A criação: o fluxo deste rio caudaloso

Por Joaquim Armindo

No próximo dia 1 de setembro realiza-se mais uma jornada de oração pelo cuidado da Criação, pelo que o bispo de Roma e papa Francisco emitiu uma mensagem. Sabemos que setembro ainda vem longe, mas é natural que esta mensagem chegue ao nosso conhecimento antecipadamente, a fim de podermos em conjunto refletir sobre ela e naquele dia apresentarmos a Jesus essa reflexão que é afinal o que queremos fazer pela Criação. Não peças a Deus, aquilo que só tu podes fazer e tanto que poderemos fazer com Ele, que vai sempre à nossa frente. Escreve Francisco que deveremos contribuir para “o fluxo deste rio caudaloso, transformando os nossos estilos de vida. Partindo duma grata admiração do Criador e da criação, arrependamo-nos dos nossos “pecados ecológicos”, como adverte o meu irmão Patriarca Ecuménico Bartolomeu. Estes pecados prejudicam o mundo natural e também os nossos irmãos e irmãs. Com a ajuda da graça de Deus, adotemos estilos de vida com menor desperdício e menos consumos inúteis, sobretudo onde os processos de produção são tóxicos e insustentáveis. Procuremos estar o mais possível atentos aos nossos hábitos e opções económicas, para que todos possam estar melhor: os nossos semelhantes, onde quer que se encontrem, e também os filhos dos nossos filhos. Colaboremos para esta criação contínua de Deus através de opções positivas: fazendo o uso mais moderado possível dos recursos, praticando uma jubilosa sobriedade, separando e reciclando o lixo e recorrendo a produtos e serviços – e há tantos à nossa disposição – que sejam ecológica e socialmente responsáveis.”

Sob o título “Que jorrem a justiça e a paz”, neste ano o Tempo ecuménico da Criação é inspirado no livro de Amós “Jorre a equidade como uma fonte, e a justiça como torrente que não seca” (5,24), que o profeta diz que “Deus quer que reine a justiça, que é essencial para a nossa vida de filhos, criados à imagem de Deus, como é a água para a nossa sobrevivência física. Esta justiça não se deve esconder demasiado em profundidade, nem desaparecer como a água que evapora antes de poder sustentar-nos, mas deve surgir onde houver necessidade.”, e que este Tempo da Criação seja para cada um e cada uma de nós os “batimentos do coração: o nosso, o das nossas mães e das nossas avós, o pulsar do coração da criação e do coração de Deus. Hoje não estão harmonizados, não batem em uníssono pela justiça e a paz. A muitos, é impedido beber neste rio caudaloso. Ouçamos, pois, o apelo a permanecer ao lado das vítimas da injustiça ambiental e climática, pondo fim a esta guerra insensata contra a criação.”

Clamando contra o “uso desenfreado de combustíveis fósseis e a destruição das florestas” – que tantos jovens portugueses ousam denunciar –, e as “Terríveis carências hídricas estão a afligir cada vez mais as nossas casas, desde as pequenas comunidades rurais até às grandes cidades.”, Francisco chama a Igreja a ter uma opção fundamental neste grande envolvimento para contribuirmos para “o rio caudaloso da justiça e da paz” porque é necessário unir “as mãos e demos passos corajosos, para que a justiça e a paz jorrem em toda a Terra.” Que as Igrejas não fiquem indiferentes a este apelo e comecem a trabalhar pela Criação. Tantas vezes se esquecem!