Ninguém poderá ser excluído

Por Joaquim Armindo

Publicado, que foi, o relatório síntese sobre o Sínodo dos Bispos, 2013-2014, das conferências episcopais de todo o mundo, ele não deixa para trás algumas das reformas que a Igreja Católico Romana tem de percorrer, veja-se este parágrafo: “Entre aqueles que pedem um diálogo mais incisivo e um espaço mais acolhedor estão, por exemplo, os ex-padres que deixaram o ministério para se casar, mas especialmente aqueles que “por várias razões sentem uma tensão entre pertencer à Igreja e suas próprias relações afetivas”. Portanto, divorciados casados novamente, pais solteiros, pessoas que vivem em um casamento polígamo, pessoas LGBTQ. “As pessoas pedem que a Igreja seja um refúgio para os feridos e subjugados, não uma instituição para os perfeitos”, lê-se numa contribuição dos EUA. Enquanto do Lesoto vem o chamado ao discernimento por parte da Igreja universal: “Há um novo fenômeno na Igreja que é uma novidade absoluta no Lesoto: as relações entre pessoas do mesmo sexo. Esta novidade é perturbadora para os católicos e para aqueles que as consideram um pecado. Surpreendentemente, há católicos no Lesoto que começaram a praticar este comportamento e esperam que a Igreja os acolha a eles e sua maneira de se comportar. Este é um desafio problemático para a Igreja porque estas pessoas se sentem excluídas”.

Para que ninguém coloque em dúvida o pensamento do povo que deu voz às suas interrogações, cita que “As sínteses dão voz ao sonho de uma Igreja capaz de se deixar interpelar pelos desafios do mundo de hoje e de lhes responder com transformações concretas: “O mundo precisa de uma “Igreja em saída”, que rejeite a divisão entre crentes e não crentes, que olhe para a humanidade e lhe ofereça mais do que uma doutrina ou uma estratégia, uma experiência de salvação, um “golpe de dom” que atenda ao grito da humanidade e da natureza” (CE Portugal).”

Este documento, que estará novamente em reflexão, ao nível continental, traduz uma preocupação de uma Igreja unida na diversidade de opiniões, o que significa o Espírito Santo atuando pelas diversas vozes que o enformam. Apresenta algumas das questões que tantas vezes dizemos “fraturantes”, mas que são a voz profética para a humanidade em que vivemos. Estamos perante um sonho de nos podermos unir ecumenicamente com todas as confissões cristãs, de nos podermos unir e caminhar com tantos que foram desprezados pela Igreja, esta é a hora de caminharmos juntos para que o “mundo creia”.