
No passado dia 30 de Dezembro, e após a interrupção provocada pela pandemia que se abateu sobre nós, a Porta solidária voltou a organizar mais um jantar de Natal destinado às pessoas sem abrigo e a outros carenciados, muitos dos quais são utentes regulares da refeição que diariamente é servida na paróquia de Nossa Senhora da Conceição, no Porto.
Muito cedo ainda, e apesar do tempo chuvoso, começaram a formar-se filas de espera junto da entrada da cripta. Eram pessoas isoladas e famílias inteiras, muitas com crianças ainda pequenas, que se sujeitaram a aguardar a abertura da porta até próximo da hora marcada para o jantar.
Ainda antes das vinte horas, a pouco e pouco as mesas começaram a ficar devidamente preenchidas sob indicação da equipa de acolhimento, até o salão não comportar mais ninguém. Eram quatrocentos e vinte comensais.
Diferentemente do que era habitual nos anos antecedentes à pandemia, acorreram este ano ao jantar dezenas de pessoas que se percebia imediatamente não serem residentes mas constituintes dos grupos de imigrantes oriundos do norte de África. Pessoas que sendo até aqui para nós simples e abstractos elementos de notícia víamos materializados à nossa frente, constituindo daqui em diante parte da nossa existência.
Na mesa, uma estrelinha e um Menino Jesus pequenino assinalava o lugar de cada um. Estranhando o significado daquela figurinha, um deles, pegando nela perguntou “o que era aquilo”. Talvez pela primeira vez na vida ouviu dizer a um outro comensal ao seu lado, que era a figura do “Menino Jesus”, que é filho de Deus e tinha nascido em Belém há dois mil anos por nosso amor.
Antecedendo o serviço foi feita uma pequena intervenção para que, quem quisesse, se associasse à oração do Pai Nosso pedindo a bênção de Deus para cada um dos presentes e para aquela refeição.
Esta começou com o serviço do prato principal, repetido por muitos, a que se seguiram as variadas sobremesas de fruta e doces natalícios, que terminaram com café, bolo-rei e Vinho do Porto.
Antes, porém, as centenas de voluntários cantaram para os presentes as janeiras constituídas por um poema que recorda a todos que Jesus nasceu para trazer à Terra o Amor, a Luz e a Salvação, e desejar que, para obter a justiça e a paz e construir um mundo fraterno devemos a todos amar.
No fim, as crianças receberam um presente de Natal, e, à saída, todos foram contemplados com uma prenda.
Animou este encontro o grupo de cavaquinhos do Marquês que só não pôs tudo a dançar porque o espaço não o permitiu.
No final do encontro o Sr. Pe. Rubens Marques agradeceu a presença de todos, a colaboração das pessoas que se voluntariaram para organizar e servir o jantar, à Caritas Diocesana, e às Irmãs do Hospital de Santa Maria pelo apoio que prestaram e pela generosidade da sua permanente dedicação à Porta Solidária, e a todos os anónimos que com as suas ofertas de géneros possibilitaram a sua realização.
(inf: Carlos Fernandes)