“Abraça o presente de Natal: é Cristo vivo!”

Diocese do Porto faz proposta pastoral para o Tempo Litúrgico do Advento ao Natal. Voz Portucalense publica caminhada dedicada às comunidades e paróquias neste final de ano 2022 e início de 2023.

 

Introdução: Cristo vivo é o nosso Presente de Natal

O nosso Plano Diocesano de Pastoral 2022-2023 (PDP) propõe-nos o lema específico «abraça o presente», à imagem do abraço entre Maria e Isabel, na cena bíblica da Visitação (Lc 1,39-45), que inspira a temática da próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Ali se explicam as várias dimensões que este «abraço» e este «presente» podem significar. Entre os vários presentes (tais como a graça deste hoje que vivemos, o processo sinodal em curso, a JMJ e os jovens que nos visitam), o grande Presente é ontem, hoje e sempre, a Pessoa e o acontecimento de Cristo vivo. É o dom do Filho de Deus. O nosso Presente é a graça de um Menino, que nos foi dado, de um Menino que nasceu para nós (cf. Is 9, 5).

É este o Presente de Natal que nos cabe abraçar, como Maria e Isabel, pois este “é o abraço de quem se acolhe mutuamente no amor, de quem partilha o Evangelho da Vida em carne viva” (PDP, 2022-2023, p.10).

Neste espírito, a Equipa Diocesana de Coordenação deste Triénio Pastoral, quer oferecer uma proposta pastoral à comunidade diocesana, para os tempos litúrgicos do Advento e do Natal – e logo depois para os tempos da Quaresma e da Páscoa – de modo que continuemos a dinâmica entusiasta e participativa do nosso caminho de preparação para a JMJ, sem perder de vista o lema pastoral abraça o presente. Esse lema concretiza-se agora no apelo “Abraça o presente do Natal: é Cristo vivo” (Christus vivit, n.º 1).  Trata-se, em todo o caso, do acolhimento de Cristo vivo, ao jeito de Maria, desde o mistério do Seu nascimento, na luz da Sua Páscoa gloriosa.

 

I. Sugestões pastorais

No nosso atual Plano Diocesano de Pastoral são sugeridas várias ações pastorais nos diversos âmbitos (da sinodalidade, da JMJ e da hospitalidade), que podem e devem ser inspiradoras para a programação pastoral do Advento e Natal.

Devemos levar à prática uma das linhas programática do nosso PDP, em que se insiste na necessidade de “dar justo protagonismo aos jovens e tornar efetiva a sua participação ativa nos lugares de ação pastoral, não apenas no plano da execução, mas também nos processos de planeamento, discernimento, elaboração e tomada de decisão” (PDP 2022-2023, IV, 2.13, p.16).  Sugere-se, pois, que a programação pastoral do tempo de Advento e do Natal tenha em conta este especial protagonismo dos jovens, nos vários serviços, ministérios e atividades pastorais, fortificando também as potencialidades dos COP e dos COV, de modo que esta participação das novas gerações reforce, ainda mais neste tempo, a marca JMJ.

Tal protagonismo não pretende obviamente excluir pessoas de outras fases etárias e de outros grupos eclesiais ou pastorais, mas, bem pelo contrário, deseja que ajudem os jovens a serem os principais dinamizadores das ações a desenvolver. Quem dera sejam eles provocadores da renovação pastoral das nossas comunidades, assumindo a liderança na proposta, promoção e realização das várias iniciativas da comunidade, numa pastoral de conjunto.

Assim, tendo em conta a prioridade JMJ e o desafio principal deste ano Abraça o presente, tão em sintonia com a dinâmica familiar, social e espiritual dos «presentes de Natal» ou «presentes do Menino Jesus», oferecemos algumas sugestões, sem calendarização fixa, permitindo que os textos bíblicos, as orações e a espiritualidade típicos da Liturgia destes tempos do Advento e Natal inspirem e formem o nosso caminho pastoral, reforçando todas as dinâmicas de acolhimento, não só por parte das famílias «porto de abrigo», mas também das comunidades eclesiais:

  1. Famílias: porto de abrigo. Promover, em contexto pastoral e/ou celebrativo, o testemunho de famílias de acolhimento (acolhimento de jovens para a JMJ, acolhimento de filhos por adoção, acolhimento de idosos abandonados, acolhimento de universitários, acolhimento de pessoas com deficiência, acolhimento de imigrantes, etc), como estímulo à hospitalidade. Cada família deve tornar-se um porto de abrigo. Vivamos os tempos do Advento e do Natal na perspetiva da Família de Nazaré: que partiu para outras paragens, transportando Jesus, no ventre de Maria. A Família que acolheu Jesus, um peregrino enviado por Deus, que trazia a esperança maior.

 

  1. Armar a tenda: Reunir as famílias de acolhimento e programar com elas um caminho de preparação para a hospitalidade dos jovens, recorrendo ao texto e catequese elaborados e disponibilizados pelo COD sobre a hospitalidade. Um dia significativo (mas não vinculativo), para esta iniciativa, podia ser o da Sagrada Família (este ano a 30 de dezembro). Neste tempo de preparação para a Jornada Mundial da Juventude, somos chamados a ser o lugar de repouso para os peregrinos que nos vão procurar, assim como outrora, Maria e José encontraram o estábulo, que estes peregrinos encontrem abrigo em nossas casas: lugares simples, 2 metros quadrados de chão, mas carregados de calor humano e amor. Não precisamos de falar a mesma língua, apenas de abrir o entendimento. Somos chamados a ser tendas de abrigo, que se abrem para os outros, deixando-se transformar, pelo que chega, pelo que é diferente e mais frágil.

 

  1. Temos Mãe: Apresentar à veneração da comunidade o ícone de Maria Salus Populi Romani. Dias favoritos podiam ser os da Solenidade da Imaculada Conceição (8 de dezembro) e de Santa Maria, Mãe de Deus (1 de janeiro), mas a marca mariana é transversal aos tempos litúrgicos do Advento e Natal. Maria, tendo acreditado, acolhido e abraçado a revelação de um Deus feito Homem, que viria ao mundo por seu intermédio, será acolhida e abrigada em casa da sua prima. E Isabel, motivada pelo salto de alegria do menino no seu seio, manifestou a sua alegria e não hesitou em acolher Maria. Acolhedora e acolhida, Maria recebe e partilha o Presente que Se revelará no Natal e que é Jesus. Maria é a Mãe hospitaleira e nossa companheira de caminhada, que recebemos em casa ao receber o Filho, que no-la confiou.

 

  1. O nosso Hino da alegria: Preparar uma coreografia do Hino da JMJ e apresentá-la no final de alguma celebração ou no contexto de outra iniciativa pastoral da comunidade. O Domingo Gaudete (Domingo da Alegria – III Domingo do Advento) ou o primeiro dia do ano civil podiam ser uma boa oportunidade. Sugerimos que se possa também promover o cântico do Hino da JMJ, de forma intergeracional, com crianças e jovens, adultos, avós e idosos. Esta iniciativa, como tantas outras, pode ser partilhada nas redes sociais.

 

  1. Troca de presentes: Promover um convívio com troca de presentes originais, elaborados pelos ofertantes, destacando sempre o grande presente, que é Cristo vivo, “O Menino que nos foi dado”.

 

  1. Luz de Belém: Partilhar a luz de Belém, pela mediação dos COV e dos COP, levando-a também a famílias de acolhimento, às famílias da comunidade em situação de maior fragilidade, ao pároco e às várias “periferias que precisam de ser iluminadas pela luz do Evangelho”. Esta iniciativa pode ter lugar no dia 23 ou na proximidade da celebração e do tempo do Natal.

 

  1. Mapa mundi: Apresentar um mapa da proveniência geográfica dos jovens, que irão ser acolhidos na Paróquia (ou no âmbito geográfico da Vigararia ou mesmo da Diocese). Esta iniciativa pode ter lugar na Epifania. Acolher é um ato gozoso e de festa. Quem abre a sua porta acredita que acolhe um ser digno de amor, um ser amável em si e digno de proteção. A hospitalidade é uma atividade que nos permite descobrir novas simpatias. A essência da hospitalidade consiste, finalmente, em questionar a ideia de que existem fronteiras que não se podem cruzar.

 

  1. Presépio jovem: A haver algum rito de veneração ao Menino, nas celebrações do tempo do Natal, os jovens podem assumir esta missão. Porque não deixar aos jovens, este ano, a dinamização da construção do Presépio, dentro e/ou fora da Igreja?

 

  1. Um presente JMJ: Promover na comunidade a oferta de um “Presente JMJ” – contribuir para a inscrição de um jovem (ou mais) com dificuldades económicas.

 

  1. Fazer brilhar a juventude. Destinar a partilha do Advento-Natal (ou parte dela) a alguma instituição eclesial, social ou cultural, vocacionada para o apoio aos jovens.

 

II. Uma ideia e um símbolo

Respeitando o desafio pastoral deste ano 2022-2023 Abraça o presente, podemos organizar a pregação dos tempos do Advento e do Natal, focados nesta ideia principal e assumindo sempre e claramente a Pessoa de Jesus Cristo vivo como “o Presente” por excelência. Cada comunidade encontrará forma de valorizar, nas linguagens e representações, nas imagens e construções do presépio, a ideia de Cristo vivo, como o “presente de Natal”, fazendo deste a imagem de marca ou o símbolo desta caminhada.  Inspirados nos textos da Liturgia de cada domingo, podemos pensar em replicar este «abraça o presente» de vários modos. Alguns textos das Exortações Apostólicas Christus vivit (CV) e da Gaudete et Exultate (GE) e da Encíclica Fratelli Tutti (FT) podem ajudar-nos a aprofundar a reflexão.  Segue-se um breve esquema, apenas como proposta:

 

1.ª semana

do Advento

Abraça o presente.

O presente é uma surpresa (cf. Evangelho)

Sê original.

CV 107

CV 162

2.ª semana

do Advento

Abraça o presente.

O presente é um rebento (cf. 1.ª leitura)

Cuida das raízes.

CV 180-191

CV 199-200

3.ª semana

do Advento

Abraça o presente.

O presente vem a caminho (cf. Evangelho)

Vale a pena arriscares.

CV 143

CV 198-201

CV 289

4.ª semana

do Advento

Abraça o presente.

O presente é um sonho (cf. Evangelho)

Liberta a vida.

CV 136-143

CV 192 ss

CV 199

Natal e Oitava do Natal Abraça o presente.

O presente é Cristo vivo (cf. Evangelho)

É dando que recebes.

CV 1-2

CV 104

CV 124

Santa Maria,

Mãe de Deus

Abraça o presente.

O presente é a Paz (cf. Dia Mundial da Paz)

Dá-lhe as mãos.

GE 88
Epifania do Senhor Abraça o presente.

O presente é o irmão diferente (cf. Evangelho)

Faz-te irmão de todos.

CV 175

FT 287

 

Esperamos que esta proposta seja acolhida como um presente. E, como os presentes de Deus são interativos (cf. CV 289), para os desfrutar, é preciso pôr-se em campo e arriscar.

 

Como Maria, levemos Jesus dentro de nós, para O comunicar a todos.

Abraça o presente de Natal: é Cristo vivo.

É dando que se recebe!