A superação da pobreza

Por Joaquim Armindo

“Sabemos como a valorização dos salários dos trabalhadores portugueses em grande medida depende do aumento da produtividade, da capacidade de empresários e trabalhadores reforçarem a produtividade das suas empresas. Mas reconhecemos também que a valorização desses salários depende de decisão de repartição dos rendimentos, da atribuição objetiva de uma maior parcela desses rendimentos do trabalho…[pois é] um desígnio nacional prioritário: que no nosso país aqueles que trabalham possam ter salários que permitam superar a pobreza e promover a realização integral de cada pessoa  de cada família” – assim acaba o comunicado das organizações católicas romanas, que reuniu a Comissão Justiça e Paz com movimentos católicos de trabalhadores com a Associação Cristã dos Empresários e Gestores. Um comunicado é brando, mas conseguiu reunir o pensamento cristão em Portugal dos Empresários e Gestores com os movimentos cristãos de trabalhadores sob o tema “Salários Justos contra a Pobreza”. Afirmam ainda que os princípios da igreja pautam-se sobre o “o primado das pessoas sobre as coisas, e que “o trabalho para a pessoa e não a pessoa para o trabalho”, como salienta a doutrina da igreja católica romana desde sempre.

Este comunicado surge na altura em que por Portugal inteiro se dão greves e manifestações em catadupa. Sabemos que o nosso país gasta mais do que o que produz, por isso possui uma divida externa superior a 100%, mas torna-se necessário dar uma “grande volta” ao que se passa. Sabemos que os trabalhadores portugueses, sejam eles médicos, enfermeiros, professores ou trabalhadores da construção civil, não conseguem “levar para as suas famílias” o produto do seu trabalho, o necessário para que vivam dignamente e mesmo que se duplicasse o salário, estariam bem longe do necessário. É isto sim, um salário justo será aquele que reconhece com justiça os anos de estudo e os do trabalho, e não podem existir “truques” que sabotem a Justiça.

Não consigo estar contra ninguém – nem mesmo o governo, que, certamente, não quereria que a injustiça permanecesse – , num instante, este é um olhar que não pode compadecer-se com pensões indignas de 400 euros ou vencimentos de 800 euros, o dobro destes valores ainda não estariam bem. Como refere o comunicado acima mencionado “Um salário justo deve atender às necessidades familiares do trabalhador, pois é ele que torna possível a constituição de uma família, que é um direito fundamental e uma vocação da pessoa. Tal não exclui a importância de apoios públicos à família, segundo critérios de justiça social”.

Quem governa tem de saber isto!