
Fernando Aguiar Branco foi uma figura de referência na sociedade portuense, quer na atividade profissional como advogado, quer como escritor, quer como ator e divulgador cultural, em que se destacou a sua orientação da Fundação Eng. António de Almeida, que desempenha na sociedade portuense e na cultura portuguesa uma atuação preponderante e de excelência.
Nascido em Coimbra a 17 de maio de 2023, viria a falecer no Porto em 28 de janeiro de 2021, aos 97 anos de idade. A sua liderança da Fundação constituiu um universo de propostas e realizações que dignificam a cidade e o país na dinâmica da valorização humana e cultural da população. Esteve particularmente ligado à Diocese do Porto, através de múltiplos apoios a iniciativas humanistas de grande alcance. Não foi em vão que na homenagem que lhe foi prestada uma dos nomes mais referenciados pelos oradores tivesse sido o de D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto. Também registamos numerosos gestos de simpatia para com a Voz Portucalense, incluindo a oferta das suas publicações.
Na sessão comemorativa, realizada na sede da Fundação na tarde de 17 de maio de 2023, data em que comemoraria os 100 anos da sua vida, marcaram presença numerosas figuras da sociedade e da cultura do Porto, do seu Município, da sua Universidade, da Misericórdia, das forças políticas e sociais e de outras instituições relevantes.
Entre as figuras presentes que apresentaram sentidos testemunhos, destacaram-se a Comissária Europeia Elisa Ferreira, o antigo Presidente da Fundação de Serralves, Luís Braga da Cruz, e o Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, a quem coube a intervenção final.
A Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto concedeu à Fundação Eng. António de Almeida, na pessoa do seu atual presidente, Augusto Aguiar Branco, o Diploma de Sócio benemérito da Associação.
O acontecimento encerrou, após um Porto de Honra, coma um concerto pela Banda Sinfónica Portuguesa, sob a direção do maestro Francisco Ferreira.
Das qualidades referenciadas de Fernando Aguiar Branco salientaram-se: a sua qualidade de advogado e fundador da sociedade de advogados, com o seu nome; a sua dimensão de autor de publicações sobre o universo profissional e cultural da cidade e suas personalidades relevantes; a sua ação como dinamizador da Fundação; a sua atenção a múltiplas iniciativas nos domínios social, cultural e profissional do universo mental portuense; a colaboração com numerosas entidades de valorização humana e pessoal; a sua relação, amizade e colaboração com personalidades do mundo cultural.
Foram oferecidos aos participante na sessão de homenagem dois volumes: 1) Um estudo de Nuno José Lopes, A Filosofia de Fernando Aguiar-Branco, em que evidencia “O Humanismo aberto à transcendência”, citando a sua afirmação: “mantenho-me fiel a essa crença de matriz cristã-católica”, com referências ao Personalismo de E. Mounier, à Doutrina Social da Igreja ou às relações entre Direito e Filosofia, para além de imagens do seu percurso existencial; 2) O Relatório das Atividades da Fundação referentes ao ano de 2022, de que permitimos destacar a apresentação dos livros “Álvaro Siza e José Tolentino, A questão sobre Deus é não saber explicar”, e do Catálogo Geral da obra de Irene Vilar (1030-2008), elaborado por Carlos Azevedo, e apresentados ambos na igreja dos Clérigos, em 5 e 19 de abril de 2022.
Seja-nos permitido recordar neste espaço a referência que lhe fizemos por ocasião do seu falecimento, na edição de 3 de fevereiro de 2021:
Faleceu na quinta feira, 28 de janeiro de 2021 o Presidente da Fundação Eng.º António de Almeida, Doutor Fernando Aguiar Branco. Nascido a 27 de maio de 1923, contava 97 anos de idade. Era natural de Coimbra, mas foi na cidade do Porto que veio a fundar a sociedade Aguiar-Branco & Associados, nos anos 80 do séc. XX. Exerceu múltiplas atividades no quadro da sociedade portuense e nacional, tendo sido vereador da Câmara do Porto, e deputado à Assembleia Nacional, eleito como independente nas listas da Ação Nacional Popular e presidiu ao Conselho Distrital do Porto da Ordem dos Advogados. Participou também na ação política democrática, mesmo nos últimos tempos.
Pela sua ação cívica e de homem de leis, foi Doutor honoris causa em Filosofia, pela Universidade de Coimbra, e tornou-se Presidente vitalício, desde 1973, do Conselho de Administração da Fundação Eng.º. António de Almeida, que tem desempenhado papel relevante na valorização cultural da cidade do Porto, onde tem a sua sede, e foi também conselheiro da Fundação Mário Soares, desde 1996. Foi designado Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, e titular da Medalha de Ouro da Ordem dos Advogados, além de outras distinções.
Fernando Aguiar-Branco era pai de quatro filhos, um dos quais, José Pedro Aguiar-Branco, foi ministro da Justiça e da Defesa dos governos chefiados por Pedro Passos Coelho. Foi um dos promotores da homenagem nacional a D. António Ferreira Gomes, no segundo aniversário do seu falecimento, em 13 de abril de 1991, com sessão solene presidida pelo Presidente Mário Soares, no Palácio da Bolsa, e a inauguração da estátua junto à Torre dos Clérigos, com a presença do Patriarca de Lisboa, António Ribeiro, do Arcebispo-Bispo do Porto, D. Júlio Tavares Rebimbas e de D. Manuel Martins, Bispo de Setúbal.
Aí se registava o agradecimento “pela oferta de várias edições patrocinadas pela Fundação, a última das quais foi o n.º 13 da Revista Estudos, dedicada a Guilherme Braga da Cruz, bem como as Memórias da inauguração da Sala de Leitura dos Manuscritos e Obras Raras da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, cuja requalificação foi patrocinada pela Fundação a que presidia”.
CF