Juntos pela Europa realiza encontro no centro do Porto

Nesta cidade, quando chega o fim de semana já nos acostumamos a que haja muito mais pessoas, se ouçam na rua muitas línguas, haja o ruido das malas e pessoas de mapa na mão… Pessoas de passagem com motivações muito diversas.

Mas, este fim de semana (11-13 de novembro) talvez não se tenha notado grande diferença, no entanto, houve mais 170 pessoas, de dezoito nacionalidades e 35 comunidades e movimentos cristãos que se deslocaram ao Porto para participar, animar e orientar um encontro dos Amigos de Juntos pela Europa. São Cristãos de toda a Europa Evangélicos, Luteranos, Anglicanos, Metodistas, Ortodoxos, Católicos, … alguns com presença no Porto e de vários movimentos no interior de cada uma das confissões – uma experiência de construção que parte do que une e se interessa por entender o específico de cada comunidade.

Reunimo-nos no coração do Porto – na Rua de Passos Manuel, nas instalações da Associação Católica Portuense, nascida no final do século XIX para proporcionar um lugar de encontro e formação para leigos. E aqui foram retomados os encontros anuais presenciais. Vermo-nos foi uma alegria redobrada!

Iniciámos o encontro com o jantar em que tivemos o gosto de contar com a presença de

D. Manuel Linda que dirigiu umas palavras aos presentes, sublinhando o enorme gosto de “receber” no Porto este grupo e esta proposta de pessoas tão empenhadas na unidade. Recordou a tradição ecuménica portuense e a sua experiência pessoal de colaboração e até de amizade com os responsáveis de outras confissões cristãs presentes na Diocese e até com não Cristãos, destacando o caráter tolerante e aberto desta cidade.

Durante a refeição fomos conversando, conhecendo-nos ou reconhecendo-nos e foi apresentado o programa do encontro bem como um pouco da história dos cerca de 20 anos destas reuniões, informações dadas pela Comissão internacional do JpE.

Ainda à mesa fomos apresentando o País que nos recebia e a cidade que nos acolhia – as características, a antiguidade, os aspetos identificadores, ilustrados com palavras de personalidades portuguesas. Estes aspetos foram pontuados com uma ou outra dança e cantar.

Os dias seguintes iniciaram-se sempre com momentos de oração orientada por diferentes confissões.

A Europa de hoje – desafios e oportunidades e Uma nova missão para a Europa foram temas que nos polarizaram. Para os aprofundar contámos com a ajuda, num painel, do Prof Dr. João Duque, teólogo e pró-reitor da universidade Católica Portuguesa, a Ir Nicole Grochowina, Evangélica, Professora de História Moderna em Nurenberg, Victoria Martin de la Torre, Jornalista em Bruxelas. Deixaram-nos desafios para interiorizar e modificar qualitativamente a nossa ação: abrir o conceito de Europa a realidades que vão além da Comunidade Europeia; a que Europa dizemos sim?; alargar o espaço do coração e da mente para entender que para sermos verdadeiramente humano não podemos considerar-se o centro do mundo, o

desafio de um humanismo humilde que muda o conceito de propriedade para o de responsabilidade; a chamada a regressar à proposta original da Europa, alargando a outros países do continente esse mesmo desejo; ser consciente de que há que rever caminhos e posturas e que começar por reconhecer profundamente o erro e querer emendar, já é mudança; não temer, como cristãos convictos, ser minoria vulnerável; aceitar a missão de ser sal e luz na quantidade suficiente para dar sabor e iluminar; não ter medo de ir à procura do novo que é significativo hoje.

Uma cidade de pontes

Esta rede de movimentos ficou marcada, desde a sua criação, por um compromisso de respeito e aceitação mútuos que viria a culminar num pacto de amor recíproco. A partir desse momento inicial, em todos os encontros se renova, de um modo formal e na simplicidade profunda da verdade de cada um, esse compromisso de aceitação do outro movimento.

É também um desafio pessoal que transcende os movimentos – aceitar e amar o outro.

Não faltou também um espaço amplo para que os jovens apresentassem diversas experiências pessoais e de grupo, entrelaçadas – testemunhos vivos de mudança e reorientação de projeto profissional, através da consciência da chamada de Deus a SER.

Um momento especialmente significativo teve lugar na Igreja de Cedofeita- uma oração ecuménica, presidida pelos bispos/responsáveis de diferentes comunidades cristãs no Porto. O Senhor D. Manuel Linda, deu início a este momento orante sublinhando que, nas circunstâncias atuais da Europa e do mundo, como crentes, não poderíamos deixar de nos reunir pedindo o Dom da Paz. A oração proporcionou um momento de serenidade e interioridade pontuado pela intervenção dos vários ‘presidentes’.

Finalmente foram apresentadas iniciativas para o futuro do JpE.

Nesta cidade de Pontes o encontro proporcionou comunhão, perdão, reconciliação e sublinhou a necessidade de, com esta matéria nobre, proporcionar diálogo construtor de pontes. Um participante francês afirmou no final do encontro: as pontes são construídas por poucos, mas para que muitos possam passar.

Para nós foi um evento que superou largamente as nossas forças foi constatar fortemente que o nosso 1% foi colmatado pelos 99% de Deus – o Realizador que entrou em ação. Nós enchemos as talhas de água e o Senhor transformou-a no melhor vinho.

Grupo do JpE no Porto

 

Juntos pela Europa é uma livre convergência de movimentos e comunidades cristãs. Uma rede de fraternidade e de empenho que tem como objetivo reavivar as raízes profundas do humanismo cristão presentes na Europa.