
Em Quinta-Feira Santa, D. Manuel Linda propôs proximidade aos afastados da fé e aos descartados da sociedade. Assinalou a atualidade do tema dos abusos de menores apelando à tomada de consciência de “uma realidade horrivelmente criminosa”. Pediu reconciliação entre vítimas, clero e sociedade.
Na homilia da Missa Crismal, em dia de Quinta-Feira Santa, 6 de abril, numa Catedral repleta de sacerdotes e diáconos, D. Manuel Linda começou por afirmar a sua “jubilosa emoção” por encontrar tantos “presbíteros e diáconos que fazem do serviço eclesial o critério orientador da sua existência”.
Esta celebração contou com a presença dos bispos auxiliares do Porto, D. Pio Alves e D. Vitorino Soares, do bispo emérito de Setúbal, D. Gilberto Canavarro dos Reis, do bispo auxiliar emérito do Porto, D. António Taipa e também do bispo D. Carlos Azevedo, que é delegado do Comité Pontifício para as Ciências Históricas, no Dicastério para a Educação e Cultura da Santa Sé.
O bispo do Porto assinalou que “ouvimos dizer que os tempos são de crise, particularmente para a Igreja”. “Concordo se for no sentido de oportunidade e necessidade de se passar de um estado rotineiro e morno a um outro mais condizente com o que o Espírito pede à Igreja para este tempo e cultura”, declarou.4
Para D. Manuel Linda é necessário escutar o que diz o Papa Francisco quando pede “novas comunidades, dinâmica e comprometidas” recusando clericalismo.
Exortou os sacerdotes e diáconos da diocese do Porto “a uma verdadeira conversão espiritual”.
“Sem o silêncio, a oração, a meditação e demais ações litúrgicas, pregaremos belas doutrinas, mas não construiremos pontes de interligação entre o homem e Deus”, frisou.
Ao mesmo tempo, pediu “proximidade à pessoa”, seja ela dos “afastados da fé” ou dos “descartados da sociedade”.
“Proximidade à pessoa significa escuta sinodal e valorização dos carismas e ministérios”, acrescentou.
Neste sentido, D. Manuel Linda apelou à renovação do ministério sacerdotal. “Tudo isto obriga à efetiva renovação do ministério sacerdotal. É nela que se fará a própria renovação da Igreja, pois o ministério ordenado é estruturante. O que supões três âmbitos: aceitação da responsabilidade individual inerente ao nosso ministério, até porque, habitualmente, as comunidades se tornam como que espelho do seu Pároco e mesmo dos seus diáconos; estilo de vida colegial, porque ninguém, em Igreja, pode viver por sua conta e risco; enfim, mentalidade sinodal, já que só se age em nome da Igreja quando entrelaçamos a nossa vida com a do povo de Deus”.
O bispo do Porto abordou também na sua homilia o assunto dos “abusos de menores”, considerada por ele como “uma realidade horrivelmente criminosa”.
“Está na hora de cairmos em nós próprios para tomarmos consciência da sua gravidade –uma gravidade que destrói vidas- e nos tornarmos uma comunidade escrupulosamente respeitadora das fragilidades”, afirmou.
Pediu que este seja um momento de reconciliação entre o clero, as vítimas e a sociedade. “Aproveitemos este momento de dor para todos nos reconciliarmos: clero, vítimas e sociedade em geral. Há que fazer penitência pelas culpas do passado e do presente: pelos abusos de poder de quem os encobriu, pelo clericalismo de clérigos e de leigos, pela ignomínia de quem cometeu esses crimes e pelo despudor de quem eventualmente possa ter usado o anonimato para fazer acusações mal fundadas ou falsas”.
Como habitualmente, o bispo do Porto recordou os sacerdotes e diáconos falecidos durante o último ano e aqueles que neste novo ano celebram bodas sacerdotais de 25, 50, 60 e até 70 anos de serviço à Igreja.
Sacerdotes falecidos:
- Pe. Manuel Ferreira de Carvalho (04/05/2022)
- Pe. Manuel António Ribeiro Soares Sá Alves (06/08/2022)
- Pe. António Teixeira Fernandes (24/08/2022)
- Frei Jerónimo Carneiro (Dominicano) (09/10/2022)
- Pe. Marcelino Teixeira de Freitas (Dehoniano) (10/10/2022)
- Pe. Avelino Jorge Pereira Soares (16/12/2022)
- Pe. Arlindo de Magalhães Ribeiro da Cunha (18/01/2023)
- Pe. Fernando Correia Gonçalves (23/01/2023)
Diácono falecido: Diác. Jofre António da Costa Pedro (17/04/2022)
Diáconos ordenados, em ordem ao sacerdócio (08/12/2022): Diác. Bruno Miguel Coelho Aguiar; Filipe Ramos dos Santos; Pedro Manuel Lopes da Cunha
Bodas de prata sacerdotais (25º aniversário de ordenação, 1998-2023):
Pe. Carlos Alberto da Costa Correia (Boa Nova)
Pe. Daniel Henrique Saturi
Pe. Fernando Sérgio Pereira Fernandes
Pe. Manuel Fernando Soares da Silva
Bodas de ouro sacerdotais (50º aniversário de ordenação: 1973-2023)
Pe. José Alberto Vieira de Magalhães
Pe. José da Silva Alves Coelho
Pe. José Ribeiro da Mota
Cón. Lino da Silva Maia
Sexagésimo aniversário de ordenação: 1963-2023)
Pe. António de Brito Peres
Pe. António Fontes
Pe. António Meireles Ribeiro de Matos
Pe. António Pereira Baptista
Pe. Avelino Ricardo Teixeira da Silva
Pe. Damião Olindo das Neves Basto
Pe. José Loureiro Dias Pinho
Mons. Manuel Correia Fernandes
Pe. Pedro Gradim de Sá Mourão
Septuagésimo aniversário de ordenação: 1953-2023)
Pe. Agostinho da Mota
Pe. Belmiro Coelho da Silva
Pe. Carlos Duarte
Na Missa Crismal, após a homilia, os concelebrantes renovaram as promessas sacerdotais, o bispo abençoou o óleo dos catecúmenos e enfermos e consagrou o do crisma. Óleos que serão usados tanto na administração dos sacramentos do Batismo e da Confirmação como nas ordenações ou na consagração de uma igreja.
RS