Sistema económico de ações que destroem a vida

Por Joaquim Armindo

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reuniu recentemente e deixou uma mensagem ao povo brasileiro – aliás, como a Conferência Portuguesa o faz -, porque considero importante dar a conhecer algumas das suas deliberações deixo aqui um pequeno comentário. Com extraordinária clareza a CNBB refere que “Por trás da palavra “mercado” existe um sistema financeiro e económico autónomo, que protagoniza ações inescrupulosas, destrói a vida, precariza as políticas públicas, em especial a educação e a saúde, adota juros abusivos que ampliam o abismo social, afeta a cadeia produtiva e reduz o consumo dos bens necessários à maioria do povo brasileiro.” Esta afirmação poderia sem margem de dúvida ser para o povo europeu e português, em particular, porque enformada dos valores do evangelho e traduzindo as realidades do Brasil ou de Portugal. E mais adiante escreve: “Além do flagelo das guerras, muitas outras situações nos preocupam, como os autoritarismos, as polarizações, as desinformações, as desigualdades estruturais, o racismo, os preconceitos, a corrupção, a banalização do mal e das vidas, as doenças, a drogadição, o tráfico de drogas e pessoas, o analfabetismo, as migrações forçadas, as juventudes com poucas oportunidades, as violências em todas as suas dimensões, o feminicídio, a precarização do trabalho e da renda, as agressões desmedidas à “casa comum”, aos povos originários e comunidades tradicionais, a mineração predatória, entre tantas outras, que fragilizam o tecido social e tencionam as relações humanas. Certa cultura da insensibilidade nos conduz a essas situações extremas. A degradação da criação e o descaso com os mais pobres e abandonados estão presentes, por exemplo, na criminosa tragédia ocorrida com o povo Yanomami.”

Afirmando que “Quem nos une é Cristo e, por ele, esperançosos e comprometidos, renovamos nossa opção radical e incondicional com a defesa integral da vida que se manifesta em cada ser humano e em toda a criação.” Proclamam com alegria: “pois não temos ouro nem prata, mas trazemos o que de mais precioso nos foi dado: Jesus Cristo ressuscitado. Essa alegria é consequente e, por isso, nos faz enxergar também os sofrimentos presentes na sociedade.”

A sua atenção volta-se, também, na evidência de uma possível 3.ª Guerra Mundial, referindo-se ao que se passa no solo da Ucrânia, “mas também em outras regiões do planeta” e chamam toda a sociedade brasileira “a construir um amplo projeto de reconciliação e pacificação, a partir de um diálogo franco e aberto, que possibilite superar o que nos afasta, com o objetivo de assegurar o que nos une: o país, o seu povo e a criação.”, e a terminar  pede que “Sejamos semeadores de mudança, de solidariedade e de vida.”

Um documento que chama à ação todos os cristãos e cristãs do Brasil, e que pode ser aplicado ao nosso Portugal.

Texto do documento: https://www.cnbb.org.br/wp-content/uploads/2023/04/Mensagem-ao-povo-brasileiro.pdf.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/60agcnbb/