Mas afinal o que é a sustentabilidade (2)

Por Joaquim Armindo

Desde 1987 que a expressão Desenvolvimento Sustentável foi formalmente definida no Relatório Brundtland como “desenvolvimento que atenda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazer as suas próprias necessidades” World Commission on Environment and Development (WCED, 1987). Só que desde então para cá, e de acordo com variegadas fontes, os conceitos de “Sustentabilidade” e de “Desenvolvimento Sustentável” amadureceram com os tempos e as Ciências da Sustentabilidade são importante campo de pesquisa e, por isso, a definição de 1987 encontra-se muito ultrapassada. As partes interessadas das organizações, ou seja, todos os intervenientes a montante, na e a jusante da organização – o seu contexto -, o que inclui as populações, têm constituído “poderes” determinativos, para o desafio da promoção do interesse das organizações pelo desenvolvimento económico, social, ambiental e cultural. Daí um crescente interesse por estas matérias que poderão ser a prazo definitivas para a concretização de uma sociedade sustentável, onde se incluem o futuro sustentável das cidades, dos países e do planeta.

Os problemas mais urgentes que a Ciência da Sustentabilidade, precisa de resolver devem ser definidos pela sociedade, em busca de um desenvolvimento orientado para a Sustentabilidade, envolvendo todos os atores, aos seus vários níveis. Assim, entende-se que mais estudos de pesquisa são necessários para fornecer o conhecimento e a perceção das diferentes partes interessadas relativamente às questões da Sustentabilidade. Neste século XXI existe a preocupação no evoluir da sociedade para patamares que dignifiquem o ser humano, numa procura constante da felicidade. Esta preocupação poderá ser traduzida pela busca de cidades e cidadanias saudáveis e felizes. [1]

O teólogo Leonardo Boff ousou uma definição, “não limitativa”, que convém ter em consideração, até porque qualquer alusão à Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável passará sempre por uma ética e uma moral, a que não é alheio o princípio de que a sustentabilidade possui uma dimensão espiritual, independentemente da religião que se professe. Então, escreveu Boff: “Sustentabilidade é uma ação destinada a manter as condições energéticas, de informação e físico-químicas que sustentam todos os seres, em especial a Terra, vivam a comunidade de vida e a vida humana, em ordem à sua continuidade, além de atender às necessidades da geração atual e das gerações futuras, assim como da comunidade de vida que as acompanha, de tal forma que Criação seja mantida e enriquecida na sua capacidade de regeneração, reprodução e coevolução”.

[1] Almeida, J.A (2019). Tese de Doutoramento em “Ecologia e Saúde Ambiental”.