Mensagem (181): O aqueduto

É bem conhecida a devoção mariana de São Bernardo de Claraval: à figura da Mãe de Deus dedicou não só essa abadia, mas também todas aquelas que seguiram a regra de Cluny. Pelo relevo que lhe concedeu na sua obra teológica, pelos hinos que compôs e pela espiritualidade, a história viria a denomina-lo “Capelão da Virgem”.

Porém, nunca confundiu o sol com a lua. Sabia bem que o autor da luz e da salvação é somente Jesus Cristo. Maria de Nazaré, por conseguinte, não é «luz», mas recebe-a do único Salvador. Recebe-a, para a dar, tal como a lua que nos brinda com uma especial tonalidade nas noites sem nuvens.

Uma lua que não refletisse a luz seria um planeta anónimo no meio dos milhões de corpos celestes desconhecidos. Mas também se se fechasse ao sol, nada teria para oferecer. Seria a própria inutilidade. Por isto, a Virgem de Nazaré é imagem da Igreja: como ela, o cristão acolhe para difundir.

Antes das aparições de Fátima, outubro era o mês mariano por excelência. Ainda hoje o é porque nele se celebra a festa da Senhora do Rosário e acontecimentos históricos relacionados com ele. O que deu origem aos célebres altares desta invocação em quase todas as nossas igrejas antigas.

Ora, é neste mês que os símbolos da JMJ2023 vão percorrer a Diocese cuja sede está na “Cidade da Virgem”. E estes símbolos são a cruz e o ícone de Nossa Senhora. Como que para nos dizer que num está a luz que desfaz as trevas e os medos; no outro, a receção afetiva dessa beleza e a obrigação de a difundir junto dos outros. Porque a identidade cristã passa por aí: especial relação com o Autor da luz e «iluminação» do mundo.

Nesta linha, se Maria de Nazaré é “imagem da Igreja”, a totalidade da Igreja tem de ser «mariana»: acolhedora e difusora. Todos! Mas, neste caso, especialmente os jovens, em função de quem se realizam as Jornadas. Compete-lhes a eles aparecerem em todos os lugares por onde passarem os símbolos e, lançando mão dos seus contactos e instrumentos privilegiados, congregarem os outros, particularmente aqueles que possam encontrar-se em estádio de fé mais difícil ou questionadora.

O referido São Bernardo gostava de chamar a Maria “o aqueduto”. Belo! Sejam também os jovens aquedutos que transportam a corrente da fé e da alegria aos outros jovens. A corrente da luz!

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