Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei Universo
20 de Novembro de 2022
Indicação das leituras
Leitura do Segundo Livro de Samuel 2 Sam 5,1-3
«O rei David concluiu com eles uma aliança diante do Senhor, e eles ungiram David como rei de Israel».
Salmo Responsorial Salmo 121 (122)
«Vamos com alegria para a casa do Senhor».
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses Col 1,12-20
«Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura».
Aclamação ao Evangelho Mc 11,9.10
Aleluia.
Bendito O que vem em nome do Senhor!
Bendito o reino do nosso pai David!
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas Lc 23,35-43
«Se és o rei dos Judeus, salva-Te a Ti mesmo».
«Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza».
«Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».
Viver a Palavra
Ao celebrarmos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo com que encerramos o Ano Litúrgico, o nosso olhar volta-se para Jesus, nosso Deus, Rei e Messias. Contudo, para contemplar Jesus como Rei é necessário recordar as Suas palavras: «os reis das nações exercem domínio sobre elas, e os que têm sobre elas autoridade são chamados benfeitores. Vós não deveis proceder desse modo. O maior entre vós seja como o menor, e aquele que manda seja como quem serve» (Lc 22,25-26).
Jesus apresenta um novo modo de reinar que não se define pela lógica de domínio, autoritarismo, violência ou despotismo, mas pela capacidade de amar, de ser manso e humilde, numa atitude de serviço que inaugura um Reino Novo de amor, justiça e misericórdia. Por isso, nesta solenidade somos convidados a contemplar Jesus crucificado, contado entre os malfeitores, insultado e desprezado por aqueles que dele se aproximam.
A novidade do Reino manifesta-se pelo modo como se apresenta este Rei que não está sentado num trono dourado, não possui faustosas vestes, nem uma coroa de ouro e pedras preciosas. Pelo contrário, foi despojado das suas vestes, o seu trono é o madeiro da Cruz e a sua coroa foi tecida com espinhos.
Aquele que S. Paulo nos descreve na Carta aos Colossenses como «a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura», Aquele através do qual «foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis», foi condenado à morte e está pregado numa cruz como um malfeitor. Mas, precisamente aqui, reina de um modo absolutamente novo, porque assume a natureza humana até às suas últimas consequências, atravessando o limiar do sofrimento e da morte porque «aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus».
A Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universos foi instituída pelo Papa Pio XI em 1925. Depois da primeira grande guerra, em tempos marcados pela violência e pela falta de esperança. O papa Pio XI quer recordar aos cristãos que as desventuras e desgraças deste mundo são passageiras e não podem reinar sobre nós. Só Jesus, Rei do Universo, pode reinar sobre nós, pois Ele testemunha com a sua própria vida que o sofrimento e a morte não têm a última palavra. Só o amor pode reinar para que um mundo novo possa despontar e o Reino de Deus se possa estabelecer entre nós.
O Filho de Deus, Messias e Senhor, reina pela capacidade de se entregar, de se dar todo e até ao fim, para que cada homem e cada mulher possam encontrar Nele a fonte da Sua esperança. Na verdade, aqueles que olham o crucificado acusam-no de não se salvar a si mesmo. Mas Jesus não veio para se salvar a si mesmo, veio para cumprir a vontade do Pai, salvando e redimindo a humanidade inteira.
Por isso, contemplando Jesus Crucificado, nosso Rei e Senhor, somos convidados a contemplar Jesus como aquele malfeitor que não interroga a Cruz, mas se deixa interrogar por ela e clama: «Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza». Este condenado como afirma S. João Crisóstomo em Jesus Crucificado encontra a porta da salvação: «este ladrão roubou o paraíso. Ninguém antes dele ouviu uma promessa semelhante: nem Abraão, nem Isaac, nem Jacob, nem Moisés, nem os profetas, nem os apóstolos. O ladrão entrou à frente deles todos. Mas também a sua fé ultrapassou a deles. Ele viu Jesus atormentado, e adorou-o como se estivesse na glória. Viu-o pregado a uma cruz, e suplicou-lhe como se o tivesse visto no trono. Viu-o condenado, e pediu-lhe uma graça como se faz a um rei. Ó admirável malfeitor! Viste um homem crucificado, e proclamaste-o Deus!».
Homiliário patrístico
Do Opúsculo de Orígenes, presbítero, sobre a oração (Séc. III)
Venha a nós o vosso reino
Segundo as palavras de Nosso Senhor e Salvador, o reino de Deus não vem ostensivamente, e ninguém dirá: ‘Ei-lo aqui ou acolá’, porque o reino de Deus está dentro de nós, e a sua palavra está junto de nós, na nossa boca e no nosso coração; por isso, sem dúvida alguma, quando alguém implora a vinda do reino de Deus, o que pede realmente é que o reino de Deus, que está dentro de si, se desenvolva, frutifique e chegue à sua plenitude.
Efectivamente, Deus reina em todos os seus santos, em todos aqueles que observam as suas leis espirituais; e assim Deus habita neles como numa cidade bem governada. Na alma perfeita está presente o Pai e, juntamente com o Pai, reina Cristo, segundo aquela palavra: Viremos a ele e nele estabeleceremos a nossa morada. O reino de Deus, que está em nós, chegará à sua plenitude, através do nosso aperfeiçoamento contínuo, quando se verificar o que afirma o Apóstolo, isto é, quando Cristo, depois de ter submetido todos os seus inimigos, entregar o reino a Deus seu Pai, para que Deus seja tudo em todos.
Por isso, se queremos que Deus reine em nós, de nenhum modo reine o pecado em nosso corpo mortal; mortifiquemos os nossos membros terrenos e dêmos frutos pelo Espírito, para que Deus habite em nós como num paraíso espiritual e só Ele reine em nós com Cristo; tenha Cristo em nós o seu trono, onde Se sente à direita daquele poder espiritual que também nós esperamos receber, e connosco permaneça, até que todos os seus inimigos que há em nós se prostrem como escabelo de seus pés e desapareça de nós todo o principado, potestade e virtude (que não sejam os seus).
Indicações litúrgico-pastorais
- A Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, sendo o último Domingo do Ano Litúrgico, é uma oportunidade para dar graças a Deus pelo dom deste ano litúrgico que termina e invocar a bênção de Deus para o ano que se vai iniciar. Proclamando a realeza de Jesus Cristo como Senhor do tempo e da história, este Domingo deve ter a marca do louvor e acção de graças que pode traduzir-se no canto solene do Te Deum, hino litúrgico de louvor e de júbilo, agradecendo o dom da vida comunitária e de tantos baptizados que corresponsáveis na missão colaboram e edificam a comunidade. No Cantoral Nacional podem encontrar quatro propostas musicadas do Te Deum.
- Para os leitores: a primeira leitura é breve e de fácil proclamação, pede-se apenas o cuidado na pronunciação da palavra «Hebron». A segunda leitura exige uma acurada preparação porque é um texto com frases longas e diversas orações, mas também porque é um texto de grande densidade teológica. Este texto requer uma leitura calma e cuidada nas pausas e respirações e com atenção para algumas expressões como «visíveis e invisíveis» e «Principados e Potestades». Uma leitura apressada impede a correcta compreensão das palavras.
Sugestões de cânticos
Entrada: O Cordeiro que foi imolado – F. Santos (CN 677); Salmo Responsorial: Vamos com alegria para a casa do Senhor (Sl 121) – M. Luís (CN 541); Aclamação ao Evangelho: Aleluia IV | Jesus Cristo é o Primogénito dos mortos… – C. Silva (CN 47); Ofertório: Glória a Jesus Cristo – Az. Oliveira (CN 505); Comunhão: O Senhor está sentado – E. Amorim (CN 727); Final: Cristo vence, Cristo reina – A. Kunc (CN 326).