Urgência da Igreja examinar o passado e arrepender-se

 Por Joaquim Armindo

“Durante o dia o Senhor ia adiante deles, numa coluna de nuvem, para guiá-los no caminho, e de noite, numa coluna de fogo, para iluminá-los, e assim podiam caminhar de dia e de noite.” (Êxodo 13:2), é com este versículo bíblico que acaba a declaração da IV Consulta Internacional Trienal da Sociedade Unida Parceiras no Evangelho (USPG), de 29 igrejas membros da Comunhão Anglicana, reunida entre janeiro e fevereiro do corrente ano, na Tanzânia. A reunião que exprime “a urgência para que a Igreja examine o seu passado e se arrependa de sua cumplicidade histórica e contínua na escravidão de pessoas”, exorta as igrejas lembrando-lhes mais dois versículos bíblicos:
“Disse o Senhor: “De facto tenho visto a opressão sobre o meu povo”…Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: “Deixe o meu povo ir”.(Êxodo 3:7a, 5:1b)  expressando a convicção que qualquer forma de “tráfico humano” é “como uma forma de escravidão moderna” e constitui  o fomento do “comércio de escravos”, no caso concreto da África Oriental, de onde provém a USPG. Reconhecendo as complexidades missionárias que viveram as igrejas anglicanas nesses países, como resultado de “heranças da escravidão que afetam diversos grupos de pessoas. Elas incluem os descendentes de escravos e aqueles que negociavam e se beneficiavam diretamente do trabalho escravo, assim como aqueles cujas terras foram colonizadas e aqueles que, através da violência e genocídio, se apoderaram da terra de outros, deslocando populações e culturas locais.”, o documento analisa o passado, na afirmação do seu arrependimento na contínua escravidão humana.

É em espírito de oração que afirmam “a dignidade inerente e a liberdade de todos os seres humanos em virtude de serem criados à imagem de Deus sem exceção. Essa identidade comum como portadores da imagem divina nos obriga a não distorcer a imagem de Deus através da objetificação dos outros e da desumanização de nós próprios.”, aprendendo com esses povos o louvor a Deus mesmo tendo-o negado, em muitos casos, pois é “o clamor dos escravos hebreus e cujo Espírito fortaleceu Jesus a proclamar a libertação dos cativos, nos chama como Igreja para responder ao pecado e ao escândalo do tráfico humano a partir do princípio de solidariedade.”

Por isso reconhecem “que o nosso atual sistema global reflete o imperialismo do passado que foi fundado sobre a exploração dos povos e do planeta. Esses sistemas globais agravam as causas principais do tráfico humano como, por exemplo, a desigualdade económica e social, instabilidade política, conflitos étnicos, e mudanças climáticas – todos os quais estão ligados às questões persistentes de racismo, preconceito social e exploração dos povos indígenas.” e que é necessário “consolidar os esforços no enfrentamento do tráfico humano e da escravidão moderna.” Diríamos nós, aqui e agora, o “tráfico humano e escravidão moderna” que passa também pelos “abusos sexuais” cometidos a pessoas, só porque eram crianças.

Para ler todo o texto:

https://d3hgrlq6yacptf.cloudfront.net/uspg/content/pages/documents/final-communique-ic202383471466460.pdf