Devemos repensar-nos à luz do bem comum

Por Joaquim Armindo

Com dois versículos da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, do capítulo 5, e versos 1 e 2, começa a mensagem do bispo de Roma e papa Francisco, para o Dia Mundial da Paz: “Quanto aos tempos e aos momentos, irmãos, não precisais que vos escreva. Com efeito, vós próprios sabeis perfeitamente que o Dia do Senhor chega de noite como um ladrão”, salientando que “Com estas palavras, o apóstolo Paulo convidava a comunidade de Tessalónica para que, na expetativa do encontro com o Senhor, permanecesse firme, com os pés e o coração bem assentes na terra, capaz dum olhar atento sobre a realidade e os factos da história. Assim, embora apareçam tão trágicos os acontecimentos da nossa existência sentindo-nos impelidos para o túnel obscuro e difícil da injustiça e do sofrimento, somos chamados a manter o coração aberto à esperança, confiados em Deus que Se faz presente, nos acompanha com ternura, apoia os nossos esforços e sobretudo orienta o nosso caminho. Por isso, São Paulo não cessa de exortar a comunidade a vigiar, procurando o bem, a justiça e a verdade: “não durmamos (…) como os outros, mas vigiemos e sejamos sóbrios” (5, 6). É um convite a permanecer despertos, a não nos fechar no medo, na dor ou na resignação, não ceder à dissipação, nem desanimar, mas, pelo contrário, a ser como sentinelas capazes de vigiar vislumbrando as primeiras luzes da aurora, sobretudo nas horas mais escuras.”

Lembrando a pandemia da COVID-19 e o que provocou na humanidade e a guerra da Ucrânia, deixa um apelo para que seja  a “hora de pararmos um pouco para nos interrogar, aprender, crescer e deixar transformar, como indivíduos e como comunidade; um tempo privilegiado para nos prepararmos para o “Dia do Senhor”, porque é sintomático que precisamos “uns dos outros” e “que ninguém pode salvar-se sozinho”, como vimos de tal experiência que “convida a todos, povos e nações, a colocar de novo no centro a palavra “juntos”. É “Com efeito, juntos, na fraternidade e solidariedade, que construímos a paz, garantimos a justiça, superamos os acontecimentos mais dolorosos.”

Apela Francisco a que não ignoremos as “variadas crises morais, sociais, políticas e económicas”, até porque todos estamos interligados e só promovendo a paz e ações que a concretizem, enfrentando-as com “responsabilidade e paixão” os desafios colocados serão ultrapassados e vencendo todos os vírus que estão instalados. Esta mensagem vem direitinha aos cristãos e às cristãs que instalados no conforto dos poderes ou no indiferentismo, ainda não perceberam que um mundo de Paz e Justiça só é construído quando juntos caminharmos e repensarmo-nos à luz do bem comum.

Um Santo Natal e um Bom Ano de 2023!