Domingo VI do Tempo Comum

12 de Fevereiro de 2023

 

Indicação das leituras

Leitura do Livro de Ben-Sirá                                                                 Sir 15,16-21 (15-20)

«Se quiseres, guardarás os mandamentos: ser fiel depende da tua vontade.».

 

Salmo Responsorial                                            Salmo 118 (119)

Ditoso o que anda na lei do Senhor.

 

Leitura da primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios       1 Cor 2,6-10

«Nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que O amam».

 

Aclamação ao Evangelho           cf. Mt 11,25

Aleluia.

Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra,

porque revelastes aos pequeninos

os mistérios do reino.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus                         Mt 5, 17-37

«Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar».

«Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus».

«A vossa linguagem deve ser: ‘Sim, sim; não, não’».

 

Viver a Palavra

Sobre o Monte, Jesus continua a falar ao coração dos Seus discípulos, apresentando as coordenadas fundamentais para O seguir e para colaborar na missão de estabelecer no mundo o Reino de Deus. Ser feliz, ser bem-aventurado, é partir na aventura de subir ao Monte com Jesus. É abraçar o desafio de caminhar rumo à medida alta da santidade. É ser luz e sal para que no mundo possa ecoar a mais bela melodia do amor e, assim, contemplando as nossas boas obras, cada homem e cada mulher eleve o seu olhar para Aquele que é a fonte de todo o amor.

Subir ao monte é uma experiência humana verdadeiramente marcante não só pela possibilidade de contemplar o mundo e a natureza de um modo novo, mas também porque exige esforço e determinação para atingir a meta. Sabemos como os nossos antepassados, desde os cultos mais primitivos até às capelas e santuários cristãos, escolheram o cimo do monte como lugar privilegiado para o encontro com Deus. Subir para descer, chegar mais alto para trilhar melhor os caminhos cá em baixo, aproximar-se de Deus para melhor nos aproximarmos dos irmãos. É esta a nova lógica do Reino que Jesus faz ecoar sobre o monte e que nos aponta a radicalidade do Seu Evangelho.

Jesus apresenta a novidade da sua mensagem, levando à plenitude a lei que outrora também sobre o monte foi dada ao povo por meio de Moisés. Esta lei nova, que Jesus não vem revogar mas completar, deve ser inscrita não em tábuas de pedra mas no coração dócil de cada homem e cada mulher. Esta é uma proposta livre que reclama do nosso coração uma adesão consciente e determinada: «se quiseres, guardarás os mandamentos: ser fiel depende da tua vontade. Deus pôs diante de ti o fogo e a água: estenderás a mão para o que desejares». Seguir Jesus Cristo, acolhendo a radicalidade do Seu Evangelho é um caminho de verdadeira liberdade e, por isso, tão exigente. Livremente eu aceito não viver uma lei de mínimos, livremente eu desejo ser mais e melhor a partir do amor de Jesus, livremente eu acolho o desafio de viver a permanente tensão entre aquilo que sou e aquilo que o Senhor me chama a ser.

Viver com radicalidade o que Jesus nos propõe no Evangelho deste Domingo pode ser frustrante e até desanimador e podemos até ser tentados a afirmar que esta proposta está para lá das nossas capacidades humanas. Na verdade, sozinhos nunca seremos capazes, mas conscientes de que Aquele que nos aponta o caminho também caminha connosco, poderemos avançar com renovada esperança e revigorada confiança. A exigência do caminho e a medida alta que está colocada diante de nós são a garantia de que estaremos permanentemente a caminhar, numa atitude de permanente conversão, superando os nossos limites, vencendo as nossas fragilidades e acolhendo o convite de Jesus para que a nossa linguagem seja sempre marcada pela determinação de quem sabe dizer sim ao amor e não a tudo o que nos afasta dele.

«Ouvistes que foi dito aos antigosEu, porém, digo-vos». Estas palavras estão entre as mais radicais do Evangelho, mas são também as mais humanas, porque nos indicam o caminho da verdadeira felicidade, a possibilidade de viver de modo novo a relação com os outros e realizar no tempo e na história o Reino de Deus que haveremos de experimentar em plenitude no Céu.

 

Homiliário patrístico

Dos Sermões de São Leão Magno, papa (Séc. V)

Que poderá haver de mais estável e fiel que esta palavra, em cuja proclamação ressoa em uníssono a dupla trombeta do Velho e do Novo Testamento, e na qual todos os testemunhos dos tempos antigos coincidem com o ensinamento do Evangelho? Na verdade, as páginas de uma e outra Aliança confirmam-se mutuamente, e o esplendor da glória presente mostra, de maneira certa e manifesta, Aquele que as antigas figuras tinham prometido sob o véu do mistério; porque, como diz São João, a lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. N’Ele se cumpriram integralmente a promessa das figuras proféticas e o sentido dos preceitos da Lei; porque pela sua presença mostra a verdade das profecias, e pela sua graça torna possível a observância dos mandamentos.

Sirva, portanto, a proclamação do santo Evangelho para confirmar a fé de todos, e ninguém se envergonhe da cruz de Cristo, pela qual o mundo foi redimido. Ninguém tenha medo de sofrer pela justiça, ou desespere da realização das promessas, porque é pelo trabalho que se chega ao repouso, e pela morte à vida. O Senhor fez sua a debilidade da nossa humilde condição, e se permanecermos no seu amor e na confissão do seu nome, venceremos o que Ele venceu e receberemos o que Ele prometeu.

Por isso, quer se trate de cumprir os mandamentos ou de suportar a adversidade, há-de ressoar sempre aos nossos ouvidos a voz do Pai, que assim se fez ouvir: Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência: escutai-O.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. No dia 14 de Fevereiro, comemora-se o dia dos namorados. A Pastoral Familiar da paróquia pode convidar os namorados a participar de modo especial na celebração deste Domingo ou noutro momento considerado mais oportuno e valorizar-se a sua presença com uma oração rezada em conjunto ou uma especial bênção para os namorados/noivos. Recordo que a Exortação Amoris Laetitia convida «as comunidades cristãs a reconhecerem que é um bem para elas mesmas acompanhar o caminho de amor dos noivos» (AL 207). Além disso, este momento torna-se uma oportunidade para os casais de namorados cristãos olharem o tempo de namoro como tempo feliz de preparação para o sacramento do matrimónio num caminho comunitário.

 

  1. Para os leitores: na primeira leitura pede-se a atenção para a frase condicional que abre a leitura, bem como para as duas frases seguintes cuja dinâmica em jeito de proposta alternativa deve ser sublinhada na proclamação da leitura. A segunda leitura não apresenta nenhuma dificuldade aparente, contudo pede-se o especial cuidado a ter nas cartas de Paulo na atenção às frases longas com diversas orações e uma preparação que ajude a estabelecer os lugares de pausa e paragem para uma melhor articulação da leitura.

 

Sugestões de cânticos

Entrada: Sede a rocha do meu refúgio – M. Simões (CN 903); Salmo Responsorial: Ditoso o que anda na lei (Sl 118) – M. Luís (SRML 116-117); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Bendito sejais, ó Pai… – M. Carneiro (CN 51); Ofertório: Quem segue o Senhor ama a verdade – J.P. Martins (CN 848); Comunhão: Se cumprirdes os meus mandamentos – C. Silva (CN 899); Final: Cantai ao Senhor, cantai – M. Silva (CN 276).