O diaconado na conversão pastoral da paróquia

Diáconos permanentes reuniram-se em assembleia diocesana

Realizou-se na noite de 28 de março, terça-feira, na Casa Diocesana de Vilar, a Assembleia diocesana de diáconos permanentes, presidida pelo Senhor D. Manuel Linda, Bispo do Porto. Estiveram presentes 37 diáconos permanentes. A assembleia teve início, às 19 horas, com a celebração da Eucaristia, seguida do jantar e do encontro dos diáconos com o seu bispo.

O encontro iniciou-se com uma curta intervenção do Dr. Adélio Abreu, delegado episcopal para o diaconado permanente, que enquadrou o tema proposto para a Assembleia: «O diaconado permanente na conversão pastoral da paróquia». A sua formulação nasce da instrução da Congregação para o Clero de 2020, «A conversão pastoral da comunidade paroquial ao serviço da missão evangelizadora da Igreja». Este documento, conjuntamente com outros dois recursos, serviu de base à reunião preparatória, ocorrida a 7 de março. Aí foram constituídos três grupos de trabalho e foi definido o convite a três diáconos para, na Assembleia, darem o seu testemunho, quanto ao modo como têm desenvolvido o seu trabalho pastoral na paróquia.

A assembleia prosseguiu com a apresentação dos três testemunhos. O diácono António Abreu partilhou a sua experiência do trabalho pastoral desenvolvido na Unidade Pastoral do Vale do Odres e Tâmega, constituída no verão de 2020. Da sua participação nesta experiência identificou diversos pontos positivos e um conjunto de barreiras que contribuíram para que os objetivos não tenham sido atingidos, resultando, na extinção da referida unidade pastoral, em setembro de 2022.

O diácono Arnaldo Azevedo, ao serviço da paróquia de Ermesinde, estruturou o seu testemunho em três pontos –  acolhimento, integração e missão – e realçou o modo como foi acolhido pelo seu pároco e por toda a comunidade, bem como o seu trabalho nos vários sectores pastorais e designadamente na pastoral da família.

O diácono João Fonseca identificou dois tempos no seu ministério diaconal em Arouca. O primeiro, de 2011 a 2016, foi de “formação prática”, marcado, na relação com o seu pároco, pela proximidade e pelo serviço pastoral à comunidade. O segundo, a partir desse ano, foi assinalado inicialmente por dificuldades e por um sucessivo discernimento para encontrar o seu caminho em contexto paroquial e vicarial, designadamente num contexto de comunidades pequenas e dispersas, onde sobressai o seu serviço na pastoral do domingo.

Concluída a apresentação dos testemunhos, passou-se à leitura das reflexões produzidas pelos grupos de trabalho.  O diácono Hélder Pacheco, como porta-voz do seu grupo, referiu que a paróquia tem de ser uma opção credível para a sociedade e, nesse contexto, o diácono, sendo alguém que vive as mesmas alegrias e as tristezas, medos e anseios, que os seus irmãos leigos, está em melhores condições para os entender e ajudar, junto dos presbíteros e do bispo, a encontrar as respostas que o Povo de Deus procura. Para isso é importante que, aos diáconos, seja dado o seu verdadeiro lugar na vida pastoral e que ao mesmo tempo estes saibam qual é o seu lugar.

O diácono António Avelino, em nome do seu grupo, descreveu a realidade atual que caracteriza a paróquia no contexto da Igreja em Portugal. Os contornos pouco definidos das paróquias e o papel e lugar do diácono nelas favorecem o germinar de questões a resolver. Evidenciou três tentações que podem constituir barreiras à contribuição do diaconado para a renovação paroquial – o clericalismo, o funcionalismo e as expectativas – e identificou alguns caminhos: ‘promover a apoiar as atividades apostólicas dos leigos; suscitar serviços e ministérios no seio das comunidades; promover contactos de proximidade, que combatam o anonimato das relações e das grandes celebrações; ajudar o presbítero na compreensão da realidade plural do seu povo.

O diácono Fernando Oliveira, pelo seu grupo, evidenciou a diversidade pastoral das paróquias urbanas e rurais, bem como os distintos tipos de relação entre os diáconos e os párocos. Se há casos de abertura à comunhão ministerial, plena partilha, colaboração e cooperação, outros há que contrastam com elas. Sugeriu que a atividade ministerial do diácono e o seu grau de realização fosse objeto de avaliação periódica.

Por fim, D. Manuel Linda usou da palavra para agradecer a partilha, considerando que todos excederam as expectativas. A curta reflexão que produziu deu cabal sentido à expressão que usou na homilia da Eucaristia a que presidiu: «Ver na justa medida». Referiu-se à diferente tipologia de paróquias, à reflexão em curso em torno das unidades pastorais, ao espírito de colaboração entre presbíteros e diáconos, à reconfiguração eclesial em tempos de mudança. Depois, concluiu o encontro com uma oração mariana.

Será publicada, na revista diocesana «Igreja Portucalense», uma síntese mais detalhada dos trabalhos da Assembleia, que também será disponibilizada, juntamente com os vários textos, na página web do diaconado portucalense (http://diaconado-porto.blogspot.com).

(inf: Diácono Francisco Bártolo)