Domingo V do Tempo Comum

Papa Francisco esteve na Hungria por algumas horas em setembro de 2021 para encerrar o 52.º Congresso Eucarístico Internacional.

5 de Fevereiro de 2023

 

Indicação das leituras

Leitura do Livro de Isaías                                                                      Is 58,7-10

«A tua luz despontará como a aurora, e as tuas feridas não tardarão a sarar».

 

Salmo Responsorial                                            Salmo 111 (112)

Para o homem recto nascerá uma luz no meio das trevas.

 

Leitura da primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios       1 Cor 2,1-5

«Pensei que, entre vós, não devia saber nada senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado».

 

Aclamação ao Evangelho           Jo 8,12

Aleluia.

Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor:

quem Me segue terá a luz da vida.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus                         Mt 5,13-16

«Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo».

«Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus».

 

Viver a Palavra

Como cristãos somos chamados a habitar o mundo em que vivemos, vencendo a globalização da indiferença, libertando-nos do nosso comodismo e testemunhando com ousadia a felicidade de viver com os olhos e o coração abertos sobre o mundo.

Dirigindo-se aos discípulos de outrora, Jesus interpela cada um de nós, discípulos de hoje, neste lugar e tempo concreto da história humana: «Vós sois o sal da terra! Vós sois a luz do mundo!». Jesus diz precisamente «vós sois» e não «vós deveis ser». Ser sal e ser luz fazem parte da nossa identidade cristã e devem moldar todo o nosso querer e agir. Bem sabemos que muitas vezes a nossa vida é insípida e opaca, mas no nosso coração Deus derramou o sal que transforma e dá sabor e a luz que dissipa as trevas e ilumina mesmo os recantos mais recônditos da nossa existência.

Somos chamados a ser sal que não perde a força e luz que não se esconde. Como discípulos missionários somos convocados para ser verdadeiros protagonistas na construção da civilização do amor, apontando sempre para Jesus Cristo, meta das nossas vidas e garante da eficácia da nossa missão, não obstante a nossa fragilidade e pecado. Como Paulo, diante da missão que nos é confiada, somos tentados a dizer: «apresentei-me diante de vós cheio de fraqueza e de temor e a tremer deveras». Contudo, devemos fixar o nosso olhar e a nossa atenção na confiança que Jesus deposita em cada um de nós: Ele conhecendo a nossa fragilidade e debilidade não hesita em fazer de nós sal e luz e faz das nossas vidas lugares luminosos e saborosos para que no mundo se possa saborear a misericórdia e a ternura de Deus e se possa contemplar a luz terna e suave do Seu amor. Não tenhamos medo da nossa fragilidade, nem tampouco deixemos que ela nos paralise. Escutemos o Papa Francisco: «prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças» (EG 49). Vencendo o comodismo, somos chamados a lançar-nos ao caminho, a ser sal e luz, a ser testemunhas criativas de que só o amor pode transformar o mundo num lugar melhor e mais feliz.

O sal é, antes de tudo, um elemento saído das águas do mar, respondendo ao luminoso apelo do sol. Assim, cada um de nós é chamado a ascender pela força atractiva da Luz divina. Mas como o sal que depois deve descer aos alimentos e dissolver-se neles para que discreta e humildemente possa dar sabor na medida certa e ajustada, também cada cristão é chamado a ser no mundo e para mundo um testemunho discreto mas eficaz do amor e da ternura de Deus.

A luz permite ver a realidade e os outros de um modo novo e diferente. Só Jesus é a Luz do Mundo, mas convocados pela sua palavra, somos chamados a irradiar no tempo e na história a luz terna e suave do Seu amor. Mas gosto de imaginar o nosso ser luz como um rasto luminoso que não encandeia aqueles com quem nos cruzamos, mas que os conduz à fonte de toda a Luz que é Jesus Cristo. A primeira leitura que escutamos neste Domingo aponta de modo claro as condições necessárias para ser luz: abrir o nosso coração e a nossa vida aos que precisam de nós com gestos concretos de amor e misericórdia. Transportando na fragilidade do nosso barro o precioso tesouro que é «Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado», seremos um sinal saboroso e um rasto luminoso do amor de Deus, fazendo ecoar no tempo e na história a mais bela melodia da bondade e da ternura pela prática concreta e exigente das obras de misericórdia.

 

Homiliário patrístico

Dos Tratados de São Cromácio, bispo,

sobre o Evangelho de São Mateus (Séc. IV)

O Senhor chamou aos seus discípulos sal da terra, porque eles deviam condimentar, por meio da sabedoria celeste, os corações dos homens que o demónio tornara insensatos. E também lhes chama luz do mundo, porque, iluminados por Ele, que é a luz verdadeira e eterna, se tornaram também eles uma luz que brilha nas trevas.

O Senhor é o Sol de justiça; é com toda a razão, portanto, que chama aos seus discípulos luz do mundo, porque é por meio deles que irradia sobre o mundo inteiro a luz da sua própria ciência; com efeito, eles afugentaram do coração dos homens as trevas do erro, manifestando a luz da verdade.

Iluminados por eles, também nós passámos das trevas à luz, como diz o Apóstolo: Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; vivei como filhos da luz. E noutro passo: Não sois filhos da noite nem das trevas, mas sois filhos da luz e filhos do dia.

Por conseguinte, aquela lâmpada resplandecente, que foi acesa para nossa salvação, deve brilhar sempre em nós. Temos a lâmpada dos mandamentos de Deus e da graça espiritual, da qual afirmou David: O vosso mandamento é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos. E dela disse também Salomão: O preceito da lei é uma lâmpada.

Por isso é nosso dever não ocultar esta lâmpada da lei e da fé, mas colocá-la sempre no candelabro da Igreja para salvação de todos, a fim de gozarmos nós da luz da própria verdade e de serem iluminados todos os crentes.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. O V Domingo do Tempo Comum, primeiro Domingo do mês de Fevereiro, é o Dia Nacional da Universidade Católica Portuguesa, recordando-nos a importância da Igreja ao serviço da formação académica em várias áreas do saber. Este Domingo pode ser uma boa oportunidade para falar da importância das instituições eclesiásticas na renovação do tecido social cristão, na formação humanística dos cidadãos, sublinhando a missão da Igreja nas áreas da ciência e da investigação, acentuando a nossa responsabilidade na transformação do mundo e da sociedade. A Igreja como lugar de anúncio do Evangelho deve ser capaz de actuar nos vários âmbitos da sociedade e inculturar a fé no mundo da ciência e da cultura, sobretudo através de fiéis leigos conscientes da sua missão de discípulos missionários. Este ano o Dia da Universidade Católica Portuguesa tem como lema: «O conhecimento ao serviço da fraternidade social».

 

  1. Para os leitores: a proclamação da primeira leitura deve ser marcada pelo tom exortativo que está presente em todo o texto. Na segunda parte do texto deve ter-se em atenção as diversas frases condicionais, aproveitando a expressividade que elas pretendem transmitir. Na segunda leitura, deve ter-se em atenção as frases mais longas e com diversas orações respeitando as pausas e respirações, articulando bem as diversas frases para uma clara compreensão do texto.

 

Sugestões de cânticos

Entrada: Vinde, prostremo-nos em terra – A. Cartageno (CN 1007); Salmo Responsorial: Para o homem recto nascerá uma luz no meio das trevas (Sl 111) – M. Luís (SRML, p. 114-115); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Eu sou a Luz do mundo… – J. Roux (CN 54); Ofertório: Em Vós, Senhor, está a fonte da vida – Az. Oliveira (CN 401); Comunhão: Vós sois o sal da terra – C. Silva (CN 1027); Final: Louvado seja o meu Senhor – J. Santos (CN 586).