Novo patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, tomou posse na Sé de Lisboa na manhã de sábado dia 2 de setembro e presidiu à Missa de entrada solene na diocese, no Mosteiro dos Jerónimos, no domingo dia 3.
O patriarca de Lisboa reafirmou, em declarações aos jornalistas após a tomada de posse, a sua solidariedade para com as vítimas de abuso, disse que acredita na sua “cura total” e que quer ser “um bispo da estrada”.
“Vou dar à Igreja de Lisboa o que tenho dado sempre ao longo da minha vida sacerdotal e depois como bispo: a minha presença, a minha proximidade. Vou ser um bispo da estrada, um bispo da rua, um bispo junto das pessoas. E é nessa ótica que vou concretizar e alinhar a minha ação”, disse D. Rui Valério.
A cerimónia da tomada de posse de D. Rui Valério como patriarca de Lisboa decorreu na manhã de sábado 2 de setembro, na Sé de Lisboa, após ter sido nomeado pelo Papa Francisco para suceder a D. Manuel Clemente, que apresentou o pedido de renúncia por ter atingido o limite de idade (75 anos) determinado pelo Direito Canónico para o exercício do ministério.
D. Rui Manuel Sousa Valério tem 58 anos de idade e é natural da Urgueira, no Concelho de Ourém, contando no seu percurso com vários anos de serviço junto das forças militares, sendo desde 2018 bispo da Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança; membro da congregação dos Padres Monfortinos, foi ordenado sacerdote a 23 de março de 1991, em Fátima.
Em resposta à comunicação social, D. Rui Valério referiu-se à sua escolha para patriarca de Lisboa como sendo tratada “ao mais alto nível”, “nem sequer aqui na terra”, referindo que se sente “um servo”, nos “serviços simples, nos serviços humildes”.
Questionado sobre o momento em que assume a liderança do Patriarcado de Lisboa, D. Rui Valério disse que toma posse “na fase em que a esperança está mais viva na Igreja em Portugal”.
“Se estamos a falar das vítimas, é uma palavra de esperança que lhes quero deixar. Depois da solidariedade, depois da minha presença, depois da sua centralidade, a palavra a dar-lhes é esperança”, referiu o novo patriarca de Lisboa a respeito das vítimas de abuso.
D. Rui Valério indicou três passos que quer dar no acompanhamento das vítimas, nomeadamente de abuso sexual por membros da Igreja, indicando a “solidariedade e compreensão” como o primeiro.
“Depois, nós todos, a começar por mim, mas envolvendo toda a sociedade, temos que proceder a uma conversão para com as vítimas. Elas verdadeiramente devem ocupar o centro. Só a partir da centralidade das vítimas é que temos o discernimento para compreender os passos a fazer”, acrescentou.
D. Rui Valério referiu-se ainda a um terceiro passo, sem especificar, referindo que se está relacionado com “confiança e a esperança da cura”.
“Eu acredito na cura e na cura total e integral, envolvendo todas as dimensões, todos os aspetos possíveis. A cura não pode ter barreiras. Não há linhas vermelhas para realizarmos a cura de alguém que sofreu uma experiência tão atroz e tão horrorosa”, acrescentou.
Nas declarações aos jornalistas, D. Rui Valério reafirmou também que, após a realização da Jornada Mundial da Juventude, o momento é para escutar os jovens e referiu-se aos seus antecessores, nomeadamente D. António Ribeiro, D. José Policarpo e D. Manuel Clemente, como “elevadas personalidades espirituais”, afirmando que “é um privilégio” dar seguimento à história que lideraram no Patriarcado de Lisboa.
D. Rui Valério tomou posse na Sé de Lisboa como 18º patriarca de Lisboa, na manhã de sábado dia 2 de setembro e no domingo, dia 3, presidiu à Missa de entrada solene na diocese, no Mosteiro dos Jerónimos.
Na sua homilia, afirmou que quer fazer do “serviço um estilo”, implementar na cidade um “autêntico ambiente de paz” e referiu-se à “hora desafiante na Igreja”, após a Jornada Mundial da Juventude.
“A grande esperança da Jornada Mundial da Juventude não residiu só nem principalmente na quantidade de jovens aqui reunidos, nem apenas no entusiasmo que envolveu aqueles dias, nem o elevado nível pastoral e evangelizador que pudemos testemunhar”, disse D. Rui Valério.
Para o novo patriarca de Lisboa, com a JMJ Lisboa 2023 “morreu a vergonha de se ser Igreja, de viver enclausurado no medo de aparece e testemunhar a esperança” e morreu “a cultura do temor”.
D. Rui Valério referiu-se também ao fim da “mentalidade individualista, à morte do que o Papa Francisco chama de “clericalismo” e à necessidade de construir uma Igreja “para todos”, sublinhando que “todos têm lugar e devem ser acolhidos, ouvidos e respeitados”.
No início do ministério como patriarca de Lisboa, D. Rui Valério disse que deseja “servir na proximidade e escutar na disponibilidade” e ajudar a um ambiente de paz e de promoção da justiça na cidade de Lisboa.
“Em harmoniosa cooperação e estreita colaboração com as autoridades do Estado, as autarquias, instituições civis, Forças Armadas e de Segurança e num verdadeiro espírito ecuménico, vamos implementar no coração dos irmãos, na cidade, na relação das pessoas, no convívio das instituições, um autêntico ambiente de paz e serenidade, pela promoção da justiça, pelo amor à verdade e pelo empenho na solidariedade”, disse.
(inf: Agência Ecclesia)