
Por Joaquim Armindo
Temos ouvido insistentemente falar em “Sustentabilidade”, e tantas vezes nem sabemos muito bem o que será isso. Torna-se necessário que em Igreja saibamos o que realmente é, até porque ela está bem definida por vários teólogos, nomeadamente Leonardo Boff, e na encíclica do bispo de Roma e papa Francisco “Louvado Sejas”. Deixo aqui algumas considerações do estudo a que me tenho debruçado, tentando descolar definitivamente da noção de que quando se fala em “Sustentabilidade”, não é só o aspeto económico, e muito menos o “economicismo”, que é “Sustentabilidade”. “Sustentabilidade”, advém de uma caraterística do que é perdurável, daquilo que poderá ser mantido, quer se trate de sistemas ou subsistemas, onde as suas caraterísticas são inalteradas, com a posição de que elas são “sustentadas” ao longo de um tempo e como poderemos avaliar as consequências ao longo desse tempo e de que adaptação evolutiva decorra o seu sustentamento, porque as vidas da “sustentação” são finitas. A “sustentação” ou o “sustentado” é o apoio ao “Sustentável”, por isso possui vidas finitas. A avaliação da Sustentabilidade, por isso mesmo é medível, em cada sustentação. Exemplos verificam-se no próprio Desenvolvimento Sustentável e suas Ecologias, a económica, a social e a cultural são verificadas em cada momento, o aumento ou não aumento da temperatura sustentada ou não da Sustentabilidade, em termos ambientais. O que verifica nas componentes económicas, sociais, ambientais e culturais.
Leonardo Boff (2013)[1] defende que existem duas formas de ler a palavra “sustentar”, uma “passiva” que significa “segurar por baixo, suportar” e outra a que chama de “positiva”, como “proteger, manter, alimentar, prosperar”. Ainda argumenta que existem diferenças quando se fala em “Sustentabilidade”, nomeadamente quando se refere que algo é ou não Sustentável, quando se enunciam diferenças entre “sustentado” e “Sustentável”. A “Sustentabilidade” é ativa e não passiva, em sentido positivo como conservar e manter, proteger e não suportar, impedir, em sentido negativo.
Assim quando falamos em “Sustentabilidade” referimo-nos não à resolução dos problemas económicos em modo de “crescimento contínuo” e de “conquista da natureza”, mas sim ao entendimento de todas as questões sociais, económicas, ambientais, culturais, e de justiça e promovam a viabilização da vida na Terra.
Boff refere mesmo uma definição de “Sustentabilidade” inovadora, que deixarei para o próximo número da VP.
[1] Boff, L. (2013). La Sostenibilidad – Qué es y què no es. Cantabria -: Editoria Sal Terrae.