22 de Outubro de 2023
Indicação das leituras
Leitura do Livro de Isaías Is 45,1.4-6
«Eu sou o Senhor e não há outro; fora de Mim não há Deus».
Salmo Responsorial Salmo 95 (96)
Aclamai a glória e o poder do Senhor.
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses 1 Tes 1,1-5b
«Damos continuamente graças a Deus por todos vós, ao fazermos menção de vós nas nossas orações».
Aclamação ao Evangelho Filip 2,15d.16a
Aleluia.
Vós brilhais como estrelas no mundo,
ostentando a palavra da vida.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus Mt 22,15-21
«Os fariseus reuniram-se para deliberar sobre a maneira de surpreender Jesus no que dissesse».
«É lícito ou não pagar tributo a César?».
«Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus».
Viver a Palavra
Deus criador e redentor do género humano, por amor, criou cada homem e cada mulher. Moldando-nos com as Suas mãos de hábil oleiro ama-nos e recria-nos pela força transformadora do Seu amor. O Deus que ama, escolhe e chama para a missão, convoca-nos a todos para a construção de um mundo mais fraterno e mais justo. Ser feliz, seguindo a proposta de amor que Jesus tem para cada um de nós, é colocar a nossa vida nas mãos de Deus e disponibilizar o nosso coração para que se realize em nós a Sua obra.
Apesar de mal intencionados, fariseus e herodianos descrevem Jesus de modo assertivo e surpreendente: «Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas, segundo a verdade, o caminho de Deus, sem Te deixares influenciar por ninguém, pois não fazes acepção de pessoas». Jesus, o Mestre sincero, não deixa ninguém de fora e a todos quer conduzir ao coração do Pai. Tem para cada homem e cada mulher um desígnio de amor e, na missão que o Pai lhe confiou, não quer que nenhum se perca. Desafia-nos a dar a Deus tudo o que a Ele lhe pertence e ensina-nos a arte de nos relacionarmos com os bens e poderes temporais dando-lhes também o que lhe é devido. Se somos obra das mãos de Deus, dar a Deus o que é de Deus significa oferecer a nossa vida toda para que o Reino de Deus se instaure no mundo.
Na Liturgia da Palavra deste Domingo, chama-me particular atenção a consciência de que Deus vai operando na história por meio de homens e mulheres, que apesar da sua fragilidade, encontram a força e segurança das suas vidas na missão que o Senhor lhes confia.
Ciro, rei da Pérsia, conquista a Babilónia e faz os israelitas sonhar com a libertação. O povo de Israel sabe que é Deus quem conduz a história e questiona-se ao saber ser um rei estrangeiro a concretizar o processo de libertação do exílio. Contudo, o rei Ciro é o ungido do Senhor, para conduzir o povo e escrever como instrumento de Deus a história da libertação do Povo de Israel.
Deus ama o Seu Povo e escolhe homens e mulheres que sejam presença próxima do povo para operar as Suas maravilhas. Foi assim com Ciro como foi assim ao longo da história com tantos homens e mulheres escolhidos e enviados por Deus.
É esta certeza que proclama S. Paulo quando se dirige aos tessalonicenses: «nós sabemos, irmãos amados por Deus, como fostes escolhidos». Paulo, Silvano e Timóteo são testemunhos deste mesmo amor que escolhe e envia. A eles juntam-se tantos outros que não apenas por palavras, mas «mas também com obras poderosas, com a acção do Espírito Santo» realizam a missão que o Senhor lhes confiou.
Conscientes da nossa fragilidade e pequenez, nós somos convidados a responder afirmativa e disponivelmente ao projecto de amor que Deus tem para nós. A Igreja é pela sua própria natureza missionária, isto é, enquanto Povo de Deus reunido na unidade do Pai, Filho e Espírito Santo, é chamada a levar a todos o amor da Santíssima Trindade. Como baptizados somos chamados na comunhão e unidade, a levar a todos a certeza do amor de Deus que convoca e envia, que chama e constitui em missão.
«Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus». Porventura, poderíamos perguntar-nos: mas o que é que não é de Deus? Se Deus é o criador de todas as coisas, tudo lhe pertence. Não obstante a autonomia das realidades temporais que somos chamados a reconhecer e colaborar, reconhecemos que tudo pertence a Deus. Se na imagem e inscrição da moeda do tributo está César, no rosto de cada homem e de cada mulher está impressa a imagem de Deus à semelhança do Qual fomos criados. Por isso, se o tributo deve ser dado a César, as nossas vidas devem ser oferecidas a Deus e colocadas ao Seu serviço para a salvação de todos.
Homiliário patrístico
Do Sermão de São Leão Magno, papa,
sobre as Bem-aventuranças (Séc. V)
Depois do Senhor, os Apóstolos foram os primeiros a dar-nos o exemplo desta magnânima pobreza. À voz do divino Mestre deixaram tudo o que tinham; num momento, passaram de pescadores de peixes a pescadores de homens e conseguiram que muitos, imitando a sua fé, seguissem o mesmo caminho. Com efeito, entre aqueles primeiros filhos da Igreja, todos os crentes tinham um só coração e uma só alma; deixavam todas as suas posses e haveres para abraçarem generosamente a mais perfeita pobreza e enriquecerem-se de bens eternos; assim aprendiam da pregação apostólica a encontrar a sua alegria em não ter nada neste mundo e tudo possuir em Cristo.
Por isso, quando o apóstolo São Pedro subia para o templo e o coxo lhe pediu esmola, disse-lhe: Não tenho ouro nem prata; mas dou-te o que tenho: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda. Que há de mais sublime que esta humildade? Que há de mais rico que esta pobreza? Não tem a força do dinheiro, mas concede os dons da natureza.
Aquele a quem sua mãe deu à luz enfermo de nascimento, a palavra de Pedro o tornou são; e que não pôde dar a imagem de César gravada numa moeda ao homem que lhe pedia esmola, restaurou nele a imagem de Cristo dando-lhe a saúde.
E este tesouro não enriqueceu apenas aquele homem que recuperou a possibilidade de andar, mas também os cinco mil homens que, ante esta cura milagrosa, acreditaram na pregação do Apóstolo. Assim aquele pobre, que não tinha nada que dar a um pedinte, distribuiu tão abundantemente a graça divina que não só restituiu o vigor aos pés de um coxo, mas também a saúde da alma a tantos milhares de crentes: encontrou-os sem forças na infidelidade judaica e restituiu-lhes a agilidade para seguirem a Cristo.
Indicações litúrgico-pastorais
- Neste Domingo XXIX do Tempo Comum celebra-se o Dia Mundial das Missões. Para este ano o Papa Francisco escreveu uma mensagem intitulada «Corações ardentes, pés ao caminho (cf. Lc 24, 13-15)». Neste Domingo, tal como indica o directório, onde se realizam celebrações especiais pelas missões, pode dizer-se a Missa “Pela evangelização dos povos” (MR, p. 1208). Os fiéis são também convidados a colaborar materialmente com as necessidades das missões para que o Evangelho possa chegar a todos os homens e mulheres. Contudo, que esta seja sobretudo uma jornada de oração para que a comunidade cristã renove a certeza que a Igreja é por sua própria natureza missionária e só realizará bem a sua missão se se constituir em estado permanente de missão.
- Para os leitores: na primeira leitura, deve ter-se em atenção o texto em discurso directo que se encontra entre aspas. É necessário uma leitura pausada e atenta às pausas e respirações sobretudo nas frases mais longas. Tal como na primeira leitura, na segunda leitura é necessário uma especial atenção às frases longas e com diversas orações. Na primeira frase, atenção à forma de saudação de S. Paulo para que se expresse bem o modo como o Apóstolo das Gentes saudava a comunidade e co-responsabilizava todos.
Sugestões de cânticos
Entrada: Chegue até Vós, Senhor – F. Santos (CN 295); Salmo Responsorial: Cantai ao Senhor um cântico novo (Sl 95) – M. Luís (SRML, p. 160-161); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Vós brilhais como estrelas no mundo… – M. Simões (CN 53); Ofertório: Tomai, Senhor, e recebei – J. Santos (CN 966); Comunhão: O Filho do homem – C. Silva (CN 689); Pós-Comunhão: Cantarei ao Senhor enquanto viver – C. Silva (CN 284); Final: Cantai a Deus um cântico novo – T. Sousa (CN 270).