RD Congo: Papa afirmou que a pobreza não é a ausência de bens, mas o modo como são distribuídos

Foto: Vatican Media

Em encontro com representantes de obras de caridade da República Democrática do Congo. Francisco fez um apelo à comunicação social para que dê mais voz ao continente africano.

Kinshasa, Nunciatura Apostólica, o último encontro do Papa Francisco no seu segundo dia na República Democrática do Congo foi com representantes de obras de caridade no dia 1 de fevereiro.

Declarou que aquilo que causa a pobreza não é propriamente a ausência de bens, mas a sua má distribuição:

“O que causa a pobreza não é tanto a ausência de bens e de oportunidades, mas a sua iníqua distribuição. Quem é abastado, particularmente se cristão, sinta-se interpelado a repartir o que possui com quem carece do necessário, sobretudo se pertence ao mesmo povo. Não é uma questão de bondade, mas de justiça”, frisou o Santo Padre.

No final do primeiro dia de fevereiro, o Santo Padre sublinhou o seu reconhecimento pelo trabalho sócio caritativo desenvolvido pelas instituições presentes neste encontro. Revelou-se mesmo impressionado pelo facto de lhe terem falado com carinho dos pobres.

“Houve uma coisa que me impressionou! É que não vos limitastes a elencar os problemas sociais nem a enumerar dados sem conta sobre a pobreza, mas sobretudo falastes com carinho dos pobres. Referistes a vossa relação com pessoas que, antes, não conhecíeis e agora se vos tornaram familiares: nomes e rostos. Obrigado por este olhar que sabe reconhecer Jesus nos seus irmãos mais pequeninos”, afirmou.

Francisco pediu mais atenção da comunicação social para o continente africano e disse querer favorecer o crescimento e a esperança na Republica Democrática do Congo e em toda a África, dando voz a quem não a tem, começando pelas obras de caridade.

“Quero dar voz àquilo que fazeis, favorecer o crescimento e a esperança na República Democrática do Congo e neste continente. Vim aqui animado pelo desejo de dar voz a quem a não tem. Como gostaria que os meios de comunicação dessem mais espaço a este país e à África inteira! Oxalá se conheçam os povos, as culturas, os sofrimentos e as esperanças deste jovem continente do futuro!”, disse o Papa.

O Papa referiu no seu discurso que “a caridade requer exemplaridade”, ou seja, deve ser expressão do “estilo de vida” cristão. Ao mesmo tempo, deve ter clarividência sabendo “olhar ao longe” para que as obras sejam sustentáveis e duradouras.

Assinalou ainda um terceiro elemento que deve ser utilizado na ação caritativa: a conexão, isto é, a capacidade de “construir rede” trabalhando “cada vez mais juntos” em “constante sinergia”. “Tudo, para benefício dos pobres”, concluiu o Papa Francisco.

RS