Conferência Episcopal manifesta «grande consternação» pela morte de D. Daniel Henriques

Bispos recordam auxiliar de Lisboa como homem de Igreja, «próximo de todos»

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou na sexta-feira dia 4 de novembro “grande consternação” pela morte de D. Daniel Henriques, bispo auxiliar de Lisboa, aos 56 anos de idade, evocando um homem de Igreja, “próximo de todos”.

“Ao seu curto ministério episcopal de apenas quatro anos corresponde uma densa entrega ao serviço da Igreja em Portugal, no seio da Conferência Episcopal, particularmente como membro das comissões episcopais da Educação Cristã e Doutrina da Fé e da Pastoral Social e Mobilidade Humana”, refere nota enviada à Agência Ecclesia.

“Dedicou particular atenção a setores pastorais ligados às migrações e ao apostolado do mar. Mas foi sobretudo no Patriarcado de Lisboa que se mostrou sempre próximo de todos os fiéis, pastores e comunidades cristãs, numa contínua peregrinação que o conduziu agora à oblação plena na comunhão com Deus”, acrescenta a CEP.

D. Daniel Henriques, que se encontrava internado numa unidade de Cuidados Paliativos, faleceu vítima de doença, informou o Patriarcado de Lisboa.

Natural de Ribamar, Paróquia de Santo Isidoro e Concelho de Mafra, Daniel Batalha Henriques nasceu em 1966, foi ordenado diácono em 1989 e padre no dia 1 de julho de 1990, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa

A colaboração na Equipa Sacerdotal do Seminário Patriarcal de São Paulo, em Almada, foi um dos primeiros trabalhos pedidos ao padre Daniel Batalha, que integrou também o Conselho Presbiteral desde a década de 90, primeiro em representação dos padres novos, depois do setor dos seminários e vocações e atualmente do Cabido da Sé de Lisboa.

Em 1997 inicia funções como pároco na região de Loures, em 2005 foi nomeado para a paróquia de Algés e depois, em 2010, para a de Cruz Quebrada, até iniciar o trabalho em Torres Vedras, em 2016.

No Patriarcado de Lisboa, o padre Daniel Henriques foi também diretor espiritual do Seminário de Cristo Rei dos Olivais, responsável pelo Serviço de Animação Missionária e membro do Cabido da Sé Metropolitana Patriarcal de Lisboa.

Nomeado bispo auxiliar de Lisboa, com o título simbólico de ‘Acquae Tibilitane’ (antiga diocese no território da atual Argélia), a ordenação episcopal decorreu no dia 25 de novembro de 2018, no Mosteiro dos Jerónimos.

Cardeal-Patriarca evocou testemunho de “grande cristão”

“Foi um grande cristão, que tivemos a graça de conhecer tão de perto”, disse D. Manuel Clemente, na homilia da Missa Exequial, a que presidiu na Sé de Lisboa no sábado 5 de novembro.

“Sentimo-lo presente e com ele continuaremos a contar no futuro, porque a caridade – e a caridade pastoral, no seu caso – nunca acabará”, acrescentou.

D. Manuel Clemente iniciou a sua homilia com uma reflexão sobre a “expressiva” imagem do “Bom Pastor”, que se aplica a Jesus Cristo, que “conhece as suas ovelhas, todas e cada uma” e “cuida especialmente das mais frágeis, indo buscar a que se perde, chegando ao ponto absoluto de, por elas, dar a própria vida”.

O patriarca de Lisboa recordou que o episcopado de D. Daniel Henriques “foi muito marcado pela doença que surgiu”, um cancro “particularmente agressivo” que viveu “numa atitude inteiramente pascal”.

O cardeal partilhou, visivelmente emocionado, alguns textos escritos pelo falecido bispo sobre o seu percurso de vida, ao serviço da Igreja, desde a formação no seminário à nomeação episcopal, pelo Papa Francisco.

“Muitos me falam em pedir um milagre, o milagre da minha cura, mas para mim, Senhor, este milagre já se realizou. Melhor, é um milagre em progresso, que se renova com o passar dos dias e dos meses”, escrevia D. Daniel Henriques, num retiro de Quaresma deste ano.

Segundo D. Manuel Clemente, o bispo auxiliar de Lisboa viveu a doença como ocasião para exercer “a proximidade com quem mais sofre, o testemunho e a confiança na adversidade”, bem como a “certeza pascal da vitória da vida sobre a morte”.

O cardeal-patriarca de Lisboa convidou todos a aprender com o falecido bispo a viver “em ação de graças”.

“Quem vive e fala assim, já conhece tudo o que Deus nos oferece em Cristo, seja a nossa vida o que for e como for. Por isso mesmo, a fecundidade do ministério do nosso querido Daniel foi tão grande, e assim continua a ser, irradiando a Páscoa de Cristo”, declarou.

No final da Missa, a família de D. Daniel Henriques leu uma mensagem, agradecendo a possibilidade de viver, em Igreja, “este momento onde a dor e a consolação da fé se entrelaçam”.

(inf: Agência Ecclesia)