Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus

1 de Janeiro de 2023

 

Indicação das leituras

Leitura do Livro dos Números                                                                           Num 6,22-27

«Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e Eu os abençoarei».

 

Salmo Responsorial                                                        Salmo 66 (67)

Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção.

 

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas                                                Gal 4,4-7

«Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher».

 

Aclamação ao Evangelho                                   Hebr 1,1-2

Muitas vezes e de muitos modos

falou Deus antigamente aos nossos pais pelos Profetas.

Nestes dias, que são os últimos,

Deus falou-nos por seu Filho.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas                                      Lc 2,16-21

«Os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura».

«Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração».

 

Viver a Palavra

«O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz». Com estas palavras era abençoado o Povo de Israel, antes de partir para suas casas, no final das celebrações litúrgicas no Templo de Jerusalém e com estas palavras invocamos a bênção de Deus no primeiro dia do ano civil. Cada ano novo é como uma página em branco que se coloca diante de nós para que a possamos pintar com a mais belas cores da bondade, da ternura e da misericórdia. Desejamos votos de um ano bom e próspero aos amigos e familiares e até aos desconhecidos, augurando os melhores êxitos neste ano que começa. Queremos que seja um ano melhor e, para isso, tomamos consciência que só será um ano melhor, se em cada dia, cada um de nós, procurar ser melhor. A bênção de Deus é um dom, mas também o compromisso de sermos bênção uns para os outros, no compromisso de uma fraternidade cada vez mais verdadeira e autêntica, que seja promotora de comunhão e unidade. No início deste novo ano, damos graças ao Senhor por tudo o que foi o ano de 2022, por todos os dons que o Senhor nos concedeu, por todas as oportunidades que nos foram dadas viver. Somos convidados a dar graças até pelos momentos mais difíceis e exigentes e que foram para nós oportunidade de crescimento.

Estamos no último dia da oitava do Natal do Senhor, por isso, como os pastores acorremos apressadamente ao Presépio de Belém. Ao verem o Menino deitado na manjedoura, os pastores «começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino», testemunhando a alegria de verem cumpridas as promessas que Deus fizera outrora, pela boca dos profetas. Como eles, também nós queremos aprender a arte de contemplar as maravilhas do amor e de as comunicar com alegria e entusiasmo. Somos filhos muito amados de Deus e na contemplação do recém-nascido de Belém contemplamos como a carne humana é lugar habitado pela divindade.

A nossa frágil natureza é lugar escolhido e amado por Deus para fazer sua morada e, montando a Sua tenda no meio da humanidade Deus revela-Se e revela que a nossa carne humana, não só pode, como deve ser lugar da manifestação do amor e da misericórdia de Deus.

Contemplamos o Menino que, para nós, nasceu e, evidentemente, que a contemplação da figura de um recém-nascido é inseparável da contemplação do regaço de Sua Mãe que o acalenta e sustenta. Por isso, neste primeiro dia do ano, invocamos a figura maternal de Maria e invocámo-la como Santa Maria, Mãe de Deus, Theotokos, pois assim a invoca a Igreja desde 431. Maria é Mãe de Deus, porque acolheu o Verbo Divino no Seu seio, gerando com admiração da natureza no seu ventre Aquele, por meio do qual, tudo foi criado. Mas a grandeza de Maria, como atesta o próprio Jesus, não foi transportar no seu ventre o Verbo Incarnado ou amamentar Aquele que governa os céus e a terra, mas confiar na Palavra de Deus e fazer da vontade de Deus a sua própria vontade.

Maria disponibiliza a sua vida para o acontecer de Deus, mesmo quando sente dificuldade em compreender e acolher quanto acontece nela e através dela, por isso, nos testemunha o evangelista: «Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração».

Maria ensina-nos o segredo para acolher tantas situações e circunstâncias da nossa vida que temos dificuldade em compreender e aceitar: guardar no coração e confiar na mão carinhosa de Deus que conduz a história e que guiará a nossa vida para o seu pleno cumprimento. No regaço terno e materno de Maria, saboreamos o dom da filiação divina e, na força do Espírito, podemos clamar com toda a verdade: «Abá! Pai!».

 

Homiliário patrístico

Das Cartas de Santo Atanásio, bispo (Séc. IV)

O Verbo de Deus veio para socorrer a descendência de Abraão, como afirma o Apóstolo, e por isso devia tornar-Se semelhante em tudo aos seus irmãos e assumir um corpo semelhante ao nosso. É para isso que Maria está verdadeiramente presente neste mistério; foi d’Ela que o Verbo assumiu como próprio aquele corpo que havia de oferecer por nós. A Sagrada Escritura recorda este nascimento e diz: Envolveu-O em panos; além disso, proclama ditosos os peitos que amamentaram o Senhor e fala também do sacrifício oferecido pelo nascimento deste Primogénito. O Verbo, ao tomar a nossa condição humana e ao oferecê-la em sacrifício, assumiu-a na sua totalidade, para nos revestir depois a nós da sua condição divina, segundo as palavras do Apóstolo: É preciso que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade e que este corpo mortal se revista de imortalidade.

Portanto, era verdadeiramente humana a natureza do que nasceu de Maria, segundo as divinas escrituras; era verdadeiramente humano o corpo do Senhor. Verdadeiramente humano, quero dizer, um corpo igual ao nosso. Maria é, de facto, nossa irmã, porque todos descendemos de Adão. O que João afirma ao dizer: O Verbo Se fez homem, tem um significado semelhante ao que se encontra numa expressão paralela de São Paulo quando diz: Cristo fez-Se maldição por nós. Pela união e comunhão com o Verbo, o corpo humano recebeu um enriquecimento admirável: era mortal e passou a ser imortal, era animal e converteu-se em espiritual, era terreno e transpôs as portas do Céu.

Por outro lado, a Trindade, mesmo depois da encarnação do Verbo em Maria, continua a ser a mesma Trindade, sem aumento nem diminuição, permanecendo sempre na sua perfeição absoluta. E assim se proclama na Igreja: a Trindade numa única divindade; um só Deus, no Pai e no Verbo.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. O dia 1 de Janeiro, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, é também dia Mundial da Paz. No dia 8 de Dezembrode 1967, o Papa Paulo VI escreveu uma mensagem a todos os homens e e mulheres de boa vontade, propondo a criação do Dia Mundial da Paz, a ser festejado no dia 1 de Janeiro de cada ano, desejando que este dia fosse celebrado para lá das fronteiras da Igreja e fosse fermento de paz e unidade. Este ano assinala-se o 56.º Dia Mundial da Paz e o Papa Francisco escolheu como tema para este ano «Ninguém pode salvar-se sozinho. Juntos, recomecemos a partir de covid-19 para traçar sendas de paz». A distribuição desta mensagem pelos fiéis, bem como o convite a rezar de modo insistente pela paz tão necessária e urgente, são algumas das sugestões para assinalar esta data.

 

  1. Para os leitores: a primeira leitura apresenta uma fórmula litúrgica utilizada no Templo de Jerusalém para abençoar a comunidade, no final das celebrações litúrgicas, antes do Povo regressar a suas casas, por isso, pede-se atenção ao tom a utilizar e ao discurso directo presente no texto. Na segunda leitura, é necessário ter em atenção as diferentes pausas e respirações nas frases mais longos e com diversas orações, com um especial cuidado na expressão «Abá! Pai!», que deve ser bem integrada na frase. A palavra «Abá» deve pronunciar-se «Ábá».

 

Sugestões de cânticos

Entrada: Nós Vos saudamos, ó Mãe Santa – F. Santos (CN 665); Salmo Responsorial: Deus tenha compaixão de nós – M. Luís (SRML, p. 34-35; CN 361); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | De muitas vezes e modos – F. Santos (BML 78; COM, p. 135; NCT 70); Ofertório: O Sanctissima –Popular (CN 701); Comunhão: Jesus Cristo, ontem e hoje – A. Cartageno (CN 559); Final/Ósculação: Cantem, cantem os Anjos – M. Faria (CN 284).