
Em modo de Nota Informativa, D. Manuel Linda reitera que “nenhum abusador tem ou terá lugar no seio do clero”. Voz Portucalense publica na íntegra.
Um grupo de leigos divulgou uma “Carta Aberta ao Bispo do Porto”. Agradece-se a boa vontade de contribuírem, com participação ativa e sinodal, para o necessário apoio às vítimas e para a construção de uma cultura do respeito e da confiança, algo que já faz parte da vida e sensibilidade dos agentes pastorais, mas que pode e deve ser implementado com maior empenho por parte de todos.
As preocupações apresentadas na Carta também são as mesmas do Bispo do Porto: prioridade às vítimas, acompanhá-las e erradicar este dramático fenómeno da vida da Igreja, a par da certeza de que nenhum abusador tem ou terá lugar no seio do clero.
Porém, há que esclarecer que a lista apresentada pela Comissão Independente apenas traz o nome do eventual abusador e não o da vítima: esta confiou-lhe o seu testemunho precisamente por saber que ficava a coberto do mais rigoroso anonimato. Por isso, o bispo não sabe o nome das vítimas. Daí a investigação a que procedeu e continua a realizar. Mas se os subscritores conhecem as vítimas, em consciência devem indicá-las ao bispo.
O Grupo refere: “ficámos a saber que o nosso Bispo optou por remeter ao Vaticano e ao Ministério Público 4 processos”. Certamente, essa afirmação deve-se a uma leitura mais apressada do Comunicado do passado dia 24 de março. Nele se afirma que “o Bispo do Porto entregou à Procuradoria Geral da República a lista dos eventuais abusadores, tal como a recebeu da Comissão Independente”. Se foi “tal como a recebeu”, não foram apenas os tais quatro nomes: foram todos! E logo a seguir, escreve-se: “Ao mesmo tempo, recolheu todos os elementos disponíveis sobre cada um dos nomes lá constantes. Reuniu com cada um deles e procedeu à realização de um inquérito preliminar”. Se é “sobre cada um dos nomes lá constantes”, logicamente é sobre todos e não sobre qualquer parte. Obviamente, excetuam-se os mortos.
Esta é a hora do efetivo apoio personalizado às vítimas, logo que sejam conhecidas. É também a hora da justiça que passa pela investigação e pelo direito penal. Mas, para que se trate efetivamente de justiça, é necessário que se cumpram as normas do direito e se evitem critérios subjetivos, por mais bem-intencionados que sejam.
Porto, 31 de março de 2023