Escutar o lamento das mulheres

Por Joaquim Armindo

A World Union of Catholic Women’s Organisations (WUCWO), tem como objetivo “promover a presença, participação e coresponsabilidade das mulheres católicas na sociedade e na Igreja, para que possam cumprir a sua missão evangelizadora e trabalhar pelo desenvolvimento humano”, e está a reunir a sua Assembleia Geral com participantes de mais de 50 países. Antes desta reunião foram recebidas pelo bispo de Roma e papa Francisco, que lhes dirigiu uma saudação. É desta saudação que retiramos alguns excertos pela vivacidade que Francisco quer transmitir a estas mulheres que são fazedoras do acontecimento do evangelho na vida das mulheres, transformadoras da humanidade. Diz o bispo de Roma, que devem “olhar para o futuro com os olhos e o coração abertos para o mundo, a fim de escutar o lamento de tantas mulheres que no mundo sofrem injustiça, abandono, discriminação, pobreza ou tratamento desumano desde crianças em alguns processos. O Observatório Mundial das Mulheres, que encetastes, dar-vos-á indicações para identificar as necessidades e assim poderdes ser “samaritanas”, companheiras de viagem, que infundem esperança e serenidade nos corações, ajudando e levando outros a ajudar a aliviar as muitas necessidades corporais e espirituais da humanidade.” Chamando a atenção para que é necessário “encontrar paz no mundo”, mas que para além disso a “identidade antropológica da mulher” valoriza as “suas capacidades de relação e de doação”, proclama que “Uma cultura sem a mulher permanece sozinha. Onde não há mulher, há solidão, solidão árida que gera tristeza e todo o tipo de dano para a humanidade. Onde não há mulher, há solidão!”.

Sublinhando o papel de Maria que ensina a “gerar a vida e a protegê-la sempre vos relacionando com os outros a partir da ternura e da compaixão, e combinando três linguagens: da mente, do coração e das mãos, que devem ser coordenadas. O que a cabeça pensa, que o coração sinta e as mãos façam; o que o coração sente esteja em harmonia com o que se pensa na cabeça e com o que as mãos fazem; o que as mãos fazem esteja em harmonia com o que se sente e com o que se pensa. Como eu já disse noutras ocasiões, acredito que as mulheres têm esta capacidade de pensar o que sentem, de sentir o que pensam e fazem, e de fazer o que sentem e pensam.”

Esta é mais uma chamada da mulher para o trabalho, sem distinções, não sei quando a Igreja Católica, vai ordenar mulheres, mas é certo, que a não o fazer está a esquecer o seu invulgar contributo e a gerar discriminação. De qualquer forma “sempre estaremos em sintonia com a missão de toda a Igreja. Também esta é a essência da sinodalidade, que nos faz sentir protagonistas e corresponsáveis pelo “bem-estar” da Igreja, para saber integrar as diferenças e trabalhar em harmonia eclesial.”.