Por João Alves Dias
Meus pais sempre me ensinaram que ‘Ser educado é saber ocupar o lugar’, ou seja, adequar o comportamento à circunstância.
Vem isto a propósito do texto ‘A igreja é para todos, mas não para tudo’ que, tempos atrás, vi afixado à porta da igreja de Santo Adrião, em Braga.
– “Um dos valores matriciais da convivência é o respeito. Deste respeito não hão-de ficar de fora o espaço sagrado e os actos sagrados. Nem será preciso invocar normas. Bastará seguir o bom senso.
– Todos sabem que a experiência religiosa é, por excelência, uma experiência de escuta. Daí que o ambiente no espaço sagrado deva primar pelo silêncio.
– Quem tem fé compreenderá com facilidade. E quem não tem fé também perceberá sem dificuldade. É por isso que se pede que, antes das celebrações e como ambientação, haja silêncio na igreja, na sacristia e até à volta do templo.
– Sei que não é por mal, mas nos últimos tempos, chega-se a uma igreja e o que avulta é o ruído. A vontade de conversar sobrepõe-se ao direito de meditar. Parece que se pode falar com todos, menos com Deus. Parece que se ouve toda a gente, menos a voz de Deus.
– Sobra, ainda, um problema para quem tem a missão de conduzir o povo de Deus. Se intervém, arrisca-se a ser incompreendido e até maltratado. Se não intervém, acaba por consentir o que não pode aprovar. Ou seja, é uma situação sempre delicada.”
Face a esta ‘situação sempre delicada do celebrante’, invoco dois exemplos:
O primeiro foi-me dado, no verão passado, pelo pároco de Santa Maria de Lagos que abrevia a homilia e reserva uns cinco minutos, no fim da Missa, para fazer uma breve catequese litúrgica. No dia em que lá estive, explicou como ‘comungar na mão’: “A mão esquerda pousa sobre a mão direita; aguarda que o ministro pouse a hóstia na sua mão esquerda, e então, com a mão direita, leva-a à boca e comunga sem sair do local”.
O segundo, recebi-o da Irmandade das Almas de S. José das Taipas do Porto que me enviou um email que, com vénia, abrevio:
“Conhecemos pouco sobre a estrutura e significado da Missa.
É um problema universal que levou o Papa Francisco a dedicar um ciclo de catequese à Missa.
Por isso, um grupo de irmãos começou uma Catequese Geral organizada em 22 passos semanais. Em cada semana, um passo que corresponde a um texto.
Segue o Sumário para ficarem com uma visão geral.
CAPÍTULO I – Início catequese sobre a Missa – A Missa é oração – O valor da Missa.
CAPÍTULO II – Ritos de Entrada – Acto Penitencial – A Glória.
CAPÍTULO III – Liturgia da Palavra – O Evangelho – Profissão de Fé.
CAPÍTULO IV – Liturgia Eucarística – Oração Eucarística – Pai Nosso – Comunhão.
Quem quiser seguir este esquema das catequeses do Papa Francisco, pode pesquisar no Google ‘Catequeses sobre a Missa’.
Quando se inicia um novo ano catequético:
. Cito a teóloga Cettina Militello ((7 Margens, 21/7/2023): “Acredito que para a maioria das pessoas, a linguagem das nossas liturgias é no mínimo estranha, (sendo) incompreensíveis antigas e belas metáforas…Seria preciso pelo menos um tradutor.”
. E pergunto:
Os ritos dos sacramentos, a começar pela Eucaristia, não poderiam ser um tema a considerar na preparação das celebrações dominicais?
“A catequese litúrgica visa introduzir no mistério de Cristo (ela é ‘mistagogia’), partindo do visível para o invisível, do significante para o significado, dos sacramentos para os mistérios”.
Nós, batizados, recebemos o kerygma – o anúncio do mistério de salvação – de que falou o Papa Francisco, na investidura dos novos cardeais (30/9/2023), mas precisamos e gostamos de ser catequizados.