
Por Rui Saraiva
No Dia Mundial dos Pobres, o Papa alertou os cristãos para o perigo da “surdez interior” que “impede de ouvir o grito de sofrimento, sufocado, dos mais frágeis”. Não é possível ouvir o seu “grito de dor” se “o nosso coração estiver blindado e indiferente”, impedindo, assim, de “chorar com eles e por eles”, disse o Papa.
Celebrando a Eucaristia na Basília de S. Pedro, na sua homilia Francisco sublinhou que “hoje vivemos em sociedades feridas” nas quais assistimos “a cenários de violência, injustiça e perseguição”.
Imersos numa “crise gerada pelas alterações climáticas e pela pandemia”, o Santo Padre referiu que hoje “assistimos, angustiados, à frenética ampliação dos conflitos, à calamidade da guerra, que provoca a morte de tantos inocentes e multiplica o veneno do ódio”.
Para Francisco este é também o tempo dos que “emigram à procura duma esperança” e de “muitas pessoas” que “vivem na precariedade pela falta de emprego ou por condições laborais injustas e indignas”.
“E também hoje as vítimas mais penalizadas de qualquer crise são os pobres”, acrescentou.
Segundo o Papa, os cristãos não devem dar “ouvidos aos profetas da desgraça”, nem se devem deixar “encantar pelas sereias do populismo” que instrumentalizam as necessidades do povo.
Muito menos devem ser seguidos “falsos «messias» que, em nome do lucro, proclamam receitas úteis apenas para aumentar a riqueza de poucos, condenando os pobres à marginalização”, assinalou.
Para o pontífice, a atitude correta deve ser a de dar “testemunho” acendendo “luzes de esperança no meio da escuridão”, explicou.
“Nas situações dramáticas, aproveitemos a ocasião para testemunhar o Evangelho da alegria e construir um mundo mais fraterno; empenhemo-nos corajosamente em prol da justiça, da legalidade e da paz, permanecendo ao lado dos mais frágeis”, declarou Francisco.
Na tarde do Dia Mundial dos Pobres voltou ao Vaticano o almoço do Papa com pessoas em situação de necessidade. Após dois anos de pausa devido às restrições da pandemia, estiveram com o Papa cerca de 1300 pessoas na Sala Paulo VI no domingo 13 de novembro. Eram pessoas sem-abrigo, migrantes e utentes da Cáritas de Roma. A propósito dos Dia Mundial dos Pobres, o Papa promoveu em Roma consultas médicas gratuitas e a entrega de cabazes alimentares.