Unir as vossas lágrimas às minhas

Por Joaquim Armindo

Numa carta enviada pelo bispo de Roma e Papa Francisco ao povo ucraniano, por ocasião dos noves meses de invasão por parte da Federação Russa, ele escreve: “Na vossa terra, há nove meses, desencadeou-se a absurda loucura da guerra. Nos vossos céus o rugido sinistro das explosões e o som perturbador das sirenes reverberam sem parar. As vossas cidades são bombardeadas enquanto chuvas de mísseis causam morte, destruição e dor, fome, sede e frio. Nas vossas ruas, muitos tiveram de fugir, deixando suas casas e entes queridos. Ao lado de seus grandes rios correm rios de sangue e lágrimas todos os dias. Gostaria de unir minhas lágrimas às vossas e dizer-lhes que não há um dia em que não esteja perto de vocês e não os leve em meu coração e em minhas orações. A vossa dor é a minha dor. Na cruz de Jesus hoje vejo vocês, vocês que sofrem o terror desencadeado por esta agressão. Sim, a cruz que torturou o Senhor vive nas torturas encontradas nos cadáveres, nas valas comuns descobertas em várias cidades, naquelas e em muitas outras imagens sangrentas que penetraram em nossas almas, que levantam um grito: porquê? Como os homens podem tratar outros homens assim?”

Esta forte carta dirigida ao povo mártir da Ucrânia, também é enviada a quantos sofrem com esta invasão e se as “crianças mortas, feridas ou órfãs, arrancadas das mães!” ucranianas também os são ao povo russo cujas mães choram pelos seus filhos na guerra, e a todos os povos que sofrem os horrores da guerra, estão lá bem metidos, que o digamos nós que, também. sofremos com esta invasão. Mas à guerra podemos responder com a Paz, podemos exigir a Paz e que seja feita Justiça, porque se não o for “toda a humanidade é derrotada”. Quantos jovens, da Ucrânia e da Rússia, e de tantos países, não tiveram de “pegar em armas e não nos sonhos que alimentastes para o futuro”. Por tudo isto, esta carta é um grito de angústia e de carinho, por todos que sofrem a violência de uns tantos, contra toda a humanidade.

É um grito contra a guerra, é um grito porque a Paz é possível, não só é possível como é inevitável. Tem de ser inevitável porque as “esposas, que perderam seus maridos e mordendo os lábios continuam em silêncio, com dignidade e determinação, fazendo todos os sacrifícios por seus filhos” e para que os “refugiados e deslocados internos, que se encontram longe de suas casas, muitas das quais foram destruídas” possam voltar a um são convívio “na cidade e no campo”.

Um grito que temos de ouvir “A Paz é Possível!”, e seja neste Advento, que começa, ela tenha lugar!