
Mais de metade dos novos contratos de crédito à habitação, 54%, devia 80% ou menos do valor da casa. No total dos empréstimos, no final de 2022 cerca de 93% devia 80% ou menos do valor da casa.
As famílias fazem cada vez mais contas para pagarem os empréstimos. Segundo dados publicados hoje pelo Banco de Portugal, desde 2022, em que foram recomendadas várias medidas para limitar o risco na concessão de crédito, a Taxa de esforço das famílias com empréstimos agravou-se de 23,5% para 25,1% do rendimento.
O supervisor explica esta agravamento “em parte, pelo contexto atual de aumento das taxas de juro”.
Se tivermos em conta apenas as novas operações de crédito à habitação, a taxa de esforço aumenta de 21,9% em 2021 para 24%. “Resulta da maior exposição do crédito à habitação a aumentos da taxa de juro já que este é tipicamente contratado a taxa variável enquanto o crédito ao consumo é contratado a taxa fixa”, diz o Banco de Portugal.
Maioria dos créditos até 90% do valor da casa
Foi uma das recomendações do Banco Central, que o valor em dívida não ultrapassasse 90% do valor de aquisição, uma meta que em 2022 foi cumprida pela quase totalidade dos novos créditos.
Mais de metade dos novos contratos de crédito à habitação, 54%, devia 80% ou menos do valor da casa. No total dos empréstimos, no final de 2022 cerca de 93% devia 80% ou menos do valor da casa.
Segundo o Relatório de Acompanhamento da Recomendação macroprudencial sobre novos créditos a consumidores, estes dados representam “ma melhoria do perfil de risco dos mutuários das novas operações de crédito à habitação com uma redução da percentagem de crédito concedido a mutuários de risco elevado”.
Os travões nos créditos foram implementados em duas fases, primeiro em julho de 2018 e depois em abril de 2022. Além de limites mais apertados ao valor pedido, incluem ainda margens mais pequenas face aos rendimentos das famílias e prazos de pagamento menores
Crédito pessoal para comprar casa é residual
Depois de terem reduzido o valor que as famílias podiam pedir emprestado para pagarem a habitação, os bancos avaliaram se estariam a recorrer a outros empréstimos para pagarem a verba em falta.
O Banco de Portugal admite que 1,2% do crédito pessoal poderia estar a ser utilizado para aquisição de habitação, mas garante que as situações foram corrigidas.
“Em 2022, foi solicitada, a um conjunto de instituições, informação sobre os controlos implementados ou a implementar, de forma a prevenir a ocorrência deste tipo de situações”, ou seja, “a contratação simultânea de crédito à habitação e de crédito pessoal, em montante suscetível de ser potencialmente utilizado com a mesma finalidade, tem reduzida materialidade”, explica o supervisor.
Para prevenir o recurso a crédito pessoal para a aquisição de habitação, “as instituições implementaram um conjunto de controlos”, entre eles a proibição destas operações, a monitorização da concessão de crédito pessoal próxima da contratualização do crédito à habitação e a recolha de informação sobre a origem dos capitais próprios.
(inf: Rádio Renascença)