O recurso às poupanças é uma das situações mais frequentes, a par com outra novidade que até agora era desconhecida: pedir dinheiro emprestado a amigos e familiares.
Os portugueses estão com mais dificuldades para chegar ao fim do mês. Segundo um inquérito da Grupo Euroconsumers, onde se inclui a Deco/proteste, 46% não tem quaisquer poupanças para lidar com a crise se esta de acentuar.
“De acordo com este inquérito, a situação financeira de 60% dos portugueses piorou. Comparativamente aos mesmos dados que nós tínhamos recolhido em abril verificou-se que, em oito meses, a situação piorou e passou de 41% para 60%”, avançou à Renascença Ana Guerreiro, da Deco.
A mesma especialista refere que o recurso às poupanças é uma das situações mais frequentes, a par com outra novidade: pedir dinheiro emprestado a amigos e familiares. “O recurso a empréstimos financeiros junto de familiares e amigos foi admitido por cerca de um terço daqueles que já se encontram numa situação financeira difícil.”
Segundo a Deco, há mais ginástica financeira e as famílias recorreram a cortes para enfrentar a crise.
“No top da maioria dos cortes que já fez e vai continuar a fazer estão: a energia, a mudança de hábitos, desligar os interruptores, trocar as lâmpadas, reduzir o valor da fatura energética; em segundo lugar, o lazer e as atividades sociais, portanto, almoçar ou jantar fora, ir a bares; em terceiro, a questão da alimentação; em quarto, roupas e acessórios; e em quinto lugar, as atividades culturais, no que se refere a concertos, teatro, e museus”, enumera.
Os consumidores sentem também que são eles a suportar todos os custos desta inflação e do seu impacto, estando as empresas a aproveitar-se do aumento do custo de vida para obterem lucros.
“Sentem é que são eles que estão a suportar todo este impacto quando, na composição ou na cadeia de qualquer tipo de produto ou serviço, existe uma série de intervenientes que contribuem para esse determinado valor. Por exemplo, no caso da alimentação, desde o produtor ao distribuidor, ao armazenista, ao retalhista, e ao próprio Governo, todos têm aqui uma intervenção.”
Em dezembro de 2022, mais de metade dos inquiridos portugueses (60%) assumiu viver em condições financeiras mais frágeis, em comparação com o início do respetivo ano, face ao aumento da inflação. Da mesma forma, 26% dos inquiridos assumiu que, no início do ano, chegavam ao fim do mês sem dinheiro – em dezembro, esta percentagem aumentou para 30%.
“Dado o enorme impacto que os aumentos de preços estão a ter na vida dos consumidores e na economia em geral, é urgente que os decisores políticos e as autoridades analisem de perto as diferentes definições de preços, verifiquem se os custos mais elevados são de facto justificados e tomem medidas se necessário”, diz Els Bruggeman, Head of Policy and Enforcement da Euroconsumers.
(inf: Rádio Renascença)