JMJ 2023: Via Sacra com os símbolos num dia intenso no Porto

O sábado 8 de outubro ficou marcado pela celebração da noite nas ruas do centro de cidade do Porto, mas também pela visita a bairros da invicta, aos bombeiros e ao renovado Mercado do Bolhão.

Meditação e testemunho foram as linhas de força da atividade da noite de sábado, 8 de outubro, nas ruas da cidade do Porto.

A Via Sacra guiada pelos jovens das paróquias da invicta foi vivida com grande intensidade por mais de meio milhar de fiéis que seguiram os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) saboreando a sua inspiração espiritual.

A celebração foi presidida por D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto, que na sua alocução, revivendo os passos de Jesus na Via Dolorosa, afirmou que “Cristo deu todas as gotas do seu sangue”. “Caiu, mas levantou se e vai até ao fim”, acrescentou.

“Queremos aprender com Jesus Cristo”, frisou D. Pio Alves assinalando a necessidade de ser dado “um rumo a esta nova sociedade”.

“O medo não pode ter lugar nas nossas vidas”, declarou o bispo auxiliar do Porto, invocando a “companhia de Maria, mãe de Jesus. “Com ela contamos sempre”, afirmou.

Acolhimento a pessoas sem abrigo

A Via Sacra foi antecedida por uma celebração especial com pessoas sem abrigo. Na Igreja da Santíssima Trindade, de onde partiu depois a Via Sacra, foi preparado em ambiente acolhedor, uma pequena, mas tocante celebração, com pessoas desfavorecidas e que vivem na rua, a maioria delas.

Presidiu à celebração D. Armando Domingues, bispo auxiliar do Porto, que começou por dizer que os símbolos, ali presentes, lembram Jesus Cristo.

“São símbolos do amor de Jesus que revelam que ele está vivo onde as pessoas se amam”, afirmou.

Assinalou a importância da “igreja do Porto estar perto de quem sofre”. E por isso, no final da celebração foi distribuída no exterior da Igreja da Trindade uma refeição às pessoas sem abrigo.

Cruz e ícone no mercado do Bolhão

A primeira passagem da manhã de sábado dia 8 de outubro foi pelo renovado mercado do Bolhão. Os símbolos encontraram-se com os vendedores e com os turistas mais madrugadores.

A cruz peregrina e o ícone mariano estavam colocados na escadaria central e foram observados por todas as pessoas, enquanto soavam músicas para animar a manhã do mercado.

“O Bolhão é um símbolo histórico e uma passagem histórica. Faz falta não termos só turismo e termos aquilo que é nosso. Tivemos aqui cinco minutos para parar, escutar, sentir e mudar o nosso dia”, confessou Susana Fernandes, vendedora no mercado.

Nos bairros do Porto com os símbolos

“Vir ao Bairro do Falcão é um sinal de esperança para os habitantes do bairro. Os jovens estão cá, não desistiram e vão ajudar quem precisa”, disse Paula Gouveia à Voz Portucalense.

A cruz e o ícone estiveram em dois bairros da cidade do Porto na manhã e tarde de sábado. O primeiro a receber os símbolos foi o Bairro do Falcão, em Campanhã.

O fogo de artifício deu um brilho extra à chegada da peregrinação, que se concentrou no campo de futebol do bairro.

A manhã foi-se desenrolando com muita animação e compromisso, numa festa bem organizada que intercalou momentos musicais com testemunhos sobre a JMJ.

“O objetivo era motivar os jovens a viver a JMJ, quer como participantes ou como acolhedores, com muita alegria e muita fé”, disse Rute Couto, que já esteve em quatro jornadas.

Os testemunhos cativaram a atenção de todos os presentes. O campo estava repleto de jovens e muitas pessoas assistiam das janelas ao convívio.

Depois de tanto viajar para diferentes jornadas, Rute mostra que sempre achou improvável Portugal receber este evento.

“Sempre achei que esse dia não chegava, há tantos países. Mas é uma alegria, estou muito orgulhosa e muito feliz”, confessou.

De tarde foi a vez de ser o bairro do Amial a receber os símbolos. Num ambiente mais intimista, os jovens da paróquia protagonizaram uma oração franciscana.

A celebração foi muito enternecedora e cativante para os habitantes do bairro, que levados pela curiosidade iam assistindo.

“Na igreja já nos conhecemos todos, aqui não e podemos dar testemunho”, detalha António Araújo, um dos jovens presentes.

Um dos momentos mais marcantes deu-se no final da oração, com as pessoas a ajoelharem-se individualmente diante dos símbolos para os adorar.

“Não era suposto ter acontecido, não estava planeado. Foi uma graça enorme”, explica António, numa adoração que levou as lágrimas aos olhos da maioria dos presentes.

Bombeiros como exemplo de serviço

“Agradecemos [aos bombeiros] a disponibilidade e o serviço à vida e às pessoas”, disse D. Pio Alves no exato momento em que soou o alarme e as dezenas de bombeiros presentes na cerimónia saíram a correr para salvar vidas.

O Batalhão de Sapadores do Porto recebeu os símbolos com total disponibilidade e num espaço amplo onde conviveram a cruz e o ícone e os carros dos bombeiros.

A cerimónia contou com a presença do bispo auxiliar do Porto, que elogiou os bombeiros pelo seu “serviço desinteressado”.

“Fazeis o vosso trabalho sem olhar para a cor de pele, credo ou pensamentos. Apenas com base na dignidade humana.”

O rigor dos bombeiros foi notório até no momento de levar a cruz e o ícone para a Avenida dos Aliados. Os profissionais prenderam o ícone e a cruz num camião dos bombeiros, onde encaixavam perfeitamente.

Os símbolos foram em procissão até à Avenida dos Aliados, onde foram recebidos em apoteose numa festa de juventude.

Festa junto à Câmara Municipal do Porto

A Praça General Humberto Delgado foi espaço para a alegria de jovens e menos jovens das paróquias da cidade do Porto.

Foram muitos os que se fizeram presentes num especial tempo de animação e convívio.

Com testemunhos e intervenções várias a larga moldura humana que esteve na Praça foi animada pelas músicas da Banda Filarmónica da Foz, dos Cavaquinhos do Marquês e da Banda Follow Him.

RS/MC