Quando falamos na Economia de Francisco

Por Joaquim Armindo

Os mais de mil jovens presentes no encontro de Assis, realizado na semana passada, são uma vontade inequívoca do fortalecimento de um paradigma da “Economia de Clara e Francisco”, os “patronos” desta aventura, que é a mudança de uma economia baseada nas “bolsas” e no neocapitalismo”, para uma outra que seja de um Bem Viver. Tudo começa quando o bispo de Roma e papa Francisco, dá á luz a encíclica “Louvado Sejas”, onde desassombradamente se coloca numa posição de ataque à “economia que mata” e propondo uma outra forma de vida, aquela que Clara e Francisco viveram e foram pioneiros, há tantos anos, das experiências bem vividas que todos e todas conhecemos. Não temos dúvidas que as estruturas das sociedades, e, também, diga-se, da Igreja, têm sido o sustentáculo das economias do confronto com a dignidade humana, colocando-se na forma de vida que todos e todas conhecemos como sendo o confronto, a guerra, e o lucro ambicioso e contrastante com as vidas daquela serva e daquele servo de Deus, e da prática de Jesus Cristo o fomentador de uma economia baseada na partilha dos “pães e dos peixes”.

A “Louvado Sejas” não se esgota, porém, numa outra economia, mas em subversão dos próprios constituintes da sociedade, por isso fala nas transformações radicais sobre como estamos no ambiente, na cultura e no social. Porque não existe qualquer transformação económica sem uma ecologia integral, numa ecologia que transporte os homens e as mulheres para a vivência da espiritualidade ecológica. São esses quatro pilares que sustentam a encíclica que não são possíveis sem o desenvolvimento de todos eles e de forma harmoniosa, como. aliás, é reconhecido por instâncias internacionais quando falam em “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável” e na tão badalada “Sustentabilidade”, encostada tantas vezes a uma superação de défices financeiros, como se fosse possível uma mudança do paradigma económico sem uma conversão integral da pessoa humana.

Este encontro parece ter em consideração todos os constituintes da “Louvado Sejas”, existindo um pormenor que parecendo inocente não o é! Colocar a centralidade no feminino, até dizendo que “Economia” é do género feminino, para o avanço de uma outra forma de ser e estar em sociedade, e na Igreja, é só por si uma atitude de conversão de uma cultura que coloca a mulher em desigualdade com o homem. São proposituras como esta que colocam a esperança de termos uma economia ao serviço da vivência em sociedade, que não gostaria de deixar de sublinhar.