
Por Joaquim Armindo
“Portanto, busque sempre a harmonia. Quando os povos não respeitam o bem do solo, o bem do meio ambiente, o bem do clima, o bem da vegetação ou o bem da fauna, esse bem geral, quando não o respeitam, caem na não -posições humanas, porque perdem esse contato com —vou dizer a palavra— a mãe terra. Não no sentido supersticioso, mas no sentido de que a cultura nos dá e nos dá essa harmonia. As culturas aborígenes não devem ser convertidas em uma cultura moderna; Eles devem ser respeitados. [Há] duas coisas a considerar: caminhar em seu caminho de desenvolvimento e, em segundo lugar, ouvir as mensagens de sabedoria que eles nos transmitem. Porque é uma sabedoria não enciclopédica. É a sabedoria de ver, ouvir e tocar na vida cotidiana.” – esta uma das frases que o bispo de Roma e papa Francisco deixou aos participantes do 6-º Encontro Global dos Povos Indígenas, no passado dia 10. O tema do encontro “Liderança dos Povos Indígenas em questões Climáticas: Soluções Comunitárias para Melhorar e Resiliência e a Biodiversidade”, constituiu mais uma oportunidade para a chamada da Humanidade à proteção do meio ambiente (ecologia ambiental). É certo, como refere no seu discurso Francisco, não esquece que “Viver bem não é o “dolce far niente”, a “dolce vita” da burguesia destilada. Não, não. É viver em harmonia com a natureza, sabendo buscar, não tanto o equilíbrio, mas sim a harmonia, que é superior ao equilíbrio. A balança pode ser funcional; a harmonia nunca é funcional, ela é soberana em si mesma.”, como lembrando que a ecologia não é só ambiental, mas, também. social, cultural e económica, embebida na espiritualidade de cada pessoa e comunidade.
Por isso mesmo é que a harmonia da vida humana “joga-se” numa tribuna onde a cultura não é descartável, ela é, antes do mais a substância das outras ecologias e só assim teremos uma Casa Comum, onde a ovelha brinca com lobo, come com ele e sabe que sem ele não pode sobreviver. Os homens e as mulheres têm de aprender a brincar juntos – como quando eram crianças -, porque só assim teremos uma Cosmos Feliz, onde a harmonia supera a diversidade, condição suficiente para a sua unidade.
“Infelizmente [continua Francisco] estamos presenciando uma crise social e ambiental sem precedentes. Se queremos realmente cuidar da nossa casa comum e melhorar o planeta em que vivemos, são essenciais mudanças profundas nos estilos de vida, nos modelos de produção e consumo.” É sem dúvida um impacto que temos de sofrer em cada um de nós “Um impacto. Um impacto não só físico, mas psicológico e cultural.”
E fecho a crónica com a frase “As culturas aborígenes não devem ser convertidas”, ou seja, nenhuma cultura deve ser convertida. Unidade na Diversidade!