
Por Joaquim Armindo
De 17 a 18 de julho vai realizar-se em Bruxelas, mais uma cimeira da União Europeia (UE) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), onde se irá debater a união de esforços para alcançar justas transições ecológicas e digitais, de forma a demonstrar o empenho comum na defesa da ordem internacional com regras. Nesta reunião se tratará de fortalecer a parceria dos valores comuns, a democracia e os direitos humanos. A estratégia a prosseguir neste encontro é a de compatibilizar as duas transições referidas e uma visão comum de defesa do planeta onde vivemos. As cimeiras anteriores realizaram-se em Santiago do Chile em 2013 e em Bruxelas em 2015, a fim de construir sociedades mais prósperas, coesas e inclusivas e dos investimentos nas questões sociais e ambientais. Nesta reunião os dirigentes políticos discutirão a necessidade de cooperação reforçada em instâncias multilaterais, a paz e a estabilidade a nível mundial, o comércio e o investimento, a recuperação económica, os esforços de luta contra as alterações climáticas, a investigação e a inovação, a justiça e a segurança para os cidadãos, de forma a atingir uma transformação da sociedade baseada em padrões de justiça, para que ninguém fique ofuscado e excluído. Estarão representados todos os países da UE e os 33 países latino-americanos que compõem a CELAC. Se o objetivo da cimeira é a junção de esforços que reforcem a integração social e cultural, a defesa do ambiente e estimular o desenvolvimento económico, estaremos perante o desafio da implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que promove o desenvolvimento dos povos, sem denegrir as suas culturas e afiançar a liberdade dos seus costumes, sem o feroz neocapitalismo que subjuga todas as tradições.
Os bispos da Europa e da América Latina já fizeram ouvir as suas vozes apontando para o “reforço da justiça e coesão social”. Refere a COMECE (Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia”, que esta parceria entre as duas organizações seja “renovada” e que todas as comunidades das duas regiões vivam num “mundo mais pacifico e fraterno” e para que a cimeira produza frutos de forma a olharmos “para esta Cimeira UE-CELAC também como uma oportunidade para promover uma parceria para a paz – global, regional e local”. Por seu lado a CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano propõe que o diálogo intercultural e inter-religioso possa ser “um instrumento privilegiado para promover a coesão social e construir pontes dentro e entre as duas regiões”.
A Igreja Católica Romana defende que a parceria entre a UE-CELAC deverá ser fundada em três afirmações “desenvolvimento humano integral e justiça social”, “ecologia integral e cuidado da casa comum”, “paz e cultura do encontro” e que sob cada pilar se construa uma “contribuição conjunta surgindo várias áreas e iniciativas concretas para colocar em ação essa visão, apontando à responsabilidade corporativa, regras de comércio justo, produção e modelos de negócios que protejam os direitos humanos e o meio ambiente, sistemas alimentares sustentáveis e inclusivos, finanças globais justas e arquitetura da dívida e propriedade democrática dos processos de tomada de decisão e de políticas”.
Fontes: https://www.comece.eu; https://adn.celam.org/