Papa alertou para religiosidade centrada na «hipocrisia das aparências»

Foto: Vatican Media

O Papa alertou hoje em Roma para uma religiosidade de “aparência” e de “presunção”, convidando a um “exame de consciência” sobre a forma de viver a fé e a relação com os outros.

“Não nos escondamos atrás da hipocrisia das aparências, mas entreguemos confiadamente à misericórdia do Senhor as nossas opacidades, os nossos erros, as nossas misérias”, disse na homilia da celebração penitencial a que presidiu na Paróquia de Santa Maria delle Grazie al Trionfale, no âmbito da iniciativa ’24 horas para o Senhor’.

Francisco cumprimentou algumas pessoas à chegada, antes de entrar na igreja, já em cadeira de rodas; durante a cerimónia, já sentado, confessou a mãe de uma criança com síndrome de Down, que segurava o bebé ao colo, e um jovem da paróquia Romana.

Antes, na sua intervenção, o Papa foi particularmente crítico de quem “se sente demasiado rico de si e da sua probidade religiosa”, julgando-se melhor dos que os outros, dando como exemplo os católicos que apontam o dedo aos “divorciados pecadores”, em vez de assumir os próprios erros.

A homilia alertou para a tentação de viver uma religiosidade centrada em “salvar as aparências”, incapaz de “dar lugar a Deus, porque não sente necessidade dele”.

“O lugar de Deus foi ocupado com o próprio ‘eu’ e então, mesmo que recite orações e realize atos de piedade, verdadeiramente não dialoga com o Senhor”, precisou.

Numa celebração com transmissão online, a reflexão do Papa partiu da parábola do “fariseu e do publicano”, apresentada no Evangelho segundo São Lucas (cf. Lc 18, 9-14), na qual os dois homens vão ao templo para rezar, “mas só um chega ao coração de Deus”.

“Formalmente, a oração do fariseu é impecável, exteriormente vê-se um homem piedoso e devoto, mas, em vez de se abrir a Deus levando-lhe a verdade do coração, esconde hipocritamente as suas fraquezas”, e, pelo contrário, procura um “prémio pelos próprios méritos”, advertiu Francisco.

Já o publicano “mantém a distância”, consciente dos seus erros.

“Precisamente esta distância, expressão do seu ser de pecador face à santidade de Deus, permite-lhe experimentar o abraço bendito e misericordioso do Pai”, acrescentou o Papa.

As ’24 Horas para o Senhor’, entre hoje e sábado, são celebradas em todas as dioceses do mundo, na véspera do IV domingo da Quaresma, como preparação para a Páscoa.

O Papa destacou a importância do sacramento da Confissão, um “encontro festivo, que cura o coração e deixa paz interior”, não “um tribunal humano que mete medo, mas um abraço divino para ser consolado”.

Francisco dirigiu-se aos confessores, presentes na celebração em Roma, para lhes deixar um pedido, a respeito da celebração da Reconciliação.

“Por favor, o sacramento da Confissão não é para torturar, mas é para dar paz. Perdoai tudo, tudo, como Deus vos perdoará tudo a vós, tudo, tudo”, disse.

O Dicastério para a Evangelização (organismo da Santa Sé) publicou um subsídio pastoral, que contém sugestões para a oração pessoal e a celebração em comunidade.

Este subsídio visa oferecer “algumas sugestões para permitir às paróquias e comunidades cristãs prepararem-se para viver a iniciativa e trata-se, evidentemente, de propostas que podem ser adaptadas de acordo com as necessidades e costumes locais.

(inf: Agência Ecclesia)