, na Basílica de São Pedro.

A cerimónia decorreu na jornada de oração, penitência e jejum convocada pelo Papa, após o agravamento do conflito entre Israel e o movimento islamita palestino Hamas.

“É uma hora escura, esta é uma hora escura, mãe”, referiu o pontífice.

O Papa evocou todos os que são “provados pelos conflitos, angustiados com as guerras que dilaceram o mundo”.

A oração recordou momentos de dificuldade na vida da mãe de Jesus, que foi capaz de tomar a “iniciativa”, para os superar.

“Mãe, toma mais uma vez a iniciativa, toma-a por nós, novamente nestes tempos dilacerados pelos conflitos e devastados pelas armas. Volta o teu olhar de misericórdia para a família humana, que perdeu a senda da paz, preferiu Caim a Abel e, tendo perdido o sentido da fraternidade, não reencontra a atmosfera de casa”.

Francisco lamentou que os “interesses mundanos” afastem a humanidade de Deus e promovem os conflitos.

“Conduz-nos à conversão, faz-nos colocar Deus em primeiro lugar. Ajuda-nos a guardar a unidade na Igreja, e a ser artesãos de comunhão no mundo. Recorda-nos a importância da nossa função, faz-nos sentir responsáveis pela paz, chamados a rezar e adorar, a interceder e reparar por todo o género humano” rezou.

O Papa pediu “misericórdia” e “paz” para toda a humanidade, deixando uma prece especial por quem “está preso no ódio”.

“Converte quem alimenta e estimula conflitos. Enxuga as lágrimas das crianças, que agora choram tanto, assiste os idosos que estão sozinhos, ampara os feridos e os doentes, protege quem teve de deixar a sua terra e os afetos mais queridos, consola os desanimados, desperta a esperança”.

Francisco convidou a Igreja a ser “sinal de concórdia e instrumento de paz”, recordando especialmente “os países e as regiões em guerra”, sem referência a qualquer território específica.

“Senhora de todos os povos, reconcilia os teus filhos, seduzidos pelo mal, cegados pelo poder e pelo ódio. Tu, que estás próxima de cada um, encurta as nossas distâncias. Tu, que tens compaixão de todos, ensina-nos a cuidar dos outros”, recitou.

Após a recitação do Rosário, os participantes viveram, em silêncio, um tempo de adoração eucarística.

A celebração decorreu durante cerca de hora e meia.

Francisco anunciara, a 18 de outubro, esta “jornada de oração, jejum, penitência” para cristãos, pessoas de outras religiões e os que “têm no coração a causa da paz no mundo”, convidados a unir-se à iniciativa “da forma que julgarem oportuno”.

A Conferência Episcopal Portuguesa associa-se a este dia de oração, “face às situações de guerra que se vivem em Israel e na Palestina e de catástrofe humanitária na Faixa de Gaza”.

Um ataque do Hamas contra populações israelitas, a 7 de outubro, fez mais de 1400 mortes no território de Israel, 222 sequestrados em Gaza e cerca de 100 desaparecidos.

Os bombardeamentos retaliatórios de Israel na Faixa de Gaza causaram cerca de 7 mil mortes e mais de 16 mil feridos.

(inf: Agência Ecclesia)